10 | Nunca confie em um sobrevivente.

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[07.07.2021 12:24am]


Changbin pensou que estava indo bem enquanto as nuvens algodão ainda cobriam a cidade naquele dia. Pensou que poderia ser corajoso o suficiente para perambular para lá e para cá sem um teco de medo mas, lá no fundo, mesmo que não admitisse, andar de um lado para o outro o presenteava o inverno na ponta dos dedos devido ao medo e nervosismo. Na verdade, ele não admitia isso nem para si mesmo. Mas era corajoso. Naquele dia, pensou pelo menos algumas dez mínimas vezes em mostrar ao mundo a sua coragem quando saísse dali, colocando outdoors super legais por cada canto daquela cidade e até mesmo dando entrevistas à algumas emissoras que ele ao menos ia se importar em saber o nome. Entretanto, foi quando o breu atingiu a cidade e a gélida ventania procurou qualquer centímetro de pele quente para arrepiar que ele percebeu que não estava indo tão bem, talvez. O enorme buraco que deveria ser uma janela na sala daquela casa deu brecha para o frio se apossar e para raios de luz de alguns postes afastar algum por cento da escuridão. Tudo piorava no breu. Tudo piora ao que nada pode ser visto tampouco escutado além de seus batimentos cardíacos desregulados e o medo estampado nas pupilas dilatadas. E era dessa mesma forma que o quinteto estava naquela madrugada. E com a escuridão escondendo cada parte do corpo, os cinco amigos andavam lentamente pela casa quase que na ponta dos pés, estes que eram cobertos por um fino tecido de meia. A gélida temperatura não cooperava para o fim dos tremeliques no corpo e o gigantesco terror era expulso ao transbordar em forma de uma fina camada de suor na testa de alguns deles.

- Han pode estar em qualquer lugar. - avisou Felix, procurando a silhueta de qualquer um dos amigos com os olhos perdidos na escuridão. - Temos que ser cautelosos até mesmo com nossos esconderijos por causa disso. Ele pode estar nos esperando.

E ali na sala de estar o quinteto congelou. Eles haviam pensado no fato de Jisung procurar por eles naquela brincadeira, mas não haviam pensado no fato de ele poder estar em qualquer lugar, literalmente, até mesmo ali perto deles. E enquanto o ponteiro do relógio corria, eles tentavam aquietar a mente e o coração em silêncio, sozinhos no próprio mundo.

- O jogo começou. - um cansado sussurro foi emitido, mas este não vinha de um dos visitantes visto que eles não haviam proferido uma palavra sequer. - Em 30 segundos, Han iniciará a procura. Boa sorte a todos!

Hyunjin buscou então, em meio à escuridão, os amigos ausentes ao seu próprio olhar. E, ao encontrá-los, segurou a mão de um deles sem ao menos saber quem era, alertando:

- É o Seungmin. Vocês ouviram? Este é Seungmin, irmão de Lilith. Ele nos ajudava e nos protegia. Podemos confiar nele.

O silêncio era alto e os segundos corriam.

- Vamos nos esconder em grupos que criamos, tudo bem? - Felix sugeriu, nervoso com a ideia de encontrar Jisung. - Não devemos pensar em Seungmin ou qualquer espírito agora. Não confiemos em ninguém além de nós mesmos! Vamos!

Sem ao menos dar chance ao Hwang à uma resposta qualquer, Felix procurou por Chris, a sua dupla, e não perdeu tempo ao encontrá-lo, o puxando para a sala de jantar o mais rápido possível. Os outros três amigos ficaram para trás ainda presos em pensamentos, mas foi apenas preciso o espírito sussurrar mais uma vez algo como "dez segundos" para que eles saíssem rapidamente do transe para procurarem seus esconderijos juntos. E foi assim que encaminharam-se rapidamente até a sala de cinema como antes já haviam planejado.

Dentro da caixa torácica, o coração era agitado e pedia constantemente para sair daquele lugar que parecia minúsculo, fazendo doer o peito e a respiração tornar-se desregulada. Na mente, os pensamentos eram quase embaralhados, mas eles sabiam que precisavam compartilhar o autocontrole para que tudo desse certo. Sendo assim, mesmo que o pavor os tomasse conta do interior e, minimamente, do exterior, eles ainda conseguiam se conectar para que o plano não falhasse. Na verdade, Chaeyoung era uma que admitia que em algum momento iria falhar. Se o plano não falhasse, ela iria falhar por si mesma, mas sabia que ficaria tudo bem. Ela sabia que, na vida, às vezes é preciso improvisar quando nem tudo dá certo, e as coisas nunca dão certo em uma extrema porcentagem. É necessário se compor e se inventar e, no fundo do peito, ter a confiança de que tudo ficará bem. E mesmo quando os passos fundos de Han Jisung foram escutados pela casa enquanto eles corriam até a sala de cinema, ela sabia que tudo ficaria bem.

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