07 | O lado escuro.

304 61 114
                                    

Com olhos espantados, o grupo compartilhou o medo. Eles também conseguiram perceber isso pelos dedos trêmulos que chocavam-se uns aos outros minimamente ao pressionar o ponteiro antigo. E foi quando um maldoso arrepio os passeou o corpo que eles não souberam se aquilo era culpa daquele pequeno objeto extremamente gelado que tocavam, ou se era apenas o medo os pregando uma peça ao que os envolvia pouco a pouco, quase os congelando no mesmo lugar, tanto que nem mais um movimento sequer foi feito por eles.

— Façam alguma coisa, por favor. – Felix sussurrou sem ao menos conseguir piscar. Seu corpo paralisado era uma demonstração de mente e coração traumatizados. – Eu não irei tomar as rédeas da situação, estou aqui como um mero acompanhante.

— Na hora de concordar com as ideias de Hyunjin você não foi só um mero acompanhante! – Chaeyoung se irritou, sendo, finalmente, a primeira a se movimentar depois de pelo menos dois minutos após a confirmação de algum espírito.

— Você também não foi, Chaeyoung! – esqueceu-se então do medo que o tomava pouco a pouco, e logo os dois já se empurravam levemente como crianças emburradas. Isso não durou tanto tempo, entretanto, já que Chris foi capaz de cessar as futuras brigas com apenas um olhar.

A energia local e o desespero irritava-os. A realidade era que nenhum deles tinha o desejo de continuar naquele lugar tão perverso, mas eram tão insistentes – mesmo que pouco admitissem – que não enxergavam uma possibilidade de fugir dos pensamentos curiosos. Então ali eles continuavam com corações que assemelhavam-se ao próprio carnaval de tão agitado, e respirações entrecortadas devido àquela ansiedade de saber mais, porém com a maldosa dúvida da sobrevivência apunhalando-os as costas.
Hyunjin prosseguia sem emitir um único som, e seus olhos quase queimavam o tabuleiro Ouija de tanto que o encarava. Changbin percebeu isso. Percebeu que o garoto estava apenas afogando-se em seus próprios pensamentos, e ali ele desejou afogar-se também. Ele desejou afogar-se nos pensamentos do Hwang e ter um pouco da falta de ar que ele tinha, porquê dessa forma seria capaz de entender o que acontecia com o amigo. No fundo, achava que Hyunjin era um tolo, quase um idiota. Mas isso era só lá no fundo, e ele nem se importava com o raso. Oras, eles já haviam saído de lá há um tempo considerável. Hwang precisava ter os seus sentimentos e a sua vivência validados, e mesmo que o pânico estremecesse o coração de Changbin, ele tentaria fazer isso pelo amigo, mas nunca o admitiria.

— Quem está aqui? – Hyunjin soltou depois de todo aquele tempo, trazendo de volta o silêncio quase gritante. O ponteiro não se moveu um centímetro sequer, fazendo com que o jovem repetisse a pergunta, sedento por uma resposta, e ele obteve.

"S  A  I"

"Sai"... É isso, vamos! – Changbin disse, mencionando levantar-se.

— Você vai continuar sentado aí, seu tampinha! – Hyunjin ordenou, apontando para o lugar de Seo que bufou irritado. Changbin sabia que não sairiam de lá, mas precisava convencer a si próprio de que aquilo tudo teria fim em algum momento. – Vamos continuar o jogo.

"N  à O"

— Não jogaremos por tanto tempo, eu juro!

Nada mais foi dito pelo tabuleiro, mas o ponteiro continuava inquieto. O objeto não parava em uma palavra ou letra sequer, apenas passeava pela antiga madeira de cor marrom, assustando o grupo que aquela casa visitava.

— Vamos acabar logo com isso... – Chaeyoung determinou, alinhando sua postura. Desse jeito, nem parece que seus dedos tremem. Hyunjin pensou e riu nasalado, deixando que suas orbes encontrassem as da garota. – Quem está aqui conosco?

"D  A  H  N"

A sobrancelha da Son se ergueu ao mínimo sinal de desentendimento. Ela, entretanto, não libertou um som sequer e o espírito já tentava mais uma vez.

Play The Game Again • skzWhere stories live. Discover now