Pode me ouvir?

23

Uma semana passou, Yamaguchi esteve em repouso todo esse tempo, já que apesar de que o médico que estava bem e tudo parecia em ordem, devia descansar uma semana só por precaução.
E durante essa semana Yamaguchi confirmou que já não escutava ninguém, exceto seu namorado.
Além de que no dia que lhe deram alta do hospital, e teve que passar aonde estavam todos os pacientes e as enfermeiras, não ficou tonto como normalmente acontecia.

Finalmente voltaria a escola depois de uma semana, e como de costume, ia com seu melhor amigo, que não deixava de o olhar de canto para si como se quisesse dizer algo.

— Também é novo pra mim não te escutar. — Yamaguchi disse olhando seu amigo de volta, notando que ele também o estava olhando.

— Tem certeza que não o faz? — O sardento negou. — Então como sabia que pensava nisso? — Perguntou franzindo o cenho, não era que não acreditasse. Mas estava tão acostumado a compartilhar seus pensamentos com Yamaguchi que se sentia estranho por não poder fazer isso mais.

— Eu te conheço dês da primária, mesmo que não escutei seus pensamentos, sei o que você ta pensando. — Respondeu divertido, conhecia Kageyama a anos e não necessitava escuta-lo pra saber o que ele pensava.

— Ainda assim, não posso acreditar que agora só escute os pensamentos do poste humano. — Bufou franzindo a boca e o cenho, recebendo uma gargalhada de Yamaguchi. Tobio estava fazendo birra.

O dia na escola foi normal, e hoje tinham aula no ginásio, já que o diretor tinha que dar uns anúncios e Tsukishima disse pra não irem, mas o sardento queria comprovar algo. Então deixou os tampões de ouvidos na mochila e foram até o ginásio.

Ao chegar estavam todas as salas em grupos formados, se escutavam alguns murmúrios e conversas dos demais, mas não mais que isso. E quando o diretor começou a falar tudo ficou el silencio, faz um tempo que não escutava silencio quando estava em um lugar cheio de gente.
Deu uma olhada a sua volta e viu como todos olhavam o diretor fingindo prestar atenção enquanto ficavam em silêncio, Yamaguchi não os escutava.

E agora na hora do almoço, Tadashi se sentía feliz, já não se sentia mal em um lugar com muitas pessoas, e talvez já não precisaria usar a mentira que tinha enoclofobia.

— Yamaguchi, te trouxe batatas fritas como pedido de desculpa. — Disse Hinata uma vez que todos já se encontravam sentados comendo seu almoço.

— Já te disse que não é necessário... Mais eu vou aceitar. — Desde do acidente do riacho Hinata se sentia culpado e toda vez que tinha oportunidade se disculpava com ele, Tadashi já tinha dito que não era sua culpa. Mas não podia dizer não a batatas fritas.

— Ainda que você também tem que se disculpar comigo, Yamaguchi. — Disse Hinata fazendo um bico.

— Por quê...? — Respondeu confuso, tinha feito alguma coisa?

— Porque você não me disse que você e Tsukishima eram namorados! É incrível que você tenha dito pra todo mundo, menos pra mim. — O ruivo estava meio indignado, pois se supõe que eles eram amigos e sentia que por não ter o dito era como uma traição, Hinata podia ser muito dramático as vezes.

— Verdade, também não me disseram. — Disse Yachi com um ligeiro sorriso.

~ Você não contou pra Yachi?

O sardento negou com a cabeça, Tsukishima achou que Yamaguchi que tinha contado, e Yamaguchi achava que Tsukishima que tinha contado, mesmo que eles dois não se falassem muito.

—  Como sabia que eramos namorados, Yachi? — Pergunta Yamaguchi curioso, e não era só ele que se encontrava assim. Kageyama sabia por que o sardento o contou, mais não sabia que a loira sabia.

— O sexto sentido de uma garota nunca erra. — Disse Yachi com um sorriso.

Yamaguchi a olhou com cuidado. Se tinha aprendido algo em todos esses anos escutando os pensamentos dos demais, era também interpretar e deduzir o que diziam, então Yachi devia estar pensando algo como: "Eles são tão óbvios." ou "Só um cego não se daria conta."

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