CAPÍTULO IX

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"Deitado no silêncio
Esperando pelas sirenes
Sinais, quaisquer sinais de que ainda estou vivo
Eu não quero enlouquecer
Eu não estou conseguindo passar por isso
Ei, eu deveria rezar?
Deveria me refugiar
Em mim mesmo, em um Deus
Em um salvador que possa"

— Train Wreck – James Arthur


O prazo que dei ao meu pai já estava na metade e até o momento nada havia mudado na empresa

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O prazo que dei ao meu pai já estava na metade e até o momento nada havia mudado na empresa. Enquanto arrumava algumas coisas no apartamento novo, ouvi meu celular tocar, tateei a cama e olhei no visor. Era minha mãe, por algum motivo um arrepio percorreu minha espinha, como se fosse um mal pressagio.

— Oi mãe! — Apoiei o aparelho no ombro, pressionando a orelha sob ele e continuei a dobrar as roupas na cama. — Mãe? — Minha mãe não havia respondido e aquilo fez meu peito se apertar.

Havia algo de errado.

— O que houve? — Perguntei aflito, sentindo o ar fugir dos pulmões.

— Se... — Ela respirou fundo, dava para ouvir os soluços devido ao choro. — Seu pai. Ele sofreu um avc e está no hospital.

Senti o quarto girar em 360º graus e um soluço prender em minha garganta. Por mais que nós tivéssemos nossas brigas, nunca lhe desejei mal e mesmo não sendo meu pai de sangue, ele foi o homem que me criou.

— Onde? — Levantei da cama com cuidado, ainda sentia o quarto rodar sob a minha cabeça.

Parecia que uma ressaca — daquelas que só temos quando decidimos acabar com o estoque de um bar, — havia me atingido. Mamãe passou o endereço do hospital, disse a ela que estaria lá em menos de 15 minutos e por sorte o local era bem próximo do meu apartamento.

Coloquei a primeira roupa que arranquei do guarda-roupa e fiz o mesmo com os tênis. Peguei as chaves do carro e corri para fora do apartamento. Enquanto o elevador subia, meus pés quase cavavam um buraco na porcelana do corredor, de tanto que andava de um lado para o outro. O nó na garganta aumentava a cada vez que me esforçava para respirar e sentia meu peito arder, me avisando que uma crise que me atingiriam com tudo em breve. Levantei as mãos ao notar que o elevador havia chego, pulei para dentro e apertei o andar do subsolo. Enquanto ele descia, tentei acalmar minha respiração e procurei não pensar em nada de ruim, — ou pior, do que tudo isso.

Parece que demorou uma eternidade até o elevador parar na garagem. Estava tão atordoado que mal me lembrava onde havia estacionado o carro, precisei usar o alarme dele para me localizar na garagem. Resolvi ir com a Suzuki, se fosse com o Bugatti seria perigoso causar um acidente e minha mãe não precisava das duas únicas pessoas vivas da família dela, internadas num hospital. Segui até o hospital no automático, mal soube quanto tempo levei até estacionar na frente do grande prédio branco.

Cicatrizes e Demônios  |  Livro 2 [SEM REVISÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora