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S e v e r u s    S n a p e

Assim que Harry soltou-o, Draco ergueu a varinha para o caixote que bloqueava sua visão. O objeto se ergueu uns três centímetros no ar e se deslocou sem ruído para o lado. O mais silenciosamente que pôde, ele se guindou para dentro da sala. Seu coração batia acelerado em seu peito, e o choro que subia por sua garganta e enchia seus olhos ameaçava descer.

Ele se aproximou de seu padrinho, colocando uma mão contra seu pescoço, e começou a sussurrar os mais fortes e eficientes feitiços de cura que ele conhecia. Não iria adiantar muita coisa, não iria conquistar nada além de um pouco mais de tempo. Harry ajoelhou ao seu lado, e os olhos de Severus encontraram o menino.

"Leve-as..." Um gargarejo rascante e terrível saiu da garganta do professor. Alguma coisa além do sangue vazava de Snape. Algo prateado, nem gás, nem líquido, jorrou de sua boca, ouvidos e olhos...

Draco usou um feitiço para transfigurar um pequeno frasco e coletou substância prateada com a varinha.

"Vai..." Disse Severus, ainda olhando para Harry. "Vai."

Harry olhou para Draco, mas o loiro não ousou tirar os olhos de seu padrinho. Ainda pressionando a ferida, disse para seu namorado: "Vou estar logo atrás de você, Harry. Vai."

Com apenas um instante de hesitação, Harry se levantou e deixou os dois sozinhos.

Os feitiços de Draco ajudavam, mas ele sabia que não iria demorar muito para Severus parar de resistir. Mais alguns minutos, talvez.

"Draco..." Chamou ele, e o menino trincou a mandíbula com o tom derrotado de sua voz. "Olhe para mim."

Draco engoliu em seco e se forçou a encontrar os olhos negros de seu padrinho. Sua primeira lágrima escorreu com o que ele podia ver - aceitação. Snape sabia que iria morrer, e parecia estar bem com isso. Depois disso, o choro não podia ser impedido, como uma torneira que havia finalmente sido ligada.

"Meu braço..." Snape murmura, seus olhos descendo para indicar o mesmo que suas palavras. Draco franziu a testa - o braço que ele indicava era o oposto à aquele da marca, então ele não sabia o que seu padrinho poderia estar querendo lhe dizer. "Olhe... eu braço..."

Ele hesitou antes de lentamente usar a mão que não colocava pressão nos ferimentos de Severus para levantar a sua manga. O que encontrou ali fez seu coração quebrar em um milhão de pedacinhos, e soluços acompanharam o choro de Draco.

"Você..." Ele murmurou, balançando a cabeça, a visão daquela mesma marca que tinha decorado seu braço a mais de um ano atrás agora na pele de Snape, as veias negras pareciam pulsar contra a sua cor pálida. "Por que... por que fez isso...?" Disse ele entre soluços.

Snape lhe ofereceu um pequeno sorriso, e Draco pensa ironicamente que aquele pode ser um dos gestos mais delicados que já viu seu padrinho produzir.

"Leve-as também..." Falou Severus, sua voz se tornando cada vez mais rouca e cansada. Draco não precisou perguntar o que o professor queria dizer, e mais uma vez transfigurou outro frasco, coletando a substância prateada até não caber mais no pequeno recipiente. "Draco." Chamou o homem, e o loiro o encarou através de sua visão embaçada com lágrimas. "Eu te amo... e sinto muito..."

Draco balançou a cabeça, mas Severus não o deixou falar.

"Sinto muito por... não ter sido o melhor... para você..."

Draco fungou e segurou a mão do homem na sua. "Eu te amo, Sev. Obrigado por fazer o que meu pai nunca fez... e você fez o melhor que pôde."

"Foi... o suficiente...?"

Draco Black e as Relíquias da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora