A Teoria da Confiança

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Depois de anos de empenho e muita dor de cabeça para conquistar Ellinha, Marola andava de mãos dadas com ela para que todos vissem seu trabalho bem feito.

Quem não teria orgulho da melhor? Com todo o respeito às esposas de seus parceiros, porém a paixão e a soberba jogaram a sua no topo onde só ele estaria por perto garantindo sua segurança uma vez que nem abraçá-la e pegar pela bunda afastava ratos.

Se viu cercado de idiotas que se acham os últimos bons malandros. Muito burro achar vai assobiar pra mulher de um chefe e sair impune. Coronhada de fuzil no bucho pra ficar esperto ou ficaria feio pro próprio Marola. Faixa preta, po. Ainda mais na base matriz do Império sob as dezenas de olhos focados em cada homem de confiança do patrão? Inadmissível!

Eventos assim recordavam Marola do porquê se impôs até conquistar o próprio domínio. Dar satisfação pros outros a cada passo era uma merda e mal via a hora de voltar pro Complexo onde sua palavra era lei e só precisava se explicar pra Gracinha, até lá, seria só mais um guerreiro. Mais um, olha que coisa murcha? Pior que suspirar descontente levantaria suspeita de almejar o último degrau da escada podre: derrubar Julius. Deus o livre, viu? Seus muitos problemas bastavam pra temer um poder maior que o que representado nos anéis e na corrente que Ellinha se recusou a devolver.

— Perdeu, playboy! Nem vem que tu vai tirar isso de mim no meio do povo.

— Quanta marra... Tudo isso é vontade de provar que tá comigo porque quer?

— Tudo isso é porque eu me acho gostosa com o teu cordão nos peitos.

— E desde quando patente é acessório de madame, maldita?

— Falando assim parece até que eu não tenho o porte de carregar uma dessa no colo.

— E agora tu se orgulha disso, é?

— De salvar nosso pescoço provando que eu não sou uma intrusa que tu tá acoitando, paixão? Com certeza!

— Como que a gente saiu do "bate e me xinga" pra esse deboche teu, hein?

— Vai me cobrar, patrão? – um suspiro forte escapou com a brutalidade com que teve a cintura puxada.

— Tu não acha que tá brincando muito com a sorte, não?

— Isso é uma ameaça?

— Tu descobre da próxima vez que eu te der teu trato! – cobraria pendurada em seus ombros.

Maldita do beijo gostoso e o rabo bom de apertar do jeito que o diabo gosta, essa sonsa. Hoje fariam bom uso desse talento todo. A abraçou pelos ombros e com mais essa confirmação de que trazia a esposa, não uma mera acompanhante, os holofotes recaíram sobre a Fiel do Marola e ela, tão acostumada em suportar pressão em prol de imagem, o faria pela honra e vida do casal. Comparação esquisita se pensar que os dois nem valiam os milhões que ela conquistou fazendo a fina.

Bom que ela soubesse dançar o minueto dessa valsa e o faria com esplendor do balé de Mercedes Batista. A bicha era talentosa, né?Paloma perdia como atriz comparada à Krystiellen no papel da esposa tranquila e dedicada dessas que beija a testa, o serve um prato de comida, só fala quando falam com ela e no máximo sorri pra não fazer desfeita enquanto massageia suas costas tensas, um papel que durou pouquíssimo, graças à Deus. Coisa esquisita, nem parecia a mesma por quem se apaixonou.

Ele amava Ellinha e Ellinha nunca fez o tipo básico, nem se quisesse muito passava despercebida. Quando menos esperavam, ela lançava uma opinião sem nem pensar no quanto o ambiente exigia passividade. Mais forte que ela, desculpa aí. Porra, uma estante de troféus seus e agora se tornava um? Bem que Marola avisou, né?

A Teoria do CorreWhere stories live. Discover now