Profecia

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Stella

 A menininha vem em minha direção

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 A menininha vem em minha direção.

— Eu posso vê-lo. — Ela diz com um sorriso no rosto.

— O que? — Pergunto sem entender.

— Iria para casa se fosse você — ela diz e corre de volta para seus brinquedos.

— Annie, cuidado com as palavras, não queremos assustá-la. — Um garoto com aparência de 10 anos diz.

Olho para Lany em reprovação, como pode não me contar sobre a existência de alguém da família? Conversaremos sobre isso depois, faço uma nota mental.

 Entramos em sua casa e vejo sua mãe sentada no sofá, parece nervosa.

— Oh, céus. — Ela se levanta — Que bom que chegaram! — Ela diz e para seu olhar em mim. — Stella, oh meu pai. O que está fazendo aqui? 

— Por que todos estão tão preocupados com isso? — pergunto já cansada.

— Vocês contaram para ela da profecia? — A mãe de Lany pergunta revezando o olhar entre Lany e Helena.

 Ficamos todos em silêncio. 

— Não pode ficar aqui. 

— Eu sei — começo —, todos estão me dizendo isso, apenas não sei o porquê.

— "No dia em que o ar ficar branco e cinza..." — Ela começa dizendo a mesma coisa que Helena.

— Mãe! — Lany urra — Não pode fazer isso. 

 Meu Deus, isso só pode ser um pesadelo. 

— Ela já está aqui, a profecia já começou. — Helena diz.

Elas entram em transe.

— "No dia em que o ar ficar branco e cinza — elas dizem em conjunto, parece ensaiado, como se fosse um discurso —, uma menina, filha da soberana, filha da estrela brilhante, acabará com os pesadelos, e como prejuízo, matará sua mãe, sua rainha, sua soberana. Tenham cuidado com ela, ela faz os reinos caírem, e fazem os monstros debaixo da sua cama desejarem nunca terem nascido. O tempo ficará mais rápido, e quando notar, será tarde demais."

 O que? Azure urra. Tirando todas do transe. 

— Não! — Lany diz apavorada — Precisa voltar, agora. 

— Azure! — Helena diz — A leve para casa.

 Azure me coloca em suas costas usando sua cauda.

— Não, me expliquem! — Grito — Quem é a soberana? Por que preciso ir para casa? 

"A vida é mais perigosa com explicações" — Uma voz diz em minha cabeça, mas não é de Luna.

✶ ⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷ ✶

 Azure me deixa em frente a minha casa. Escuto um tiro ao longe, e logo corro para dentro, Azure corta o céu e me arrependo de não ter me despedido.

  Vejo meu pai no chão, abraçando os joelhos, como se tivesse enlouquecido. 

Torço para que seja um pesadelo.

— Pai? — pergunto me aproximando.

— Não faça barulhos, ele vai pegá-la. — Seus olhos ficam brancos e ele caí no chão. Entro em pânico. Sinto lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Escuto um tiro ao longe, de novo. Mordo a língua para não gritar. Uma palavra aparece em sua testa: "morto".

  Vejo Abitha, sangrando por um buraco em sua testa, seus olhos brancos. Quando chego perto dela vejo sangue escorrendo pela sua boca. Está morta. Terei pesadelos com isso. 

 Outro tiro, mordo a língua mais forte e temo arrancá-la fora, outro tiro, e outro, e outro, e um grito. Mamãe.

 Corro em direção ao seu quarto passando em meio de cadáveres. Eu escuto um tiro e vejo uma figura vestida de preto, é um garoto com olhos pretos, ele me olha no canto do olho e eu congelo. Morrerei hoje. Escuto sua respiração em minha orelha direita, ele tem cheiro de sangue com uma pitada de champanhe. 

— Acabou, princesa. — Ele diz com a voz calma, como um tranquilizante e logo desaparece.

 Mamãe está deitada em sua cama com os lençóis manchados de sangue e um buraco em sua cabeça. O cheiro de sangue me deixa com nauseas. Desejo ter morrido em seu lugar. Me jogo sobre seu corpo seus olhos brancos serão meu novo pesadelo. Em minha visão periférica vejo manchas vermelhas. "Vida longa a rainha" é a frase que está escrita, com o sangue, da minha mãe.

 Me permito gritar e o faço, nunca gritei tanto em minha vida, nunca tive um motivo tão importante para chorar em minha vida. Nunca senti esse sentimento.

✶ ⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷ ✶

 Não fechei os olhos naquela noite, e tenho certeza que nunca mais os fecharei. Minha mente pode me causar peças, mesmo assim, vejo seus olhos negros em cada canto que olho. O seu cheiro me persegue, parece que está grudado em minha alma, e sua voz... Ah, sua voz. É amarga e doce, quente e fria, viva e morta. Espero nunca mais ouvi-la em minha vida, mas ao mesmo tempo, quero ouvi-la uma última vez, apenas para testá-la.  

 A morte faz com as pessoas o que o amor faz com elas: estraga o certo, piora o errado.

Taxista fantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora