Cap. XLVIII - Sob à luz fraca

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Siena Dumbledore e Cedric Diggory se aproximaram das ruas estreitas da Londres Bruxa sob uma leve garoa. Cedric protegeu a cabeça de Siena com as suas mãos, sob risos e respirações ofegantes, até que os dois pudessem estar sob a cobertura do prédio. 

A construção, com nuances em marrom e dourado, estendia longas janelas com vitrais e portas de vidro sob as paredes recém pintadas. Siena já estivera no prédio algumas vezes, mas nenhuma visita lhe fizera se sentir tão ansiosa como aquela. 

Talvez pela proximidade da mudança e do seu casamento. E talvez por aflorar a sensação de que os capítulos da sua vida haviam mudado de forma muito rápida. 

-Está com dúvidas?

Cedric perguntou em um tom brincalhão. Mas, com um fundo de verdade. O lufano sabia que Siena era muito boa em esconder seus sentimentos, e tinha medo que o casamento e a mudança de casa estivessem lhe deixando mais estressada do que ela aparentava. 

-Você sabe que não. 

Siena respondeu com sussurro. Os dois se entreolharam antes de cruzar a porta do prédio. O imóvel havia sido construído há alguns anos, mas ainda exibia os sinais da construção detalhada: carpete nos corredores, maçanetas douradas e um elevador para os andares superiores. 

Siena e Cedric escolheram um dos apartamentos do primeiro andar para evitar o fluxo da escada e pela vista que as janelas possuíam. As janelas da sala e dos quartos estavam direcionadas à uma estufa de flores. Sendo assim, Siena e Cedric podiam desfrutar da bela paisagem repleta de rosas, margaridas e arbustos.

-Essa provavelmente é a sua última caixa de livros. 

Cedric murmurou ao abrir a porta com uma mão e segurá-la para Siena. O jovem lufano colocou a caixa de papelão sob a mesa improvisada da cozinha. Siena tinha a sensação de que tudo ali parecia um pouco improvisado demais. 

As poltronas foram presente dos pais de Cedric, assim como as estantes para os livros. Tudo parecia ter sido encaixado para caber ali e ocupar um espaço considerável. 

Siena ficou em silêncio. Um silêncio longo demais para Cedric, que arriscou uma provocação: 

-Você não está feliz?

Siena já havia visto o lado inseguro de Cedric algumas vezes, mas odiava saber que podia ser a razão desse lado estar aflorado. 

-Eu não disse isso. 

Siena rebateu em um sussurro. Os dois ficaram em um silêncio constrangedor. Cedric respirou fundo e começou a empilhar alguns livros nas prateleiras para desocupar o caminho. Siena abriu as cortinas brancas para a vista da estufa e a contemplou por alguns segundos. 

Cedric pensou se deveria quebrar o gelo com algum comentário amistoso, mas preferiu o silêncio. Os dois permaneceram no limbo silencioso até que Siena arriscou:

-Nós deveríamos estar nos preparando para as provas finais. 

Cedric não respondeu de início. Seu silêncio fora seguido por outra frase de Siena:

-Você pensa sobre isso? 

Siena escolheu as palavras com cuidado. A jovem se sentou em uma das poltronas e enxugou a testa úmida pela chuva. 

-Mas, é claro que sim. Isso só não me paralisa mais. 

Cedric respondeu de forma franca. O lufano se virou para Siena e sentou no chão do apartamento com as pernas cruzadas. Siena o enxergou pela luz fraca sob uma outra perspectiva. Mesmo depois de tanto... Ainda era difícil para ela formar um vínculo tão intacto com Cedric. 

-Eu sei que as palavras não te convencem mais. 

Cedric admitiu com um riso sem graça. Siena sentiu suas bochechas corarem, pois Cedric havia notado algo que nem ela sabia com tanta precisão.

-Então, me permita mostrar? 

Cedric sugeriu. Siena não hesitou. Os dois sorriram, tímidos com o diálogo. Cedric conduziu Siena pelo corredor externo do prédio em direção à escada de incêndio. Após alguns lances de escada, Siena e Cedric chegaram ao terraço do prédio. 

Siena prendeu a respiração ao notar que o ambiente estava organizado com almofadas, luzinhas e um jantar à luz de vela. 

-Certo, está um pouco ensopado... 

Cedric murmurou com uma careta ao se aproximar da surpresa organizada por ele. Siena piscou em êxtase. Cedric continuava provando ser um cara tão incrível, como da primeira vez que eles ficaram juntos. 

-Você pode sentar aqui... E nós podemos secar isso... 

Cedric começou a se mexer freneticamente para organizar o cenário, um pouco desmotivado pela garoa que insistia em cair. 

-Nós podemos comer lá dentro.

Siena sugeriu ao encaixar algumas almofadas no seu colo. Cedric respirou fundo com irritação. Seu maxilar se tornou tenso, mas ele não expressou isso. Os jovens recolheram as coisas e as colocaram no apartamento bagunçado. 

-Eu sinto muito... Pela chuva e... 

Cedric prosseguiu. Siena o alcançou com um sussurro doce e baixinho. O olhar dos dois se encontrou na luz fraca do ambiente. Uma pequena gotícula de água escorreu pelos cabelos do lufano em direção ao seu queixo. 

Siena o admirou o suficiente para calar as suas dúvidas. O suficiente para saber que mesmo sob uma noite de chuva intensa, ela ainda conseguia encontrar a sua luz: Cedric Diggory. 

-Nós não precisamos de mais que isso, não é? 

Siena murmurou ao enxugar a testa molhada de Cedric. O lufano sorriu de canto de boca e deu de ombros. O apartamento era pequeno, mas era deles. 

-Por enquanto não. Mas, depois, podemos comprar uma casa e... ter um cachorro de estimação... 

Cedric fantasiou ao percorrer o olhar pelo ambiente. Siena sorriu com a possibilidade de um futuro repleto de novos planos

-Desde que você continue me amando, nós podemos morar até embaixo do lago Negro. 

Siena brincou ao referenciar o lago próximo à escola de Hogwarts. Cedric não precisou pensar, pois o seu juramento já era verdadeiro e real. 

-Até que a morte nos separe, Siena. 

Sob à luz fraca de uma lâmpada recém colocada e rodeados de caixas da mudança, Siena e Cedric se beijaram com paixão. As dúvidas se evaporaram com a certeza de que o futuro os pertencia, mesmo que isso fosse um pouco assustador às vezes. 

-

Nota da autora 1) quem vai estar presente nesse casório?! <3



Febre Dourada - Cedric DiggoryOnde as histórias ganham vida. Descobre agora