Capítulo 1: Bruxos ingleses

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Havia duas malas socadas de livros e roupas jogadas em cima da cama. Tenho certeza que não vão fechar.

Bati minha mão na testa e fechei os olhos, xingando-me por não ter ajeitado as malas antes. Quem sabe se tivesse começado mais cedo teria tempo de separar o que preciso levar para a nova escola e o que pode ficar em casa. Mas, na correria, só restou tempo de jogar meu guarda-roupas inteiro dentro das malas.

Estou cruzando os dedos, torcendo para não ter deixado algo importante pra trás. A última coisa que quero é receber um berrador dos meus pais logo no primeiro dia de aula, avisando que esqueci minha vassoura ou algo assim.

E, em nome de Merlin, eu nem tenho um plano de como vou levar uma vassoura e uma coruja para a estação de trem sem chamar a atenção dos trouxas.

Olhei desesperada para a escrivaninha no canto do meu quarto. A gaiola de Noir, minha coruja-preta latina, estava aberta e a corujinha, ainda filhote, bebericava a água que coloquei para ela hoje de manhã.

Um dos meus tios mandou Noir de presente quando descobriu que eu seria transferida para Hogwarts. Meus tios e outros parentes estão espalhados pela América Latina, mantendo a tradição familiar de educar os filhos no Colégio Castelobruxo.

Enviar uma coruja de presente é bem estranho considerando nossa forma de correio. Noir chegou em uma gaiolinha carregada por outra coruja, que a trouxe até minha janela junto de um cartão desejando sorte no primeiro dia de aula.

Quer dizer, eu que não vou reclamar. Sempre quis ter minha própria coruja, mas o máximo que meus pais me deram foi um sapo – que morreu uns dois meses depois de vir morar comigo, o coitado.

Sentei-me na beirada da cama, impaciente. Só de pensar nos malucos que eu chamo de parentes já sinto uma pontada de dor de cabeça. Obcecados por manter pureza sanguínea da família Borage, mas sem vontade de lidar com os dramas das famílias puro-sangue latinas, meus avós decidiram enviar meu pai para estudar na França. Meus pais se conheceram na Academia de Magia Beauxbatons, onde eu também estudo.

Ou melhor, estudava.

Noir bateu o bico nas grades da gaiola, olhando astutamente para mim.

"Que foi, bolota de penas? Não vou te dar mais comida."

A ave parecia entender, pois se virou de costas pra mim e encarapitou-se no fundo da gaiola, irritada. Soltei uma risada nasalar. Era uma coruja gordinha, aquela. Aposto que estou lhe dando comida demais. Foi assim que matei meu sapo – acho que devo tomar mais cuidado com a saúde de Noir.

Ao chegar nesta constatação, cai de costas na cama espreguiçando-me. Não era assim que eu queria começar meu quinto ano, mas que opção eu tenho? Com meus pais sendo transferidos para trabalhar em Londres, infelizmente, não há nada que eu possa fazer além de dizer adeus ao meu uniforme de Beauxbatons.

ROYALS • Sirius BlackWhere stories live. Discover now