Capítulo 11: O amor, é uma desgraça

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— Eu achei, que estivesse tudo bem, entre a gente.

— Não, não está. Você é tão cara de pau, que me vem com um presentinho, justamente, antes do dia dos namorados. Acha mesmo que isso vai me fazer esquecer as suas cagadas?!

— Mitsu, por favor, calma. Eu só achei bonito, lembrei de você e, trouxe. E, nós ainda estamos juntos, não é? Marido e mulher. Não seria normal? Eu sempre te dei presentes em datas assim, e hoje é dia dos namorados. — A voz baixa do meu pai soou, mais uma vez, ele parecia tentar conter a raiva da minha mãe. — Aquilo não é pra mim, eu juro.

Sentado no chão da sala de estar, eu jogava videogame.

Era difícil manter a atenção somente na tela da televisão, era difícil tentar entreter a mim próprio, era difícil fingir que nada estava acontecendo, quando minha ansiedade faltava estourar minha cabeça, e em outro cômodo da casa meus pais brigavam, mais uma vez.

Eu não queria prestar atenção, não queria me meter, eles eram adultos podiam se resolver sozinhos. Porém, meu coração insistia em bater mais rápido no peito, acelerado, com um sentimento ruim me consumindo.

Mas, estava tudo bem, eu não precisava ligar, eu tentava. O que de ruim podeira acontecer? Ugh, só de pensar a raiva batia, minha consciência não colaborava.

— O que você tá tentando insinuar, com essas ações? — A voz masculina em um tom demasiadamente calmo, característica do pai soou outra vez, com um questionamento.

— Eu? Eu insinuando? Porra. Tá querendo dizer que, eu tô criando coisas, onde “não” tem? — Mitsuki soou como se risse da idéia. — Por favor, Masaru. Você quem deveria rever suas ações.

Se eu entrasse no meio séria pior, eu não saberia quem defender, como argumentar ou agir. E mesmo que eu pensasse no que poderia fazer, na hora de por em ação, eu acabaria me perdendo e ficando muito mais nervoso.

O pior de tudo, é que agora, eles não pareciam lembrar de mim. Porra, eles achavam que eu tinha ficado surdo de vez? Eu também era alguém ali, entre eles dois, ainda existia eu.

— Droga, não me toca Masaru. — Ela esbravejou, entre dentes. — Eu tô cheia dessa sua mesma ladainha, que merda. Por que 'cê não quer que eu fale? Você sabe que tá errado, não é? Foi você quem causou tudo isso.

— O Katsuki 'tá aqui, lembra? — Foi um sussurro, mas, eu ainda conseguia ouvir. E me amaldiçoava horrores por ter uma condição fodida. Minha audição só servia em momentos desnecessários.

Ou talvez, eles estivessem de fato, aos gritos.

Droga, eu nem tava mais prestando atenção no jogo.

Por um minuto inteiro houve silêncio entre eles, até meu pai voltar a falar.

— E, eu não queria encobrir nada, sobre mim.

Ouvi passos, e voltei a visão e atenção para o videogame. Alguém estava se aproximando.

Minhas mãos estavam tremendo, e eu já conseguia sentir aquela dorzinha infeliz de uma provável enxaqueca chegando.

Era, por isso, que eu odiava ficar em casa, porque sempre era assim, brigas e mais brigas. E com tudo isso, mesmo não tendo nada haver comigo, eu não conseguia me sentir confortável.

Eu não conseguia parar de me importar.

— Ei, Kat... Eu tô indo jantar fora, comer uma pizza, tomar refri, sorvete... Você não quer ir? Podemos ir naquela lanchonete de comidas picantes que você gosta. — Escutei o barulho de chaves sendo balançadas, no sofá atrás de mim, provavelmente ele estava sentado lá.

Nós, e os garotos ๑BakuDekuWhere stories live. Discover now