Martínez Landim

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Chegamos ao estacionamento do hospital, eu não tinha mais a noção do tempo, a dor que eu sentia naquele momento era tão intensa, que minha concentração em monitorar minha respiração, estavam cada vez pior.

— Elen, eu preciso do Vitor agora! — Eu gritei enquanto tentava sair do carro.

— Liz, eu liguei, mas ele não atendeu. Eu mandei a nossa localização, espero que ele chegue logo. — Disse Elen enquanto me ajudava a ficar de pé.

— Fique tranquila, vou chamar os paramédicos para ajudar a gente. — Ramires gritava enquanto corria em direção a emergência do hospital.

— Eu preciso do meu celular agora! — Meu tom de voz era alto e assustador.

Peguei meu celular e abri a área de discagem. Elen se afastou e pegou minha pequena bagagem, outra contração veio e eu lutei para me conter. Distraída com a dor, iniciei uma chamada.

— Por favor, eu preciso de você aqui! — Minha voz dolorosa suplicando apoio, não foi tão convincente. — Elen, por favor, diga onde estamos. — Eu entreguei o celular e fechei os olhos, tentando me recompor.

Ela pegou o celular e riu, após olhar a tela.

— Ela está em trabalho de parto. Perdoe o incomodo a está hora, ela discou errado.

Ela ficou calada por um tempo depois voltou a dizer.

— Mandei a localização... Vitor! — Ela gritou. — Você está me ouvindo?

Enquanto outra contração chegava, eu pude notar que os paramédicos estavam se aproximando com uma maca.

— Martínez, acho que a ligação caiu. — Ela me olhou preocupada.

— Diga a esse estúpido que eu não preciso da presença dele, eu consigo fazer isso sozinha. — Eu disse bem alto.

— Eu sei que essa dor está te consumindo, mas ligar para o Samir essas horas não foi uma boa ideia. — Disse ela em um tom baixo.

— O quê? Eu não ligue... — Outra contração veio e eu respirei fundo.

Subi na maca e me levaram até a maternidade, Elen tentou me tranquilizar quando as dores pioraram ao ponto de eu implorar por oxigênio.

— Elen, ele prometeu que estaria aqui. — Minha voz de choro quase totalmente rouca, ecoava por toda a sala de parto.

— Ramires foi procura-lo, fique tranquila. — Ela tentava de tudo para me tranquilizar naquele momento.

Me apoiei para ficar de pé, era a posição que menos doía.

— Vamos lá Liz, você vai ter que empurrar agora. — A médica dizia tranquilamente.

Apoiei-me na cama e segui as orientações da médica. Eu já estava na quarta tentativa, ficando sem forças. Me abaixei e coloquei todas as minhas forças finais para traze-lo ao mundo. De olhos fechados e segurando-o, eu pude ouvir seu doce choro ecoar por toda sala. Senti alguém se posicionar ao meu lado, ele me deu um beijo no rosto e chorava como o nosso pequeno bebê. Ficamos observando aquele lindo pequenino por alguns segundos, era como se tudo que lutei, se perdesse no
momento em que ele chegou, me trouxe uma sensação de paz.

Depois daquele parto desgastante, fui para o quarto com meu lindo bebê. Pude descansar pelo tempo necessário, minha paz estava presente, eu não tinha nada que me preocupasse naquele momento, e todas às vezes que a imagem do meu bebê vinha em minha mente, um borrão de angústia o apagava. A dor de ter perdido essa oportunidade no passado, o medo de
Filippo e a sua frase que a qualquer momento poderia vir à tona. O número de envolvidos estava cada vez maior, uma pequena vida estava em risco por minha culpa, por um pequeno erro que não se apaga com o tempo, uma tortura longa que levaria anos se fosse possível. Eu teria que dar um basta se possível, e eu era a única pessoa capaz de pôr um fim nisso tudo.

As Vidas De LizWhere stories live. Discover now