O meu novo vizinho

Você não me ama.

Acho que nunca na minha vida palavras me machucaram tanto como agora. Escutar aquilo do meu próprio filho doeu demais. Eu fiquei totalmente sem chão. A Liz não devia ter mentido pra ele.

- É só modo de falar Micael. – Ash disse sem graça. – Você tem certeza que quer ficar sozinho com ele?

Suspirei fundo e assenti com a cabeça.

- Tudo bem então, dentro dessa mochila estão as coisinhas dele. Eu passo depois pra pegá-lo. – Ela me deu a mochila e eu peguei.

- Certo.

- Lembre-se Justin, pra ele você é um desconhecido qualquer, vá com calma. – Ela sussurrou e eu novamente assenti.

Ashley fechou a porta e saiu. Suspirei fundo mais uma vez e fui até o sofá.

- Então, seu nome é Micael não é?

Mas que pergunta mais idiota Justin.

- Sim, é muicho bonito né?

- Demais. – Sorri. Ele era convencido igual a mim.

- Quem foi que escolheu esse nome?

- Minha mamãe eu acho, você conhece ela?

- Sim, sou amigo dela.

- E por que ela nunca me falou de voxê?

Cocei a nuca, sem saber o que responder.

- Você gosta de vídeo game? – Mudo de assunto.

- Gosto muito, mas minha mãe não gosta que eu fique jogando porque quê ela diz que eu ficlo muito viciado. – Ele fez um bico, me fazendo rir.

Liz sendo Liz.

- Eu comprei um hoje, acho que você vai gostar.

- Só não conta pra minha tia ta bom? Senão ela contla pra mamãe.

- Certo, prometo não contar. – Eu não conseguia parar de sorrir quando olhava pra ele. Ficava todo bobo.

(...)

- Tio Justin eu quero mais sorvete. – Micael pediu com a boca toda melada de sorvete de chocolate. Gargalhei.

- Se sua mãe descobre que eu tô te enchendo de porcaria ela me mata.

- Eu prometo não contar. Agora me dá mais tio. – Ele lambe os lábios, me olhando com o olhar de pidão. Impossível não resistir.

- Tá bom, mas só essa vez. – Pego o copo dele e vou até a geladeira retirar o pote de sorvete de dentro. Ele estava sentado em cima do balcão da cozinha.

- Você agola é meu melhor tio. – Ele sorriu e eu sorri também. Como eu tinha vontade de dizer que eu era o pai dele, e não aquele babaca do Noah, mas seria muita informação pra cabecinha dele, precisava conquistá-lo aos poucos.

- E você o meu melhor sapequinha. Agora toma seu sorvete. – Entrego a ele o copo plástico com o sorvete, e o mesmo pega rapidamente.

- Queria que a mamãe fosse que nem você.

- Você queria só pra poder comer besteira né espertinho? – Fiz cócegas em sua barriga e ele gargalhou alto.

- Olha, seu cabelo é ligual ao meu. – Ele esticou uns fios do seu cabelo, mostrando que realmente era igual ao meu.

- E você é lindo igual a mim também.

- Noxa, a gente se palece né tio?

- Também acho.