Cap. XXXIX - Pequenos sacrifícios

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Cedric Diggory experimentava a ansiedade pelo nascimento do seu filho crescer cada vez mais. Para o jovem, qualquer movimento inusitado de Siena Dumbledore denunciava a hora do parto. O ritmo que os pensamentos de Cedric assumiam eram exaustivos e frustrantes. 

Se por um lado Cedric estava ansioso com o nascimento do bebê... Siena se mantinha tranquila. Era de se espantar, pois Siena sempre sentira a necessidade de planejar tudo. A perfeição da organização lhe trazia paz. Pois, somente assim, Siena conseguia ter controle da situação. 

Porém, durante a gravidez precoce, Siena percebeu que não podia ter controle sobre tudo. E que estava tudo bem em deixar algumas coisas para o destino. 

Era de madrugada e Cedric observava a respiração regular de Siena sob as cobertas amarelas. A luz branca da lua pintava as paredes do quarto de Cedric com um brilho opaco. Cedric suspirou e passou a mão pelos cabelos bagunçados.

Talvez ele só conseguisse descansar quando sentisse o bebê nos seus braços. Por Merlim, como Cedric desejava abraçar seu pequeno e protegê-lo de tudo. 

Em um movimento brusco, Siena se sentou na cama com o coração martelando. Mais um pesadelo com a sua mãe. E mais uma mentira, pois Siena jamais admitiria para Cedric que estava com medo do exército de Voldemort.

Um silêncio desconfortável se instalou entre os jovens. Cedric afagou os cabelos macios de Siena e lhe deu um sorriso tímido. Talvez a madrugada fosse feita para conversas bobas, sonhos acordados e pesadelos assustadores. Mas, ainda há beleza no caos. 

Siena molhou os lábios e tocou a testa molhada de suor. Seus sonhos estavam cada vez mais intensos. E isso não era um bom sinal, segundo Daliah. A irmã menor de Cedric assegurou Siena de que alguns sonhos serviam como premonições. 

Cedric pensou em perguntar à Siena o que havia acontecido. Mas, o jovem sabia que Siena iria aproveitar para reclamar sobre o quanto Cedric se preocupava ultimamente. Então, Cedric beijou a bochecha de Siena e tocou seu ombro com delicadeza. 

-Eu sei o que você vai dizer. 

Siena murmurou baixinho para o quarto escuro. Cedric piscou e seus olhos brilharam. Um sorriso de relance surgiu em seus lábios carnudos. 

-Me contemple com a sua adivinhação. 

Cedric respondeu no mesmo tom de sarcasmo. Siena sempre gostou da maneira como Cedric se dissolvia na sua própria sintonia. 

-Você vai dizer que eu preciso descansar. E eu vou dizer que você está certo. Mas, hoje eu preciso de algo a mais. 

Siena rebateu com rapidez. Cedric mordeu os lábios e desenhou pequenos círculos na palma da mão de Siena. 

-O que você quer dizer? 

Cedric perguntou, finalmente. Siena sorriu e se sentou na cama novamente. Com as costas arqueadas, a jovem acariciou a barriga gigante e prendeu o cabelo em um rabo de cavalo frouxo. 

-Eu quero sorvete. 

Siena concluiu em um tom de pedido. Cedric fungou uma risada e revirou os olhos com diversão. Siena sempre parecia traçar um plano para lhe pedir alguma coisa. 

-Eu vou buscar. 

-Eu quero comer na cozinha. 

Cedric respirou fundo e encarou a barriga de sete meses estufada de Siena. O jovem compreendia a tristeza de Siena, pois desde o último diagnóstico do médico... Siena não se levantava da cama sozinha. 

-Sem chance. 

Cedric respondeu com um tom sério. Siena respirou fundo e fez um bico de decepção. A jovem sentiu a tristeza tomar conta de si e inevitavelmente as lágrimas escorreram pelas suas bochechas rosadas. Siena fungou baixinho e deixou um suspiro romper sua garganta para o espanto de Cedric. 

Imediatamente, Cedric abraçou Siena e disparou diversas perguntas. "Você está bem?" "O que está doendo?" "Vamos ao médico?" . Siena se sentiu idiota por chorar por conta de um sorvete na cozinha... Mas, parecia que seu mundo culminava na espera pelo bebê. E na espera pela sua mãe. 

Era muita coisa. Siena tentou se concentrar nas palavras suaves de Cedric, por mais que uma sensação insuportável tomasse contra de si. Ela nunca soube como se sentir vulnerável para os outros. 

-Tudo bem, eu levo você. Vamos, amor. Pare de chorar. 

Cedric sussurrou ao virar a cabeça e beijar a testa de Siena com os lábios trêmulos. As palavras de Cedric deixaram Siena em silêncio. Cedric engoliu em seco e apoiou o corpo de Siena nos seus braços. Seu pomo de adão subiu e desceu com dificuldade, pois Cedric sentia que qualquer movimento em falso podia ser capaz de derrubar Siena no chão. 

Cedric apertou o corpo de Siena contra o seu e avançou com passos lentos até o corredor mal iluminado. Claro que Siena podia descer até a cozinha, mas Cedric preferia seguir a risca a orientação do médico. 

Siena balançou a varinha para produzir um feixe de luz. Tomado pela emoção do momento, Cedric desceu com Siena no colo até a cozinha da residência dos Diggory. O ambiente estava silencioso e frio, o suficiente para Siena sorrir pela troca de ar. 

Cedric colocou Siena sentada no balcão da cozinha e foi até a geladeira para pegar o pote de sorvete. Siena sentiu seu corpo relaxar. A ponta do seu pé tocou o chão frio e ela inspirou com calma. Era como respirar depois de um longo mergulho no sol. 

-Morango ou chocolate? 

Cedric perguntou em uma tentativa de quebrar o clima triste. Siena deu de ombros e mergulhou uma colher em cada pote. A resposta era simples: os dois. Cedric se sentou ao lado de Siena e deitou a cabeça na barriga da jovem para ouvir o bebê se mexer. 

Esse era com certeza o seu som favorito. Siena aproveitou o momento para beijar a bochecha de Cedric e deixar uma marca vermelha na pele pálida do garoto. O olhar de Cedric encontrou o de Siena e ele deixou a tensão dissipar. 

Cedric pensou na alegria de Siena por estar ali e compreendeu um pouco mais sobre a realidade dos dois. Ambos estavam exaustos da espera, mas mesmo assim, na luz fraca da geladeira e entre colheres de sorvete, Siena e Cedric perceberam o quanto se amavam. 

Nota da autora 1) Oie! Acho que esse baby vai nascer logo kkk estou tão ansiosa para ver o Ced e a Siena cuidando dele!!! <3

Febre Dourada - Cedric DiggoryOnde as histórias ganham vida. Descobre agora