O meu novo vizinho

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Samantha não era tão ruim como eu pensava.

18h.

Eu não havia saído do quarto. Já tinha contado tudo que aconteceu para as meninas e elas só faltaram ligar pra polícia. Na verdade eu não contei todos os detalhes, eu simplesmente disse que a gente tinha discutido feio e que ele acabou me batendo. Eu não tenho pra onde ir, a casa de tia Rochelle é longe. Não quero ser um peso para os pais das minhas amigas. Eu nem trabalho ainda, e também não quero da pausa no colégio. Morar aqui por um tempo é a minha melhor opção, mas não irei aguentar se Dustin continuar com a loucura dele. Aquela Julian mal chegou aqui e já está me dando muitos problemas. Eu e Dustin estávamos bem, só foi ela chegar que tudo foi de mal a pior. Noah me ligou mais cedo e conversou comigo, ele ficou preocupado pelo fato do meu "sumiço". Eu dei algumas desculpas e ele ficou tranquilo, perguntou até o dia que iríamos sair novamente. Eu fiquei o enrolando, pois não faria essa loucura de novo. De querer sair com ele eu quero, mas tenho medo que Dustin descubra e faça algo bem pior desta vez.

Resolvi ir até a cozinha para comer algo, minha barriga estava roncando de fome. Eu queria evitar ver Dustin e Julian. A casa estava em silêncio, parecia até que não tinha ninguém. Imagino que Samantha já tenha ido embora, já Dustin deve ter saído ou está trancado no escritório. Desço as escadas e vou andando até a cozinha. Assim que entro, tomo um susto vendo Julian sentada na banqueta. Ela tomava sorvete, e quando me viu lançou um sorriso debochado. Suspirei fundo e andei até a geladeira.

- Como vai você Liz? Seu rostinho está bem? E seu estômago? - Ela pergunta com o tom de ironia.

- Você não cansa de ser vagabunda? - Pergunto em um tom severo. Abro a geladeira e procuro alguma coisa que me chamasse atenção. Vejo uma tigela com mousse e tiro de dentro.

- Coitadinha, foi parar no hospital. - Continuou na ironia e meu sangue estava começando a ferver.

- Me deixe em paz. - Falo entredentes. Pego uma colher e coloco dentro da tigela.

- Você é uma graça Liz. Pobre Liz. - Gargalhou e eu simplesmente me retirei da cozinha. A voz dela me enojava e eu não iria ficar perdendo meu tempo discutindo com a mesma. Só de lembrar do soco que ela me deu, fico mais puta da vida. Eu preferi nem contar isso para as meninas, pois tenho certeza que elas iriam vim aqui querer bater na Julian. Subo para o meu quarto. Dou graças a Deus mentalmente por não ter visto Dustin. Estava com ódio dele.

(...)

01h.

Me virava para um lado, me virava para o outro, e nada de conseguir dormir. Eu estava morrendo de sede, mas não queria descer todas aquelas escadas. Eu nem vi a hora que peguei no sono. Tomo coragem e levanto da cama. Endireitei meu Baby Doll, e abro a porta do quarto. Desci, indo pra cozinha. Estava tudo escuro, mas já sabia a direção e onde ficava a luz. Ligo a lâmpada e vou direto para a geladeira. Estava com preguiça de pegar o copo para tomar água, então bebi na jarra mesmo. Coloquei a jarra de volta ao seu lugar, fecho a geladeira e quando me viro pra subir novamente, vejo Dustin encostado na parede. Franzi o cenho, sem entender.

- Bonito em, bebendo na jarra de água. - Ele fala, com os braços cruzados, mantendo um sorriso de lado no rosto.

- Você nunca ligou, por que está falando agora? - Fui grossa em meu tom.

- Só estou brincando, não precisa disso.

- A partir de agora meu tom vai ser assim pra você, é isso que você merece. - Ele suspira e deixa as mãos soltas.

- Podemos conversar numa boa?

- Agora você quer conversar? Depois de tudo que fez? - Gargalhei - Não Dustin, não podemos. - Tentei passar por ele, mas o mesmo me impediu ao segurar meu braço.