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— Deite-se!

Olho para Virgo meio confusa, não sei como poderia me deitar na água, sei que provavelmente afundaria e acabaria morrendo afogada. Ele se inclina e me pega no colo embaixo da água, me seguro em seu pescoço tomando um susto enorme com o fato de me erguer, ele sorri com o canto da boca.

— Estique as pernas e os braços, eu irei segurá-la, olhe para cima e relaxe.

— E se eu afundar? — indago preocupada.

— Eu não permitirei que isso aconteça.

Me solto dele com um pouco de receio, talvez queira fazer com que me sinta melhor depois de tudo, da tensão e das discussões que tivemos até chegar aqui. Estico as pernas devagar e depois os braços sentindo que ele ainda me segura por baixo. Quando deito com a minha cabeça na água vejo toda a noite lá fora, o céu coberto de pequenas e luminosas estrelas e as luas, pisco encantada e ao mesmo tempo meio atônita.

Virgo me puxa para o meio do tanque e me sinto flutuando na água como um grão em uma gota de água, a sensação é tão boa, me sinto leve e bem, ainda que as juntas das minhas pernas me deem a sensação de que não há chão para pisar e isso me faça sentir um pouco de medo.

Oprimo o sorriso e deixo que ele me conduza puxando meu corpo para onde quer, estico os braços para os lados flutuando e observo em sua plenitude toda a beleza do céu de Navie, como observo em algumas noites de folga, como observava durante a minha infância, mas nunca me senti tão perto.

Aqui sinto como se quase pudesse tocar o céu, cada uma das estrelas ali em cima, brilhantes e fortes, as vibrações intensas que explodem no espaço e me trazem recordações de quando visitei o museu de história natural do nosso planeta ainda aos meus três anos de idade, cada cidade tem um museu com réplicas exatas de como eram as antigas civilizações, antigos objetos, fósseis, me recordo que minha curiosidade por entender o nosso mundo surgiu lá.

— É fascinante — ergo a mão e a observo entre a luminosidade do céu.

— É sim — escuto Virgo falar.

Olho para o lado abaixando a mão e sinto a respiração forte de encontro ao meu rosto, os olhos dele estão fixados em mim, a boca muito próxima da minha, ele não me toca e ao mesmo tempo que percebo isso tento não me mover, seus cabelos estão úmidos e sei que ele está em pé, a água bate na altura de seus ombros.

— É linda — ele diz baixinho.

Coro e olho novamente para o céu, sinto um arrepio intenso na minha espinha e tento repelir as sensações causadas por esse olhar.

— Se me afogasse agora com certeza pouparia todo esse trabalho de suportar o casamento — falo com um tom sincero de deboche.

— Não aconteceria — ele diz com um tom de dureza. — Eu jamais permitirei que isso aconteça.

— Mas pouparia muito o desgaste — replico.

— Estar casado com você não é um desgaste — Virgo toca minha face com as pontas dos dedos. — Nunca será.

Estendo a mão e me seguro em seu antebraço, ele ergue a outra mão e me puxa me segurando pela cintura então me agarro a ele com medo de afundar, ele sorri segura as minhas coxas.

— Vou mergulhar, se agarre a mim e prenda a respiração.

— Mas...

Antes que eu fale ele toma impulso nas pernas e mergulha, me seguro nele enquanto sinto com a velocidade nossos corpos indo para o fundo do tanque, aqui embaixo vejo as paredes do local e o chão, sorrio ao notar que em alguns cantos tem algas, em outro canto tenho a impressão de ver um peixe, não tenho tempo, ele submerge, cuspo o ar e tento respirar fundo.

EvergreenWhere stories live. Discover now