Realidade alternativa

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Boa leitura amores ❤️

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Sofrer de abstinência é uma das piores coisas para um viciado. Eu sou um cara claramente viciado em trabalho. Sou um engenheiro formado, cursei Administração e agora comando uma empresa de construtoras.

Sou absurdamente apaixonado pelo meu trabalho, ele não se trata mais de um simples vício. Mas, ainda assim, passar alguns dias longe do estresse incomum com o qual eu lido, me deixou muito mais puto do que eu pensei que um dia ficaria.

Kirishima, meu braço direito na filial de Tóquio — e meu amigo de infância —, apenas contribuía para me deixar ainda mais possesso, ligando a cada cinco minutos para simplesmente encher a porra do meu saco. Talvez tenha sido uma péssima ideia viajar a essa altura do campeonato.

Temos alguns contratos para formalizar, construções importantes em andamento, e governo local pegando no nosso pé para sermos empreiteiros deles. O caralho que eu aceitaria isso, mexer com obras públicas é só dor de cabeça.

Mas, em contrapartida, me refugiar em Seattle — mesmo que por um motivo estressante e preocupante — tem sido de muita ajuda.

Devo admitir que cidades ocidentais não me são muito atrativas, são barulhentas e tumultuadas, com uma cultura estranha e pessoas com costumes estranhos. Mas sou um camaleão, sei me misturar com pessoas diferentes em lugares diferentes, sem chamar atenção, sem demonstrar que não sou um deles, sei ser persuasivo e convincente; sei alcançar os meus objetivos sem ter que me preocupar com obstáculos no meu caminho.

— Katsuki? Filho?

Pisquei incomodado, só notando com os chamados do meu pai que havia mais uma vez me perdido em pensamentos.

— Hum?

— Vai jantar com a gente hoje?

— Ah, vou não, velho. Um conhecido me chamou pra um rolê por aí, acho que vou voltar tarde, então vou direto para o hotel.

— Bem, vá antes da sua mãe descobrir.

Ele falou em tom de brincadeira, porém, conhecendo minha mãe como a conheço e sabendo que o gênio dela é tão horrível quanto o meu, tenho certeza que ela ficaria possessa em saber que não ficarei para o jantar especial dela com alguns amigos.

A velha insiste em me ver em um relacionamento com alguém, mesmo que eu deixe claro que não estou interessado. Me ignorando completamente, ela marca encontros e jantares com garotas que ela considera boas o suficiente para mim.

Às vezes parece não perceber que mesmo jogando para os dois lados, prefiro uma boa bunda do que alguns belos pares de peitos.

Sejamos realistas, mulheres esperam um compromisso sólido e sério, e homens, bem, eles entendem com mais facilidade que uma boa noite de foda é só isso. Talvez cheguemos até a repetir a dose, mas não vamos chegar muito além disto.

— Vou indo então, dá um beijo nela por mim.

Me levantei com as chaves do carro já em mãos. A boate não ficava muito longe dali, talvez uns vinte minutos de carro a depender do trânsito, mas ainda pretendo passar no hotel para tomar um bom banho.

É, a noite hoje promete.

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Uma hora. Já faz uma fodida hora que estou esperando aquele retardado aparecer. Hanta Sero é o amigo da cobra que ninguém quer ter, o filho da puta simplesmente te deixa na mão até nas coisas simples da vida.

Se eu pudesse matá-lo em pensamentos, com toda certeza já teria lhe esganado. Depois de trinta mensagens de ódio, vinte ligações e dez mensagens na caixa-postal, ele apenas mandou um: "Foi mal cara, tô com uma gata".

Colegas de quartoWhere stories live. Discover now