Capítulo 31: Em três idiomas

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Se aparatar é ruim, viajar por portais é pior ainda

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Se aparatar é ruim, viajar por portais é pior ainda. A vertigem me atingiu em cheio, achei que fechar os olhos fosse melhor, mas só tornou mais enjoativo. 

Observei Sirius jogar a Chave do Portal para longe assim que caímos no chão duro de Hogsmeade, o impacto foi todo para meus pulmões e achei por um segundo que perdi a habilidade de respirar. 

Devagar, apoiei-me de lado no meu cotovelo. Vi o nuque rolar entre raízes de árvores e lama até desaparecer do meu campo de visão. Ao nosso redor, só encontrei árvores. Estamos nos bosques? Não faço ideia de que parte de Hogsmeade seja esta. Além do mais, sinto-me fraca e tonta. Percebo que a queda foi mais cruel com Sirius, que já estava consideravelmente mais machucado do que eu. Há uma expressão de dor em seu rosto e não estamos mais de mãos dadas.

Juntei toda a força que me restou para dobrar meu corpo até conseguir ficar sentada, e então me agachei, e por fim conseguiu me pôr de pé. Entre a enxurrada de pensamentos que passavam por minha cabeça, a única coisa (e provavelmente a mais idiota) que consegui me concentrar foi...

"Usamos magia fora da escola."

Sirius se apoiou em ambos cotovelos ainda caído com as costas para o chão, me olhando com um vinco entre as sobrancelhas.

"É com isso que está preocupada?" ele caçoou, mas vi seu sorriso vacilar, como se a possibilidade de sermos expulsos de Hogwarts tivesse enfim passado por sua cabeça. "Nós precisávamos usar magia para nos defendermos."

Mas eu percebi a incerteza em sua voz e sei que ele está pensando o mesmo que eu: não temos ninguém para nos defender caso algo aconteça. Nosso sobrenome não significa mais nada para nós.

Aliás, não duvidaria que nossas famílias testemunhassem contra nós, entretanto, certamente eles não arriscariam ser expostos como opositores do Ministério, muito menos como Comensais da Morte, então não acho que precisamos nos preocupar com isso por ora.

"Temos que falar com Dumbledore", falei assim que o pensamento se formou em minha mente. "Não tem mais como adiar o inevitável."

"Com certeza", Sirius suspirou, passando as mãos pelos cabelos negros, uma expressão de dor em seu rosto ao mexer a perna. "Daria tudo para não ter nascido no meio dessa gente que se acha a realeza puro-sangue."

"Sirius?" chamei, virando-me para vê-lo melhor. Ele me deu um olhar indagador. "Depois de hoje, duvido que ainda fazemos parte da realeza puro-sangue."

Ele me encarou e eu sustentei o olhar. Percebi o canto dos lábios de Sirius se repuxar, e logo nós dois caímos na gargalhada.

Fomos ambos deserdados – quer dizer, não fui oficialmente deserdada, mas é só questão de tempo até meus pais saberem do que aconteceu. Dois bruxos menores de idade, sem família, que não se graduaram ainda, nem podem usar mágica fora da escola. Toda a situação parece tão ridícula que chega a ser engraçada.

ROYALS • Sirius BlackWhere stories live. Discover now