Nosso primeiro momento

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A loja estava pronta para a inauguração, após tanto ouvir Elen dizer que eu precisava da ajuda do vizinho, eu tomei coragem e pedi sua ajuda. Ainda estava com o gesso, estava esperando o dia da retirada para inaugurar a loja.

Tomei coragem e bati em sua porta. Ele demorou para abrir e quando eu estava prestes a entrar em meu apartamento, ele abriu a porta.

— Oi!

Ele abriu um sorriso largo e apoiou o braço na porta.

— Prometo ser breve. — Tentei dizer sem olhar diretamente em seus olhos.— Vou inaugurar uma loja aqui perto e precisava de ajuda com algumas coisas. A parte pesada e difícil já foi feita por uma equipe, mas deixei para finalizar sozinha. Como pode ver, esse gesso não me deixa fazer muita coisa. — Apontei para a minha perna. — Já que somos amigos, você poderia me ajudar?  — Tentei dizer em um tom delicado.

Ele ficou me encarando, calado e começou a bater a mão na porta.

— Vou olhar na minha agenda. — Disse ele em um tom sério.

— Se estiver ocupado, eu vou entender... Nem sei porque eu vim até aqui pedir. — Abri a porta do meu apartamento.

Ele tocou meu ombro.

— Estou brincando! — Disse ele em um tom alegre. — Que horas podemos iniciar.

Me virei e abri um sorriso.

— Amanhã pela manhã, eu bato aqui!

Ele sorriu e me olhou fixamente, mantivemos o olhar fixado até me lembrar da minha chegada. Dei as costas e entrei no meu apartamento.

Eu estava caminhando  para o terceiro mês no novo lar, os dias trabalhando ao lado daquele vizinho chato, não foram tão ruins, ele até que era legal. Passamos vários dias divertidos, no começo eu não dei tanta importância a ele, mas ao longo dos dias eu fui conhecendo-o, algo nele me deixava bem, me tranquilizava e era como se tudo que eu vivi antes nunca tivesse acontecido. Os dias que gargalhei alto com suas piadas, e das vezes que passamos a madrugada pintando e decorando as paredes. Por um momento eu até me esqueci de Samir, eu estava mais sorridente e alegre, nem me lembrava daquele trauma. Minhas mensagens várias vezes não foram entregues a Samir, meu sentimento por ele se perdeu, como nossa história.

Minhas horas na terapia já estavam fazendo efeito, eu já sorria com frequência, já conseguia dormir sem ter pesadelos, passava horas ocupada e sempre que eu deitava para dormir, não via a hora de me encontrar com o vizinho chato, ouvir suas histórias.

Nossa última tarde decorando a loja, eu pude sentir algo diferente. Fiquei observando como ele pendurava as molduras nas paredes e me perdi em pensamentos que não deveriam ter surgido.

— Até que para um pediatra, você se saiu muito bem. — Disse em um tom baixo, enquanto ajeitava as etiquetas no balcão.

Ele me encarou e abriu um sorriso meigo, se aproximou do balcão e apoiou os braços.

— Você e seus comentários.

Ficamos nos encarando por alguns segundos, até notar que ele estava se aproximando.

— Então... Está tudo certo para inaugurar, vou ajeitar algumas coisas no escritório. — Segui até a porta que dava aos fundos da loja e a abri.

Segui até o escritório e ele me seguiu, entrei e me sentei no chão, próximo ao sofá e as caixas onde comecei a checar algumas peças. Ele deitou no sofá e ficou lá em silêncio.

— Obrigada pela sua ajuda, se não for te atrapalhar, você pode ir.

Continuei checando as peças e anotando na tampa da caixa. Me assustei quando ele se sentou e me puxou para me dar um beijo no rosto.

As Vidas De LizOnde histórias criam vida. Descubra agora