O primeiro dia de setembro

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Taehyung

Um raio riscou o céu e o trovão ressoou ao longe alguns segundos depois, me assustei e me sentei rápido na cama, não foi o barulho que me assustou mas sim sentir algo escorrer de mim encharcando lencóis e cobertas, estou acordado há um tempo assistindo a tempestade cair lá fora e sentindo meus filhos fazerem festa dentro de mim, em determinados instantes senti um certo incômodo e uma leve dor, mas nada muito grande.

Agora, sentado e rodeado por uma poça de algum líquido que saiu do meu corpo, meu coração dispara, agarro o braço de Jungkook que se sentou junto a mim ao se assustar com a minha levantada brusca.

- Docinho, me diga que você se assustou a ponto de fazer xixi na cama, por favor, ainda não é a hora certa amor - ele me segura forte em seus braços e encosta a testa em meu ombro.

Não tive tempo de o responder, uma dor horrível tomou conta do meu corpo e minha única reação foi apertar forte a mão de Jungkook e tentar me lembrar como se fazia para respirar, Kookie me segura forte como se eu fosse correr de perto dele e nunca mais voltar, ele fecha os olhos com força, talvez por estar sentindo toda a minha agonia em seu peito através da nossa marca, após um tempo que pareceu ser eterno a terrível dor passou e Jungkook se levantou da cama para procurar o celular, ligou para nossa médica e saiu desesperado a procura de uma roupa para que eu me trocasse, ele já havia pressentido que seus filhos logo chegariam e todas as nossas coisas já estavam muito bem arrumadas no quarto dos bebês, quarto esse que ainda é um mistério para mim, segundo meus Guardiões e Jungkookie o momento perfeito para eu ver o quarto é com meus filhos junto a mim, então aguardei ansioso esse momento, por mais que agora sentindo essa insuportável dor eu não esteja tão ansioso assim.

Jungkook volta com minhas roupas, me leva ao banheiro, me senta na borda da banheira e retira devagar o blusão que eu vestia para dormir, encaro seu semblante preocupado mas incrivelmente iluminado, ele sabe que está prestes a ter os filhos em seus braço e a felicidade reluz de dentro dele e meu coração se aquece infinitamente.

- Estou amando sentir a ternura que vem de você docinho, mas por favor foque apenas em você nesse momento meu amor - escuto ele falando enquanto ajusta a temperatura da água.

- É que você esta sendo tão cuidadoso comigo - expliquei enquanto meus olhos enchem de lágrimas e ele acaricia minha bochecha enquanto me encara.

- Estou fazendo o mínimo meu docinho, você está prestes a me dar os presentes mais lindos de toda a minha vida - uma lágrima escorreu por seu rosto.

Se tudo correr como estamos prevendo que correrá o trio nascerá hoje, exatamente no dia do aniversário de Jungkook.

- Mas eu preciso agradecer agora, talvez daqui há algumas horas eu esteja xingando você, não dê ouvidos, é a dor falando mais alto - ele riu e enxugou as lágrimas

- Não vou dar ouvidos, vou ser compreensivo, juro para você docinho.

- Obrigado bruxinho.

Ele me banhou com delicadeza, mas com pressa durante o banho ele me explicou que a médica disse que eu estou tendo as contrações que ela já havia nos avisado nas consultas e que os intervalos entre elas aumentariam, como elas haviam acabado de começar nós teríamos tempo de nos arrumar com calma para ir a maternidade, mas a ansiedade falou mais alto e dentro de trinta minutos nós já estamos aqui de frente a maternidade.

- Docinho, está sentindo algo ? Está com dor ? - neguei com a cabeça não falei muito durante a viagem até a maternidade, o que deixa Jungkook prestes a entrar em desespero, seguro forte sua mão que está sobre minha perna tentando lhe acalmar.

- Você avisou os padrinhos ? - Jungkook negou com a cabeça, pegou o celular e o virou para mim sorrindo, já havia três chamadas perdidas de Jimin, então ele retornou e colocou no viva voz.

- Alô Kookie, está tudo bem ? Yoonie teve um sonho esquisito e está ansioso demais. - sorri, a sensibilidade de Yoongi me deixa extasiado na maioria das vezes.

- Estamos bem, Jiminie, o trio está chegando. - foi o suficiente para ouvirmos os berros de Jimin falando para Yoongi se arrumar que estavam indo para a maternidade, sequer falou algo a mais para nós em ligação, nós dois rimos dentro do carro com a reação do padrinho.

Entrei na maternidade sem sentir muita dor mas alguns minutos depois aquela dor insuportável voltou, e algumas horas depois ela estava cada vez mais forte e com intervalos menores, graças aos seres eu me desculpei com Jungkook antes de começar a sentir realmente a dor, porque enquanto eu a sentia a única coisa que sabia fazer era xinga-lo, dizendo que tudo era culpa dele e que ele nunca mais colocaria um filho dele dentro de mim e ele apenas assentia sorrindo largo o que me fazia querer soca-lo mais e mais.

As 09:37 da manhã o primeiro bebê nasceu, o Alfa e mais velho do trio reclamou um pouco mas o choro foi mais contido, dez minutos depois a nossa Alfa chorou a todo pulmão mostrando a todos a que veio e depois de mais alguma minutos o nosso omega nasceu, choro baixo mas extremamente esperto, os médicos até mesmo brincaram dizendo que saiu encarando todos ao redor.

Eles foram levados para a incubadora, minha gestação não durou o tempo correto e eles precisaram ficar lá alguns dias aqui.

Assim como foi surpresa para mim o quarto dos bebês é surpresa para os meninos os nomes que darei a eles, então quando entramos na ala das incubadoras para ver nossos filhos Jungkook ainda não sabia seus nomes e agora eles estam lá nas plaquinhas acima de cada um deles.

O primeiro que ele leu foi Yejin, nossa pequena alfa pareceu sentir o pai de longe e logo começou a se remexer ao sentir o toque do pai.

- Ela é perfeita, olhe essas mãozinhas - ele disse enquanto ela agarra seu dedo com força e fica por um tempo ali encarando e tentando memorizar cada detalhe da filha.

O segundo a ser assistido pelo pai foi Yoonji, ele sorriu ao ler a plaquinha e me encarou, o omega balbuciava algo enquanto olha para nós, Jungkook também o toca e ele o encara ainda balbuciando.

- Ele já parece querer conversar conosco, pelo visto será um omega muito ousado - ele me encarou e levantou uma sobrancelha - Nosso mimadinho - meu coração se aqueceu.

Eu só queria chorar e chorar com a constatação de Kookie, porque assim que ele nasceu e os médicos falaram o quanto ele já foi astuto e esperto me veio logo o mimadinho em mente e fiz um pedido mudo aos seres, que meu omega seja sim, tão forte e destemido quando o mimadinho foi.

E por último nosso alfa, Ji- Hoon ao ler o nome Jungkook suspirou alto com a surpresa e uma lágrima escorreu de seus olhos.

- Docinho, obrigado por isso docinho. - ele me abraçou forte e voltou ao filho ficou ali o admirando em silêncio - Será que nosso filho se parecerá com ele ?

Se nosso alfa tiver metade do altruísmo e amor dentro dele que o Rei Jeon Ji-Hoon teve eu serei um homem completamente feliz e eu tentarei com todas as minhas forças, tentarei cria-lo para ele ser um homem protetor e amável como o Rei foi um dia.

- Espero que sim, espero que sim - ele sorriu e encostou no pezinho do nosso alfa que era o único a dormir tranquilamente.

Foi nesse momento que percebi, Meu coração já não bate por mim, bate por esses quatro que assisto nesse momento, nessa sala quase impessoal e fria eles conseguem aquecer minha alma.

A Última Carta SeladaWhere stories live. Discover now