LUGAR ERRADO

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Stella

 Ele faz um sinal com a cabeça, indicando o banco de trás

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 Ele faz um sinal com a cabeça, indicando o banco de trás. Eu entro no carro, e sinto os pelos de meus braços se arrepiarem.

— Onde deseja ir? — Algodão doce, é como escuto sua voz.

— Kensington e  Chelsea, por favor. — Digo meu bairro a ele, enquanto ataco o cinto de segurança.

 Ele me olha pelo retrovisor do carro. Segundos depois estamos andando. 

 Ele acelera, vai bater em uma parede. Está louco. Fecho os olhos por impulso.

 Espere. Não batemos na parede. Não estamos no chão, e com certeza não estamos em Londres.

 Olho pela janela. Estamos em cima das nuvens. E consigo ver logo abaixo uma floresta. Me pergunto o que teria acontecido se não tivesse atacado o cinto de segurança.

— Por Merlin — minha cabeça está a um milhão, estou ficando louca, é a única explicação sensata para essa situação. Não, espere, loucos não dão explicações sensatas para as loucuras de suas vidas —, o que está acontecendo? Quem é você? E meu Deus onde estamos?

— Pode chamar de casa. — Casa?

 Ele aterrissa e o carro desaparece, junto com o motorista. Está frio. E eu estou numa floresta vazia e escura. Sinto um arrepio, por dentro.

 Ando tentando achar uma saída. A floresta vai se iluminando ao poucos, estrelas aparecem e o que eu acho que são vagalumes. Espere um segundo, vagalumes não são tão grandes, e como certeza não mudam de cor.

 Borboletas douradas, flores de cristais, pássaros de diamantes? Meu Deus, onde estou? Até parece as histórias que minha mãe me contou mais cedo.

 Escuto os arbustos atrás de mim se mexerem, me viro num impulso. Vejo os olhos vermelhos escuros de uma menina com cabelos castanho pretos, como carvão, suas mãos estão queimadas, quase da cor de seus cabelos. Ela me olha com ódio, se seu olhar pudesse matar, já teria virado adubo. O que eu fiz? Nem conheço essa garota. 

— Quem é você e o que faz aqui? — Ela pergunta seca.

— Sou Stella Melanie Mitchell — respondo tentando esconder meu medo —, e honestamente não sei o que faço aqui.

— Ótimo, precisarei matá-la. — Ela diz e seus olhos vermelhos escuros se acendem junto com uma bola de fogo que vem de sua mão. Mexas vermelhas vividas aparecem em seu cabelo.

— Brullinys Fire — uma voz desconhecida ecoa pelo meus ouvidos —, pare já com isso.

 Elas são muito parecidas, pelo fato de a tal de "Brullinys Fire" ser mais nova.

— Muito bem, querida. — A mais velha diz — Sou Tinny Rosalind, por que não me diz o que faz aqui?

— Eu nem queria estar aqui, só quero ir para casa. — Eu digo cansada.

— Muito, bem... — Ela começa — Está tarde agora, por que não me acompanha até em casa? Posso te emprestar uma roupa, já que essa está... Bem, molhada.

— Mãe — a mais nova começa —, vai mesmo confiar numa estranha? 

 Tinny a olha feio, e a menina bufa.

 A menina passa por mim, me olhando com raiva. E logo desaparece de meu campo de visão.

— Desculpe minha filha — Tinny começa —, ela está passando por uma fase difícil. Todos estamos. Venha, vou te levar até minha casa. — Concordo com a cabeça e mordo a língua para não perguntar:

— Desculpe, mas o que vocês são e por que estão passando por tempos difíceis? — Droga!

 Ela sorri.

— Somos considerados míticcos, ou seja, criaturas capazes de criar elementos naturais, e você está em Spiritfield. — Ela fala docemente — Todos em Spiritfield são, elfos, fadas, ninfas, ou qualquer tipo de criaturas mitológica que possa acreditar. Nossa soberana nos visita um vez por ano, e quando ela volta para sua família mortal, tudo desmorona. 

 Estou num contos de fadas? Espero que não tenha príncipes.

 Eu a sigo em direção a uma casa bem bonita, com paredes em porcelana, e um jardim com flores lindas, mamãe adoraria isso.

— Vou preparar algo para você comer, pode ir tomar um banho. — Ela fala com a garota que faz um movimento para segui-la.

— Me desculpe — ela começa —, começamos com a asa esquerda. Me chamo Mary Helena, mas costumam me chamar apenas de Helena. 

— Como já disse, me chamo Stella. — Eu digo, ainda a seguindo. Ela me leva ao banheiro da casa — A água quente é no botão vermelho, vou ver se acho alguma roupa para lhe emprestar.

— Obrigada. — Digo entrando no banheiro. 

 Tiro o vestido molhado e entro no chuveiro, ligando a água quente, porque aqui é extremamente frio. 

 Me pergunto como explicarei para meu pai o porquê de não ter dormido em casa hoje: "Primeiro terminei com meu namorado, depois fui assaltada, assediada, e peguei um táxi que começou a voar e então desapareceu, me deixando numa floresta. Uma menina chamada Helena quase me matou..." Acho que está irreal demais, terei que pensar em outra história mais tarde. Mas agora terei que arrumar um jeito de tentar entender o que está acontecendo.

 Não sei se vou gostar da explicação, mas prefiro arriscar. Já sei de coisas de que gostaria esquecer, ou nunca ter descoberto.

Taxista fantasmaWhere stories live. Discover now