05 | A crueldade e a coragem.

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[08.11.22      15:29pm]

— Então foi dessa forma que tudo começou? — a mulher perguntou após tanto ouvir, atentamente, o que Hyunjin dizia. — Foi dessa forma que você os convenceu? Tem certeza disso?

A humilhação pesou-lhe os ombros, e então ele abaixou a cabeça após um suspiro que o doeu o peito. Hyunjin queria correr dali. Queria fugir para qualquer lugar que fosse tão desconhecido quanto as pessoas, tão desconhecido quanto ele mesmo, porquê aquela era a dolorosa realidade: Ele já não se conhecia mais. Ele queria liberdade. É uma pena que nem sempre podemos ter o que queremos.
O detento voltou a encarar os olhos jabuticaba da Psicóloga que o interrogava, e então a cedeu uma resposta, finalmente:

— Sim, eu tenho a certeza absoluta. De qualquer forma, não tenho nada além da verdade, Doutora.

Ela assentiu lentamente.

— Já disse que pode me chamar de Jihyo. Talvez possamos ficar mais próximos se nos tratarmos como amigos. Você sabe que quero te ajudar, não sabe? — ela esperou por alguma resposta do homem, e, após escutá-la bem, ele assentiu ainda cabisbaixo. — E sentir? Você sente que quero te ajudar? Sentir e saber são coisas diferentes, e quero que você sinta a minha empatia.

Mais uma vez, ele assentiu sem nada mais dizer. A Psicóloga respeitava o estado atual de Hwang acima de tudo, mesmo que o local onde se encontravam dissesse o contrário.

Park Jihyo era uma boa pessoa e profissional. Seus cabelos longos e castanhos caíam levemente sobre seus ombros de forma que harmonizava com sua blusa escura de gola alta e calças wide leg, ambas peças escondidas minimamente pelo jaleco de cor branca. De seus olhos estilo jabuticaba apenas confiança e empatia eram oferecidas a Hwang que, vez ou outra, a espiava pela visão periférica enquanto relatava os acontecimentos de um passado turbulento ao encarar um ponto fixo no chão.
Quando Hyunjin entrou pela porta da Doutora com dois guardas maiores do que si o empurrando rudemente, pensou que sua vida acabaria ali. Jihyo, entretanto, o fez mudar de ideia ao se apresentar ao de cabelos longos, sendo simpática e jurando que, caso houvesse confiança e sinceridade vindo dele, elas seriam mútuas. E, naquela sala de cor neutra apenas preenchida por dois assentos — ambos sendo utilizados pelo detento e Psicóloga — separados por uma mesa central e um cacto de tamanho consideravelmente comprido nos fundos, o detento se preparou para libertar tudo o que lhe apertava o coração.
Ao que o silêncio tormentoso preenchia cada canto da sala por um minuto quase lento, Jihyo iniciou outra vez:

— Você me falou que havia criado teorias sobre a casa e sobre pessoas que lá viviam...

— Demônios. — em tom baixo, a interrompeu. — Perdão, Jihyo.

— Sem problemas. — um sorriso a coloriu a face, inflando as maçãs de suas bochechas ao escutar seu nome ser pronunciado por ele. — Teorias sobre demônios que lá viviam. Como você pôde ter tanta certeza de suas ideias? Como foi o processo de auto-encorajamento para controlar a sua mente e seu psicológico para entrar naquela casa sem ter certeza de que tudo o que planejou era verídico?

Hwang não saberia como colocar aquilo em palavras. Na época, nem ele mesmo sabia sobre aquilo. Auto-encorajamento. Francamente, ele apenas deixou que o ódio o consumisse, e então, agiu.
Encarando um ponto fixo no chão enquanto sua mente viajava para lá e para cá à procura de uma resposta para si mesmo e para a Psicóloga, a sinceridade o soprou os ouvidos em um piscar de cílios, e então ele a encarou mais uma vez.

Play The Game Again • skzWo Geschichten leben. Entdecke jetzt