Capítulo 09: "Só sei, que nada sei"

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Hoje estava programado para ser um dia legal, especialmente para mim. Se é meu aniversário? Não. Talvez eu só seja o tipo de pessoa otimista, que todo dia tenta o seu melhor, e que espera um próximo dia “melhor”.

Mesmo que o dia não esteja sendo tão bom, vou tentar sorrir e enxergar as melhores soluções. Isso se eu estiver realmente de bem.

Entretanto, meu cérebro fez questão de me lembrar da última vez em que estive perto dele, do Katsuki.

Tinha algo rondando minha mente. As várias e várias, dúvidas, pensamentos que puxavam outros pensamentos... Argh. Isso não me deixava eufórico, e sim, me deixava quieto, pensativo e sem vontade de fazer qualquer coisa, por um bom tempo.

Fazer o quê? Eu sou o tipo de pessoa que pensa demais, e eu sou das teorias.

Ah, francamente. Por que as coisas nunca andavam com a gente? Sei lá.

Eu conseguia me enturmar com qualquer pessoa, se eu quisesse, não que isso seja algo ruim ou muito difícil de fazer, mas bem, eu sou tímido e, sim, pra mim isso é algo difícil sim.

Porém, porquê, por qual motivo o Katsuki tinha que se irritar com tudo que eu fazia? Eu era tão chato assim aos olhos dele? Poxa, eu só queria fazer uma brincadeira com ele.

Naquele dia, sobre ter dito que gostei de algumas das falas da peça que iríamos fazer, eu nem estava tão certo assim do que estava dizendo, e, confesso, que até gostei mesmo, porque eu me senti estranho. Digo isso, pela parte dele ter deixado eu concluir minha aproximação.

Nós estivemos próximos, de mãos dadas, enquanto eu falava alguma coisa idiota para o irritar, e, ele nem me deu um soco por isso.

Isso poderia ser considerado um “sentir estranho” bom, ou ruim?

Não sei, só que, foi diferente, o fato simples e até bobo, que ele me deixou ao menos me aproximar, me fez criar várias incógnitas e conflitos na minha cabeça.

Não que eu seja emocionado, ou, talvez um pouquinho?! Ah! É só que ele tinha se afastado do nada de mim e de tudo que envolvia contato comigo.

Ou talvez, não tenha sido só comigo? Será que ele se separou dos antigos amigos da nossa escola do fundamental? Bem, algumas pessoas continuam amizades por muito tempo depois de mudar de escola. E o Kazinho só sumiu do nada.

Era estranho olhar para o assento a minha frente, e não ver mais aqueles tão familiares cabelos loiros, suas costas, ou o mover de ombros quando ele se mexia, enquanto ele rabiscava algo no caderno ou mesmo sobre a carteira.

Passei horas, até tarde da noite, na frente do meu notebook, sem de fato mexer nele ou falar algo, nem que fosse comigo mesmo. Fisicamente eu mexia sim, no notebook, mas minha mente rondava tantas coisas.

Eu estava confuso, muito mesmo.

E até tentei jogar algum RPG multiplayer com meus colegas, mas acabei recebendo vários questionamentos de Uraraka por eu estar a maior parte do tempo com o microfone multado na chamada e sempre que respondia a algo, era julgado como indiferente, avoado ou desanimado, por Shoto. — Irônico não?

Talvez fosse só a energia jovial que tivesse me possuído e eu estivesse sem vontade de dormir, e por conta disso estava pensando demais.

E eu tinha até uma parcela de razão em questionar um pouco. Digo isso porque ele nunca, nunca deixou, a gente nunca nem deu as mãos em um comprimento amigável e saudável, como pessoas normais fariam.

Bom, faziam, pelos meus cálculos, quase 8 anos que não, que a gente não se falava e nem tinha tido nenhum tipo de contato. A não ser, depois que entramos para o ensino médio e, desde o nono ano, voltamos a nos falar.

Nós, e os garotos ๑BakuDekuWhere stories live. Discover now