Cap. XLV - Azkaban

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Sugestão de música: Running up that hill - Kate Bush. Um grande thank you para Stranger Things por me apresentar esse hino <3

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Siena Dumbledore não precisou de muito tempo para elaborar um plano. A jovem avançou em direção à janela do seu quarto, no segundo andar da residência Diggory e agarrou o suporte de plantas de Claire preso na parede de fora da casa. Siena inspirou fundo e procurou por um bom motivo para escalar a parede até o quintal. 

Ravi ser sequestrado pela sua própria avó parecia o motivo mais plausível para a sua onda de coragem. 

Siena nunca fora boa em esportes, pois sempre se cansara da sensação de não atingir a perfeição. Mas, a sua coordenação motora não podia estar melhor como naquele momento. Talvez fora o surto de adrenalina disparado no seu corpo ou o medo latente de Ravi estar em perigo. 

Siena se agarrou ao suporte de plantas com firmeza, por mais que suas pernas ainda estivessem trêmulas pela carta encontrada. Mamãe. A menção ao nome de sua mãe era o suficiente para provocar um burburinho no estômago de Siena. 

Após escalar alguns metros, Siena percebeu que estava perto do chão. Uma onda de alívio a percorreu. Claro que Siena gostaria de contar para Cedric Diggory sobre a carta, mas a exigência havia sido óbvia. Venha sozinha. 

Cedric não entenderia e Siena não perderia tempo se explicando. Com um último salto, Siena chegou ao solo úmido do terreno da residência Diggory. Ao pisar na grama molhada, Siena lançou um olhar aflito para a janela da cozinha. Do lado de dentro, uma figura a encarou em pânico. 

Daliah Diggory franziu a testa em dúvida. A irmã mais nova de Cedric ameaçou chamar pelo nome de Siena, se não fosse por um gesto de Siena. Siena levou o dedo aos lábios e pediu que Daliah não dissesse nada. 

As duas se encararam por um longo segundo em silêncio. Uma lágrima escorreu pela bochecha rosada de Daliah. Ela compreendia, em algum grau inexplicável, que Siena precisava sair dali sozinha. E por isso, a irmã menor de Cedric não se mexeu. 

Daliah assentiu com a cabeça lentamente, como se a sua permissão fosse o sinal para que Siena corresse pelo quintal a fora. Antes de partir, Siena deu uma última olhada para a casa amarela de Cedric Diggory e professou um pedido de perdão pela sua decisão. 

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Não fora difícil para Siena encontrar o caminho até à estrada de trem pelo quintal da residência. Mas fora difícil para Siena se manter concentrada. Cada barulho ao seu redor parecia mais assustador e aterrorizante. Siena embarcou no trem que havia acabado de chegar na estação. 

Sob olhares curiosos, a jovem ficou de pé durante o percurso até o centro de Londres. A escuridão do final do dia começava a pintar o céu com tons de roxo e azul. Siena procurou pela carta no bolso da calça jeans, mas a mesma já havia evaporado. 

Maldita mágica, Siena praguejou novamente. Sua única lembrança era o final do endereço escrito no rodapé da carta. Uma parte incomum e assustadora de Londres: onde casas e apartamentos vivenciaram o horror da última guerra bruxa. Manchas de explosões contornavam essa área residencial, assim como a ausência de moradores. 

Quase não se via ninguém na rua. Siena sentiu um arrepio conhecido percorrer seu corpo à medida que se aproximava da casa com o número descrito na carta. Sua parede era repleta de texturas em tons de preto e o jardim continuava vazio. Tudo era sombrio e morto. Um contraste dramático à residência Diggory. 

Siena tentou destrancar o portão, mas o cadeado brilhou. Magia. Com um suspiro de derrota, Siena se apoiou na mureta do muro e escalou a grade fria para pular o portão. Ao cair no chão, Siena reconheceu a magia impregnada na grama. Imediatamente, uma raiz agarrou sua perna. 

Febre Dourada - Cedric DiggoryOnde as histórias ganham vida. Descobre agora