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O s    T r ê s    I r m ã o s

Quando Harry acordou no dia seguinte, levou vários segundos até lembrar o que acontecera. Depois desejou, infantilmente, que tivesse sonhado, que Ron e Hermione continuassem ali e jamais tivesse partido. Contudo, ao virar a cabeça no travesseiro, viu as camas dos amigos vazias. Elas pareciam atrair o seu olhar como um cadáver o faria.

"Eles vão voltar." Draco sussurrou para ele de onde estava deitado na cama ao seu lado.

Harry virou para encará-lo, surpreso. Nem mesmo havia notado que seu namorado estava acordado, mas ali estava ele, os fios prateados de seu cabelo espalhados pelo travesseiro, seus olhos da mesma cor sonolentos e suaves, a luz dos primeiros raios de sol do dia que entravam pela fresta da barraca iluminando seu rosto e sua pele pálida, como dedos famintos correndo por uma obra de arte em um museu.

"Talvez demore um pouco, mas vão voltar." Concluiu o loiro.

Harry deu um suspiro. "Eu estou com tanta... raiva, sabe? Talvez seja o medalhão." Murmurou ele, sentindo o peso da Horcrux contra seu peito. "Ou talvez sejam meus próprios sentimentos. Mas, independente disso, tem algo na minha cabeça que simplesmente mantém a irritação viva."

"Estou com raiva também." Disse Draco. "E, honestamente, não sei se tenho a capacidade de perdoá-lo ainda." Ele virou de barriga para cima, encarando o fundo da cama de Blaise em cima deles. "Eu entendo. O que esse medalhão faz... é horrível. E Ron sempre foi o que teve a mente mais frágil de todos nós. Além da situação bem merda que nos encontramos. Mas ele fez uma promessa. Uma promessa que quebrou ao dar as costas para todos nós."

Além do que disse sobre Narcissa, foi o que Draco não disse, mas Harry era inteligente o suficiente para deduzir.

"É ruim entendê-lo mas odiá-lo ao mesmo tempo?" Murmurou Harry.

"Nenhum de nós o odeia. Mas ter raiva? E ainda sim querer que ele volte? Não, Harry. Não é ruim."

Blaise e Pansy também estavam uma bagunça. A falação que era comum na barraca não estava ali, e todos os Sonserinos pareciam olhar para a entrada da barraca sempre que ouviam o mais baixo dos barulhos, alimentando a estúpida esperança que Hermione e Ron estariam de volta rapidamente.

O rio barrento ao lado estava subindo rapidamente, e logo transbordaria pelo barranco. Eles desfizeram o acampamento e partiram para outro local, sabendo que Ron e Hermione iriam encontrá-los se precisassem através da bússola.

Nos dias que seguiram, nenhum deles mencionou Ron ou Hermione. Durante o dia, eles se ocupavam com tentativas para determinar os possíveis esconderijos da espada de Gryffindor, mas quanto mais discutiam onde Dumbledore poderia tê-la guardado, tanto mais desesperadas e improváveis se tornavam as suas especulações. Por mais que vasculhasse o cérebro, Harry não conseguia se lembrar de Dumbledore mencionando algum lugar onde pudesse esconder alguma coisa. Havia momentos em que ele não sabia se estava mais zangado com Ron ou com Dumbledore.

As noites eram... Diferentes. Agora que Blaise, Pansy e Draco voltaram a usar a Horcrux - concordaram que seria perigoso demais deixar apenas Harry a usando, então os três alternavam por cinco horas antes de deixar o menino usá-la por dez - não era exatamente anormal que os sonserinos perdessem o sono, o medalhão mexendo com sua mente - o que seria ainda pior dormindo, já que a oclumência não seria garantida.

De início, Draco e Harry não notaram o padrão de Pansy e Blaise de os deixarem sozinhos durante a noite. As desculpas de quererem observar as estrelas ou ficar de vigias juntos colaram por alguns dias, mas logo o moreno percebeu as verdadeiras intenções dos sonserinos.

Draco Black e as Relíquias da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora