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G o d r i c ' s H o l l o w

Godric 's Hollow não era muito diferente do que Draco havia imaginado. Quando abriu os olhos depois de aparatar todos seus amigos para a pequena cidade, encontravam-se parados de mãos dadas em uma estradinha coberta de neve, sob um céu azul-escuro em que as primeiras estrelas da noite começavam a piscar palidamente. Havia chalés de ambos os lados da via estreita, e decorações de Natal cintilavam às janelas. Um pouco adiante, um clarão dourado de lampiões de rua indicava o centro da aldeia.

Draco sentiu um aperto no peito ao se tocar que esse era o primeiro Natal em anos que estaria passando sem grande parte de sua família.

"Tanta neve..." Murmurou Blaise sob o feitiço de desilusão. Não era ideal, mas os quatro não conseguiriam mais se espremer debaixo da Capa, que naquele momento cobria apenas Draco e Harry.

"Vamos tirar a capa." Harry disse, uma expressão distante no rosto. "Não parecemos nós mesmos por causa do Polissuco, então não faz diferença."

Ele e guardou a capa sob o paletó e prosseguiram desembaraçados, o ar gélido beliscando seu rosto ao passarem por outros chalés. Draco viu de canto de olho o modo como os olhos de Harry acompanhavam toda as propriedades pelas quais passavam, procurando o lugar onde morou com seus pais. Então, a estradinha em que iam fez uma curva para a esquerda, e o coração da aldeia, uma pracinha, surgiu aos seus olhos

A todo redor havia lâmpadas coloridas penduradas, e, no centro, o que lhe pareceu um memorial de guerra, parcialmente sombreado por uma árvore de Natal sacudida pelo vento. Havia diversas lojas, um correio, um bar e uma igrejinha cujos vitrais brilhavam como joias do lado oposto da praça. A neve ali se compactara: estava dura e escorregadia por onde as pessoas tinham passado o dia todo. Aldeões cruzavam a sua frente em todas as direções, seus vultos brevemente iluminados pelos lampiões de rua. Eles ouviram fragmentos de risos e música pop quando a porta do bar se abriu e fechou; depois ouviram um coral natalino começando a cantar na igreja.

"Hoje é noite de Natal." Disse Pansy. "Nem mesmo me lembrava."

"Harry." Disse Blaise, e indicou algo há uma certa distância. "Eles... eles estarão lá, não? Sua mãe e seu pai? Estou vendo o cemitério paroquial."

Harry de repente parecia assustado. Draco segurou a mão do menino na sua e apertou de leve, tentando transmitir um sentimento de conforto. Ele lentamente assumiu a liderança, e puxou Harry consigo, guiando todos eles para o cemitério.

"Draco, olha." Harry sussurrou.

Ele apontava para o memorial de guerra. Ao passarem pelo monumento, ele se transformara. Em vez de um obelisco coberto de nomes, havia uma estátua de três pessoas: um homem de cabelos rebeldes e óculos, uma mulher de cabelos longos e rosto bonito e bondoso, e um menininho aninhado nos braços dela. A neve se depositara em suas cabeças, como gorros brancos e fofos.

Harry aproximou-se fitando os rostos dos pais, seus olhos perdidos em uma vida que se foi, e um futuro que foi-lhe arrancado de si.

"Vem." Disse ele ao se dar por satisfeito. Os quatro retomaram o caminho. Ao atravessarem a rua, Draco espiou por cima do ombro: a estátua se transformara mais uma vez em um memorial de guerra.

A cantoria foi se elevando à medida que se aproximavam. Draco tentou não se lembrar de arrumar a árvore de Natal com sua mãe, das brincadeiras de Sirius, de cozinhar com Remus e Molly, rir das besteiras de Tonks e Gemma, os suéteres que ganhava de Ron, os melhores abraços de Luna...

Havia um portão que dava passagem a uma pessoa por vez, na entrada do cemitério. Pansy o abriu, o mais silenciosamente possível, e eles entraram. Nas laterais do caminho escorregadio que levava às portas da igreja, a neve estava alta e intocada. Eles atravessaram a neve, deixando profundas valas ao contornarem o prédio, mantendo-se à sombra das janelas iluminadas.

Draco Black e as Relíquias da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora