A chamada

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Os olhos da garota investigaram a fundo as profundezas das esmeraldas que rosnavam em alerta, tentando detectar qualquer eventual blefe mas Christian era capaz de tudo. A cada limite ao qual ambos percorriam Catherine achava que poderia ser o ápice impossível de ser superado, mas era apenas o prelúdio da caída para o precipício.

-Nunca dúvide de mim, Catherine. Eu sou capaz de tudo para alcançar o que almejo, você é apenas uma delas...-comentou desligando o chuveiro parando imeditamente com a torrente relaxante de água ao clicar em um dos botões no aparelho incrustado na parede-Torça para não ficar doente, se não terei que te punir por quebrar as regras, arriscando sua vida ao molhar o cabelo de madrugada...

O homem arrastou a garota para fora do box, ambos pingando sobre os azulejos brancos do banheiro até um enorme armário móvel dentro da parede, sem qualquer puxador para abrir ou fechar. Christian retirou duas toalhas apenas com um toque que o fez ceder, amarrando uma na cintura e arrastando Catherine até um dos dois vasos dispostos, sentando-a e esfregando sem nenhuma delicadeza sobre seu cabelo.

-Eu posso fazer isso, Christian!-protestou, mas o homem continuou a secar seus cabelos sem ao menos dar atenção ao seus lamúrios-Deus me livre ficar doente, não sei se minha mãe poderia larguar seus compromisso para cuidar de mim...-comentou, cega momentaneamente pelo tecido que acobertava seu rosto, mas logo Christian retirou para poder observar seus olhos, indignado e perplexo.

-Se ficasse doente eu não iria permitir ninguém da sua família de saguessugas no meu apartamento! Eu mesma cuidaria de você, Catherine!-apontou embasbacado fazendo uma crise de riso persoadir os lábios da garota, que tentou evitar a princípio, mas falhou miseravelmente-Por acaso eu falei algo engraçado?-questionou aborrecido, forçando as suas expressões a se endurecerem, mesmo que aquele sorriso raro, contagiasse os pelos da sua nuca até a alma.

-N-não!-falou sem nenhuma convicção tentando conter a explosão de gargalhadas iminetes. O homem frustado, jogou a toalha em uma das pias e caminhou para fora do ambiente, mas antes de sair, virou-se para trás, perverso.

-Quer saber, Catherine?-vociferou-Você está proibida de secar esse seu cabelo por hoje e torça para que não fique resfriada. Se ficar, será um pretesto para eu te surrar!- e dessa vez quem sorriu foi ele, de imediato, apagando qualquer manifestação e estampido, mero que fosse, de felicidade descontraída pelo apartamento.

O suspiro aflito da garota ao observar seus cabelos desgranhados pelo imenso espelho do banheiro, fez com que o arrependimento dilacerrasse seu peito, estava inteiramente molhado e algumas partes pingavam pequenas gotas de água, banhando suas costas.

Ao sair e adentrar os limites para o quarto, Christian arremessou um envelope sobre seu peito, que se não fosse o reflexo rápido de suas mãos poderia dissoadi-las e escapar para o chão-O que é isso?-questionou confusa, recorrendo a suas palavras de esclarecimento, mas logo observou sua bolsa sobre o chão, revirada e obsoleta sobre o carpete para a entrada do closet. Abriu o envelope encontrando uma passagem apenas de ida para Mônaco, na França, com o vencimento próximo à duas semanas, junto a um extrato bancário com milhões de dólares transferidos de uma conta empresarial fantasma.

-Eu é que pergunto...-cruzou o ambiente em direção ao um mini-bar improvisado, ao qual uma vez, era apenas um criado mudo, mas agora, uma gaveta de bebidas caras. Christian abriu uma delas, explusando o lacre com a boca e tomando um gole privilegiado-Porra!-urrou-Como você iria me contar?-questionou-Por uma carta? E-mail?Ou nem ao menos daria uma explicação quando se mudasse para o outro lado do mundo?-ponderou retoricamente-Acha que sumiria por quanto tempo? Um ano? Três meses? Três semanas?-sorriu maquiavélico, passando as mãos pela tempora dos olhos mal-humorados-Preciso dizer que você me enganou certinho...Não achava que seria capaz disto! Não quando sua família depende de você para respirar, Catherine!-gritou jogando a garrafa de vidro contra o chão, deixando-a em pedaços fragmentados e seu líquido ambar marchando o local.

No limite da Dominação Where stories live. Discover now