XVII

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Me sinto tensa em dizer essas palavras, mas é algo do qual tenho pensado tanto esses dias, sinto como se o peso da responsabilidade me deixasse com os ombros caídos para baixo, é impossível não lembrar disso sempre.

—eu espero que ele seja uma criança saudável e feliz, e você?

—não sei o que esperar, imagino que ele será muito cobrado e odeio isso, me preocupo na verdade.

—mas ele ainda nem nasceu!

—não, mas eu odiaria ver uma criança tão pequena sendo alvo de cobranças tão grandes, você sabe como é a infância de um ancião? Ele é deixado em uma casa longe de todos para aprender a lidar com seus dons ainda bem pequeno, ninguém quer nascer um ancião, toda casta de ancião conta com histórias de suicídios e pessoas com distúrbios sérios.

—sei que isso talvez a assuste, mas eu nunca permitiria que ninguém o machucasse.

—talvez isto não esteja dentro do seu alcance.

—você está se preocupando com coisas das quais talvez não precise se preocupar neste momento, vamos jantar? Minha mãe preparou nosso jantar, eu trouxe, pelo que soube amanhã é sua folga, tirarei o dia para ficarmos juntos.

Reviro os olhos.

—quem anda passando meus horários para o senhor?

—seu patrão.

—e pediu assim naturalmente para ele?

—não deveria? Somos noivos!

Me irrito com isso.

—não, não somos noivos, ainda não houve festa de noivado é meio arrogante da sua parte fazer isto sem me consultar.

—você não enxerga o óbvio, você não quer lidar com a situação, parece que quer se sentir melhor que as outras pessoas, como acha que nossos pais se sentiram ao terem que lidar com uma conveniência? Ao se verem presos a uma obrigação? Eu estou tentando me adaptar a sua realidade para que não sofra, acredito que saiba que eu tenho a preferência de que venha para o meu estado, entretanto minha mãe e eu nos mudamos para cá, para que você não se mude para longe de sua família, acredito que não saiba reconhecer os privilégios dos quais goza Hielena, para mim mais parece uma menina mimada que não sabe lidar com a realidade.

Fico parada sem saber o que falar, Virgo se ergue sério.

—quer que eu vá embora?

Continuo calada engolindo as palavras ditas pelo ministro, seu tom de voz foi franco e duro, mas absolutamente frio, duro como uma lâmina afiada, mas tão... sinceras.

—não vou ficar discutindo com você sobre esse assunto, as coisas são como são e ponto—ele diz secamente—quer que eu vá embora ou não?

—estou dividida—confesso incerta.

—preciso tomar banho e descansar, não foi uma noite fácil, se quiser que eu vá embora diga neste momento, levarei alguns minutos para chegar em casa.

—e o seu cavalo?

—não estou à cavalo hoje, não havia onde deixa-lo aqui, minha mãe me trouxe de carruagem.

Deveria imaginar.

—trouxe roupas?

—usa roupas para dormir?

Estranhamente minhas bochechas ficam vermelhas.

—nem sempre.

—eu trouxe roupas para o dia de amanhã, poderemos visitar seus pais, fique tranquila.

EvergreenWhere stories live. Discover now