• CHAPTER TWO

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Os últimos raios do sol adentravam pelas enormes janelas da lateral do local sendo sua única fonte de iluminação, o vento frio circulava vindo do lado de fora, trazendo a sensação de que aquela noite certamente seria fria. 

Shinichiro se encontrava ocupado, recolhendo as últimas folhas sobre a escrivaninha do avô, aquele havia sido um dia bastante movimentado visto que fora anunciado desconto nas aulas do Dojo para aquele dia da semana em específico, não havia parado sequer um momento enquanto recepcionava os pais que vinham juntamente de seus filhos na intenção de conhecer o lugar e os matricular nas aulas mais baratas.

Estava cansado fisicamente e sua mente estava longe, com pensamentos distantes focados em problemas que ele nem ao menos conseguia resolver.

Um barulho vindo da entrada do local o alerta que não estava mais tão só fazendo assim afastar os pensamentos e dá lugar uma expressão e postura mais tranquila.

— Estamos fech… — As palavras sumiram da sua boca no momento em que seu olhar encontrou o novo visitante.

Não se tratava de um pai na companhia de seu filho, era apenas um garotinho pequeno de cabelos negros e olhos azuis intensos, trajando um moletom que aparentava ser grande de mais para um corpo tão magro e tênis vermelhos desgastados. Seu rosto tinha alguns arranhões na bochechas e um curativo sobre o nariz, ele segurava um dos panfletos que seu avô havia pedido para seus irmãos mais novos espalharem pela cidade no dia anterior.

Esse garotinho desconhecido aparentava não ter o notado ali ainda e muito menos escutado as poucas palavras que falará no momento anterior, ele encarava o local com um brilho nostálgico e um pequeno sorriso, Shinichiro conseguiu notar algumas lágrimas que se acumulavam no canto dos olhos do menino.

— Posso te ajudar em algo? — Questionou tentando mudar a atenção do garoto para si, evitar que o mesmo chorasse, afinal ele não saberia certamente como reagir a isso caso ocorresse.

O menino olhou ao redor um pouco atordoado até que seus olhos lhe encontraram, ele paralisou quase que imediatamente e seus olhos brilharam em reconhecimento, o olhar que Shinichiro sentiu sendo dirigido a si era um olhar triste, como se o menino estivesse diante de uma pessoa morta.

— Hm, isso aqui — ele estendeu o panfleto para Shinichiro e abriu um pequeno sorriso envergonhado.

— Veio se inscrever para as aulas? — perguntou com curiosidade, após buscar rapidamente pelos pais do menor do lado de fora mas não encontrar nada, franziu o cenho um tanto quanto confuso ao ver ele balançar a cabeça confirmando — Normalmente um adulto sempre está na companhia da criança.

As palavras lhe escaparam antes que ele se contivesse, seu pensamento se tornando palavras e em seu campo de visão observou o menor fechar o rosto frustrado e fazer um bico, era algo óbvio que o garoto havia acabado de ser pego em um obstáculo não pensado e Shinichiro até teria dado alguma risada caso a falta dos pais do menor não fosse uma pedrinha em seu encalço.

— A palavra chave é normalmente — A expressão se tornou mais serena em questão de segundos, o menor abriu um sorriso supostamente inocente.

Shinichiro segurou a risada baixando a cabeça de cima para baixo em uma confirmação, um suspiro baixo vindo de sua boca enquanto ele sorria.

— Você me pegou nessa — ele estendeu a mão bagunçando os fios negros do menor que desviou o olhar com as bochechas ganhando um tom leve de rosa — Sabe escrever?

O garotinho balançou a cabeça confirmando sem dizer nada, Shinichiro ficou contente com a resposta e guiou o garoto até os fundos do Dojo onde havia uma pequena sala que seu avô usava como uma espécie de escritório para recepcionar os responsáveis de seus alunos quando era necessário uma reunião ou algo do tipo.

THE LAST A CHANCEOnde histórias criam vida. Descubra agora