Prólogo

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— Aí, a gente vai descer a porrada em vocês. O que acham de se render antes da derrota?

As risadinhas vieram logo a seguir da fala aguda e determinada.

Aquilo era tipo uma regra ou algo que as crianças sempre faziam quando as aulas voltavam, era estranho e até meio perigoso, todavia aqueles pestinhas eram diferentes, nem mesmo a diretora Kayama que era extremamente seria e rigorosa podia pará-los.

Bom, como ela faria isso? Ela nem mesmo estava sabendo daquela pequena algazarra que estava acontecendo no recreio, e que estava parecendo muito mais um ninho de formigas, se enchendo cada vez mais, com várias crianças eufóricas e imparáveis.

Como um bom formigueiro, ali tinha uma formiga rainha, bom, haviam dois reis, príncipes, ah, tanto faz.

Enquanto um rei carregava consigo um esquadrão totalmente ardiloso, os mais animadinhos, os foras da lei, “os donos da parada” como eles se alto nomeavam; o time da bagunça.

De um lado oposto e batendo de frente, estava o outro rei, o olhar era mais medroso, porém gentil e determinado. Daquele lado estavam os calmos, os que os pais mais amavam e viviam elogiando, os “mocinhos, almofadinhas e mimadinhos" como o esquadrão do caos costumava caluniar pela escola inteira.

Ah, eles se odiavam. Era como dois times inimigos jogando contra, e uma torcida ao redor imensa gritando eufórica para o começo do jogo.

— Você não ouviu o que eu falei? Se faz de surdo ou de otário? — O "rei" do caos, com seus poucos centímetros de altura sendo ainda do jardim da quarta série do fundamental, se inclinou para frente, o sorrisinho ladino ameaçador estava ali.

Aquilo era uma criança ou uma arma de medo? Não importava no momento, pois todas as outras crianças riram.

— Ei, isso não é legal, Kacchan! — Lá estava, o rei do outro squad, o esquadrão dos mimadinhos e filhinhos da mamãe.

— Cala a boca, cara. Estava certo que a quadra era toda nossa hoje. O que você tem contra isso? Por que não vão brincar de Adedonha na sala, com as meninas? Vocês são inteligentes, não é? Aprenderam a ler e escrever mais rápido que nós, então vão aproveitar o talento!

O som de um “Wooh!" De toda a turminha ali foi ouvida, era assim toda vez que alguém falava algo com razão, ou algo que fosse identificado como “carão". Na verdade toda vez que alguém dava uma contra resposta legal a sala fazia isso, era muito maneiro.

Pareciam estar tratando de algo realmente sério, assuntos de crianças de outros patamares, isso era coisa de crianças em outros níveis, era demais. Apenas.

— Isso não é legal, Bakugou. Perguntei para a tia e ela disse que a quadra é para todos, podemos jogar juntos inclusive, como amigos. Afinal somos todos da mesma classe. Não é?

A voz quase nula foi ouvida, porém dessa vez todos se prestaram a ouvir, o silêncio se fez presente, e todos encararam o garotinho de cabelos bicolores, o Todoroki, que estava exatamente ao lado do rei do squad comportado, e também seu melhor amigo, Izuku.

— Eu não pedi sua opinião, seu besta do Todoroki!

— Opinião não foi feita para pedir Bakugou, e sim, para se dar! — Dessa vez foi uma voz feminina a interferir, era Ochaco, e ela parecia brava.

— O quê?! Você... Você é uma menina! Por que 'tá aqui? A quadra é só para garotos, e futebol é coisa de homem. — Alguém no meio da algazarra vociferou, indignado.

— Bom, que eu saiba não tem uma pré-inscrição com gênero na entrada da quadra, e isso também não se aplica a nenhuma lei do futebol, certo? — Yaoyorozu, a garotinha de rabo de cavalo que estava apenas observando do banco onde estava sentada, gritou de volta, nenhuma das crianças ali entendeu o que ela quis dizer, mas de alguma forma sabiam que ela tinha razão.

No mundo das crianças não existe regras e muito menos limites. Se alguma criança tivesse uma conduta errada ou um ponto de vista errado como aquele sobre o futebol, provavelmente tinham visto algum adulto ou alguém agindo assim.

Então como crianças, apenas esqueceram essa questão, afinal para eles aquilo era apenas algum tipo de diversão em seu próprio ecossistema, onde só eles mandavam, uma própria soberania induzida pela mente infantil.

Os esquadrões ali eram como dois partidos inimigos, do lado dos travessos era o Bakusquad, os que os pais sempre recebiam reclamações nas reuniões de pais, com um loirinho irritado sendo o líder dele, e do lado oposto estavam os queridinhos, Dekusquad, odiados e invejados pela maioria das crianças.

Mal sabiam eles que aquilo não passava de uma mera bobagem.

Uma coisa tão boba que levariam algum tempo, ou talvez nunca mudasse, o começo de um talvez conflito que levariam para a vida

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Uma coisa tão boba que levariam algum tempo, ou talvez nunca mudasse, o começo de um talvez conflito que levariam para a vida.

Bom, não totalmente, afinal eles tinham amadurecido com tempo. Claro que sim, o tempo os ajudou a enxergar que aquilo não passava de uma coisa infantil, e que não podiam levar para frente.

Séria muita infantilidade.

— Para a casa do caralho. Eu vou meter o cacete em vocês se não saírem daqui. — A voz grave e já sem paciência soou por toda a quadra e diferente de risinhos infantis, desta vez foram risadas da parte das garotas do terceiro ano do ensino médio, para ser mais exato, o grupinho das garotas de líderes de torcida.

— Ah qual é, você já está sem paciência, meu irmão? — A voz baixa e calma foi a última faísca para o rapaz loiro bufar de ódio. — Kacchan, você não se acha muito estressado para um adolescente?

A piscadela a seguir foi a cereja no bolo que faltava para o rapaz donos de olhos igneos voar com passos pesados e rápidos, em direção do seu “desafiante”, e o puxar na força da ira pela gola da camisa escolar, o puxando para ficarem a centímetros de distância.

A respiração pesada e o olhar mortal que ambos se direcionavam parecia torna o lugar um campo minado ou melhor, parecia um desafio mudo, quem respirasse mais alto; morria.

Tinha se transformado em um jogo de vida ou morte. E nem importava mais se aquilo era só a primeira aula de educação física no ano. Certos modos e manias nunca mudavam.

Todos já estavam até se acostumando com o fato de Bakugou's e Midoriya's talvez se odiarem desde que seus ancestrais se encontraram pela primeira vez na história da humanidade.

Só que tinha um problema, o tempo não fez de Izuku um nerd envergonhado e tímido, ele fez dele um tremendo debochado, mimadinho e idiota, como Katsuki costumava o amaldiçoar sempre que punha os olhos sobre ele.

Era ódio, e quem sabe, talvez, este sim fosse um sentimento recíproco? Talvez, eles concordassem em se odiar.

— Eu vou fazer você sair dessa queimada todo doído, seu nerd metido. — Bakugou cuspiu as palavras ao soltar a gola da camisa do outro.

— Ótimo, então. Assim não saio daqui com a consciência pesada de fazer pior com você, sua loirinha vingativa.

Nós, e os garotos ๑BakuDekuWhere stories live. Discover now