Rotina imperfeita

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Boa leitura amores ❤️

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Depois de duas semanas cursando medicina, você entende o que é sofrimento de verdade. Meu corpo pedia por descanso imediato, e a minha mente? Parecia que explodiria.

Apenas quatorze dias cursando a minha faculdade dos sonhos, eu já estava pedindo arrego. Não que em algum momento em apenas duas semanas, o pensamento de desistir tenha passado pela minha cabeça, óbvio que não.

É tudo tão maravilhoso. As matérias em si são simplesmente incríveis, me fazem pensar que de fato é isso que quero para a minha vida. Quero cuidar das pessoas, descobrir o que está fazendo mal a elas e ajudá-las para que fiquem bem.

Mas quem disse que seria fácil, estava somente tentando me iludir. São tantas informações, um conjunto de novas descobertas a cada período concluído, e sim, o meu cérebro já não aguenta mais uma hora de exercícios complexos sobre doenças e infecções, mas a minha motivação não me deixa ter um momento de pausa; minha curiosidade não consegue deixar para depois, e então, por conta de todos esses motivos, estou acordado às duas da manhã, em pleno sábado, repassando toda a matéria dos dois últimos dias.

Tudo sobre anatomia é complexo demais, os mínimos detalhes nessa matéria fazem toda a diferença, e nunca fui tão grato por ser do tipo minimalista e extremamente atencioso.

Enfim, às três e meia da manhã - com cérebro já não suportando esforço algum -, resolvi que precisava descansar. Fiz uma nota mental de aproveitar ao máximo a manhã deste sábado para descansar, e então, retomar os estudos na parte da tarde para que assim, tivesse a garantia de poder aproveitar todo o domingo com os meus amigos.

Me levantei, sentindo meu corpo todo tenso pelo tempo sentado, me espreguicei, aproveitando para apagar o abajur sobre a mesinha de estudo, e me encaminhei até a cama de solteiro - uma vez que prefiro ela, a ter que dormir na espaçosa cama de casal do outro lado do quarto - e me entreguei ao sono revigorante.

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Acordei tão assustado que quase caí da cama. Alguém havia entrado no meu dormitório, ouvi - ainda meio que dormindo - os sons de passos pesados, malas sendo arrastadas, objetos sendo mudados de lugar, e pessoas conversando ao fundo.

- ... Sou muito grata por ter conseguido um lugar para o meu filho, reitor, a universidade da Carolina não estava... sabe, sendo boa o suficiente para ele.

- Oh, nós ficamos honrados em aceitá-lo aqui. - Embrulhei a minha cabeça, esperando cessar os sons altos, mesmo que soubesse que essa era uma atitude inútil. - Já que você está bem acomodado, vamos indo.

Ouvi a voz da mulher novamente conversando com alguém mais jovem, a voz da outra pessoa era rouca, porém falava um pouco baixo demais para que eu pudesse entender o que eles estavam falando, e de qualquer forma, não queria prestar muita atenção.

Logo os passos voltaram, e começaram a se distanciar até que não fosse possível que os escutasse mais, e então a porta do quarto foi fechada de forma rude.

Fiquei emburrado, seja lá quem fosse a pessoa, ela simplesmente não tinha senso e nem consciência nenhuma, não? E então, como fogos de artifício explodindo pelo céu, a minha mente - finalmente desperta - processou o fato de que havia outra pessoa no meu quarto, com malas e mexendo nos móveis, o que só poderia significar que finalmente alguém dividiria o quarto comigo.

Me levantei rapidamente, me sentando na cama, bagunçado, olhando para ele. As suas costas eram largas e aparentemente musculosas, ele parecia bem alto, talvez tendo um e oitenta, o que para muitos não era nada, mas que para mim, com meus um e sessenta e nove, era demais.

Colegas de quartoWhere stories live. Discover now