• CHAPTER SIXTEEN

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Os raios luminosos da luz do luar invadiam o ambiente escuro através das pequenas frestas presentes na cortina que ocultava a maior parte da janela desta forma iluminando o telefone vermelho sobre uma mesinha de madeira.

O toque incessante começou a surgi vindo daquele mesmo aparelho logo antes do relógio centralizado na parede da sala marca três horas da madrugada, seu barulho tão irritante se alastrou pela residência escura e silêncios acordando os moradores da mesma.

Com uma carranca estampada na face e um vestido velho e puído, Hiroshi Sano cruzou em passos rápidos e firmes o corredor que separa seu aposento da sala onde o maldito telefone fixo tocava.

— Isso por acaso é horas de ligar pra casa de alguém — resmungou baixo, temendo que sua voz despertasse seus netos.

Por mais que reclamasse incidentes como aquele era bastante recorrentes na residência da família e na maioria das vezes o motivo pelo qual o aparelho tocava estava ligado ao seu neto mais velho e delinquente, Sano Shinichiro. 

Hiroshi já estava cansando de ordenar que o mais velho das crianças comprasse um próprio telefone fixo e colocasse em seu quarto, mas isso nunca acontecia.

— Boa noite — A voz abafada saiu do outro lado da linha — Desculpa ligar nesse horário, mas Sano Shinichiro está?

— Provavelmente dormindo, quer que passe algum recado?

Hiroshi ouviu passos vindo do corredor e se virou vendo seus dois netos caçulas parados na porta da sala. Emma tinha os cabelos loiros totalmente bagunçando e em seus braços carregava um ursinho rosa, enquanto Manjiro coçava o olho e arrastava pelo chão da sala a mantinha com a qual dormia desde que era um bebê.

— Estou falando do hospital central, Hanagaki Takemichi acabou de retomar consciência...

As próximas palavras não foram ouvidas pelo mais velho, seu peito se apertando ao lembrar da cena que havia presenciado meses atrás, não conseguiria esquecer afinal da forma como Shinichiro sairá desesperado da residência após receber uma ligação do hospital avisando do incêndio em que o jovem Hanagaki havia se envolvido.

— Manjiro chame seu irmão o mais rápido possível — O mais velho ordenou, apontando na direção da porta.

Manjiro fitou o avô por alguns segundos, mas não questionou os motivos por trás da ordem e correu na direção do quarto do irmão.

— E como o jovem Hanagaki, está? — Hiroshi questionou com a voz fraca, seus olhos fixos na entrada da sala esperando pelo neto.

— Consciente e esperamos que sem nenhuma sequela, o médico está neste instante no quarto com o paciente fazendo os exames básicos.

— Ótimo, meu neto deve está ai em menos de uma hora — Hiroshi mordeu o lábio ao notar uma incoerência na situação — Porque contataram meu neto e não os pais da criança?

— Sano Shinichiro estava na lista de contatos de emergência assim como Yumi Hanagaki, ligamos para ela primeiro por ser a mãe do paciente... — vozes ecoaram ao fundo da ligação atraindo a atenção do dono da voz — certo, certo... estou em ligação com Sano Shinichiro, estou indo...

O que a mãe dele disse?

— Ela está em viagem de trabalho, mas informou que vai pegar o primeiros avião para Tóquio.

— Ah, claro!

— Preciso ir, estaremos esperando o Senhor Sano — do outro lado da linha a voz resmungou algumas coisas que Hiroshi não entendeu, então desligou.

O barulho reconhecível de passos aproximando atraíram novamente a atenção do senhor para a porta logo depois de devolver o aparelho pra base, ao aparecer no vão da porta Shinichiro tinha uma expressão assutada.

— Vovô, você está bem? — perguntou meio ofegante, apoiando a mão sobre o batente da porta para se curva alguns centímetros pra frente tentando recuperar a respiração.

Izana veio logo atrás com Manjiro no seu encalço, ele tinha uma expressão emburrada e as roupas amassadas, enquanto proclamava diversos xingamentos direcionados ao loiro.

— Estou excelente, porque a pergunta?

— Manjiro acordou esse Shin-chan dizendo que o senhor tinha escorregado no banheiro, Sano-san — informou Izana em resmungos.

— Pestinha — reclamou Shinichiro.

— Vovô disse que era para te chamar o mais rápido, não sabia o motivo e essa era a única forma de tirar os dois do sono de elefante deles.

Hiroshi ignorou aquilo já acostumado com aquela cena que se tornavam diariamente mais frequente desde que o Kurowaka passou a frequentar a residência Sano.

— O hospital ligou, Takemichi recobrou a consciência.

— O que?

— Take-chan acordou?

— Foi o que disseram, estão esperando por você lá Shinichiro.

— E a mão do Take? — questionou Izana.

— Está em viagem, deve chegar amanhã pelo período da tarde.

O coração batendo no peito em uma velocidade fora do normal, de forma que Izana nem sabia se era possível.

— Vamos lá ver ele, por favor.

Olhou para Shinichiro com esperança, assim que o mesmo lhe olhou de volta abriu um pequeno sorriso.

— Não tem como irmos de pijama Izana — Shinichiro informou mechendo a cabeça sutilmente na direção da garagem, essa mesma que era seu quarto.

A última coisa que viu então antes de deixar a sala principal da residência foi Manjiro abraçado a sua manta, observando ambos com um pequeno sorriso em meio a expressão sonolenta.

— Manda um abraço nosso pra ele — pediu Emma em seguida acenando para os dois, ja ciente que eles sairiam pela garagem e só voltariam a se ver na manhã seguinte.

Com aquela cena em mente, Izana partiu em direção ao hospital na garupa da moto do irmão mais velho após trocarem de roupa, seu coração aquecido de uma forma que ele pensou que não seria capaz de sentir novamente.

Recordando-se de algo que Shinichiro havia lhe dito  dias depois do primeiro contanto entre ele e Manjiro, hoje ele podia finalmente aceitar e compreender aquilo.

Família não era apenas sangue, na verdade família ia muito além de laços sanguíneos.

Ele estava animado para contar tudo para Takemichi, havian acontecido tantas coisas nos últimos meses.


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