Hace rato que te ando velando

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Os primeiros meses da gestação foram tranquilos, fiquei rodeada de pessoas, recebendo mimos e sendo vigiada. Talvez eu tenha exagerado várias e várias vezes na forma como dialogava com os membros da minha família. No começo eu colocava a culpa nos hormônios, mas após tanto ler os livros que o Vitor deixava sobre gestação, eu me permiti não deixar meus sentimentos escondidos, ninguém poderia se comportar mal com uma gestante, utilizar isso ao meu favor foi a melhor parte dessa gestação até agora.

Eu estava prestes a chegar ao sexto mês, e nenhum sinal de barriga visível, talvez fosse genético, mas eu tinha certeza que o bebê usava meu estoque de nutrientes, enquanto eu colocava tudo para fora tentando me alimentar. Troquei os morangos por mangas madura, e uma sopa totalmente não apetitosa que o Vitor me dava diariamente. Meus horários na loja estavam limitados, “nenhum estresse” disse o doutor Vitor, mas de qualquer maneira eu optei por cuidarem de mim.

Me vesti elegantemente como costumava fazer, agora só tinha disponível a ala dos vestidos no meu guarda-roupa, mesmo com uma leve barriguinha redonda. Mesmo usando vestidos diariamente, eu não parecia uma gestante.

— Bom dia senhorita Liz.

— Bom dia Nelson.

— Já se pode notar o pequenino, fico feliz por vocês... Quem diria né!

Abri um sorriso tímido e segui até o estacionamento, entrei no carro e coloquei minha playlist para relaxar, mandei uma mensagem de texto para a Tamara e fui até meu local favorito, me sentei nos bancos na orla e aproveitei a brisa, uma ou duas horas talvez. Tempo suficiente para me tranquilizar e me preparar para o dia do casamento.

Voltei ao meu carro e segui até a loja, não me importei com o que diziam na minha chegada, ignore e segui até os fundos da loja.

Tranquei-me no escritório todo o resto do dia, usei para resolver assuntos relacionados a loja. Virou um habito negociar diretamente com os fornecedores por chamada de vídeo, também era uma das minhas desculpas para ignorar as mensagens de Anya, pôs a Elen teve a brilhante ideia de mencionar minha trajetória como gestante. Eu não conseguia passar mais de cinco minutos conversando com ela, mesmo tendo muito assunto. Quando recebi sua foto segurando seu lindo bebê a uns meses atrás, eu pude perceber que ela não merecia a forma com que eu a tratava e então eu comecei a mandar artigos e pedir sua opinião, era uma forma de trocar experiências.

No final do meu expediente estipulado pelo doutor Vitor e companhia, eu dava uma escapada para comer torta de frango. Eu saia e caminhava até a loja, ficava por horas conversando com a senhora que fazia. O dia estava completamente bem, até um certo intrujão estragar a minha tarde. Eu estava sentada na mesa que ficava na calçada, estava na minha segunda fatia quando ele se sentou na minha frente.

— Não sabia que o Vitor permitia esse tipo de alimento, já que ele te controla. — Ele deu um sorriso debochado e apoiou as mãos na mesa.

— Pensei que soubesse como é ser controlado, já que sua querida Anya controla todos os seus passos. — Revirei os olhos e dei uma garfada na torta.

— Fique tranquila, eu vim em paz. — Disse ele e parecia nervoso.

— E onde está sua esposa? — Mantive meus olhos na torta.

— Em casa, está cuidando do nosso filho.

— Que bom! Eu tenho que ir. — Eu levantei pegando minha bolsa da cadeira.

Segui pela rua acelerando meus passos. Ele gritou e correu.

— Espere! — Ele tocou no meu braço.

As Vidas De LizOnde histórias criam vida. Descubra agora