Ten fingers, ten toes / O primeiro mês

163 20 10
                                    

Olá, Olá!

Aqui vai mais um trechinho dessa aventura de Jamie e Claire.

Boa leitura!

***




Foi um primeiro mês memorável, eu preciso dizer, mas acrescento também o quando foi difícil e exaustivo. Eu, como pai, fui colocado à prova quanto a minha resistência, Claire, como mãe, foi levada a um novo limite, numa mistura inebriante e viciante de céu e inferno ‒ palavras dela, não minhas.

Uma rotina completamente diferente de todas que já tive. Brianna aprendeu logo na primeira semana que o seio era um conforto, de onde se recusava a largar. Minha filha não era uma bebê chorona, mas resmungava como ninguém.

Nós tínhamos um berço acoplado a nossa cama, e quando Bree emitia sons de insatisfação, percebendo estar longe da mãe, Claire só se virava e a confortava. Simples, se não fosse a todo momento.

Quando o choro era alto, bastava verificar a fralda e lá estava o motivo de tal irritação. Brianna odiava ficar suja. Para essa função, houve a tentativa de um acordo entre Claire e eu, cada vez um fazia a troca e garantia descanso ao outro por alguns minutos. Eu ainda não fazia nada com segurança e Bree parecia sempre me recriminar com os olhinhos curiosos.

— Papai está pegando o jeito, olhe só... você parece segura dentro dessa fralda, sim? ‒ Era madrugada e Brianna chorou estridente, quando me virei na cama, Claire chorava junto, então fiz a vez de trocar a danadinha fedorenta.

Brianna me fez entender como funciona de fato o amor incondicional, como é me sentir entregue a alguém de forma tão única e doentia. É diferente de qualquer amor, até mesmo do meu amor por Claire, que também é único e um tanto doentio, mas... diferente. Não consigo explicar com palavras, talvez não haja uma que chegue nem perto. Mesmo com a irritação por não ser prontamente atendida, o mau cheiro de suas fraldas cheias, e a minha privação de sono, eu me sentia feliz a cada nova fralda no bumbunzinho rosa, a cada banho, sabendo que me tornava melhor na paternidade. Mas o amor incondicional não faz desaparecer a responsabilidade exaustiva de cuidar de um ser frágil e em adaptação com o mundo.

Na primeira quinzena, fui responsável por alguns acidentes com fraldas vazadas, o que deixou Claire irritadiça, com o trabalho dobrado e mais roupa para lavar. Então fui pegando o jeito, e na segunda metade do mês, nada além de uma vazadinha de xixi foi registrada.

Brianna era dorminhoca, apesar de só dormir bastante quando grudada no peito ou no colo de Claire. A coisinha percebia estar sem a mãe e assim se instaurava uma sessão de resmungos. Por vezes acordei com Claire deitada com parte do corpo no berço, Bree abraçada ao seu rosto, a boquinha chupando o queixo ou o nariz da mãe adormecida. A peixinha também dormia no meu colo, na verdade, amava o meu colo tanto quanto o de Claire; eu não tinha leite, mas minha pele era quente e isso a confortava. Sem falar na minha voz, que a adormecia rapidamente, entregue a um ronronar grave que aprendi funcionar muito bem. Claire agradecia por dormir períodos maiores que uma hora.

Na manhã fria de uma segunda-feira, Brianna mamava ferozmente no seio inchado, os olhos grandes me olhando fixamente, hipnotizada pela minha voz enquanto eu conversava com Claire, fazendo planos para o nosso primeiro Natal em família. A bebê parecia entender cada palavra, movendo as sobrancelhas ruivas para cima e para baixo, como se nos indagasse. Claire estava de ótimo humor após dormir por quatro horas seguidas, após semanas intensas de adaptação.

— Meu Deus, ela já vai fazer um mês. ‒ Pra mim o tempo parecia parado, vivendo na bolha com Claire e nossa filha recém-nascida.

— Sim, e temos pediatra no mesmo dia.

O diário de BreeWhere stories live. Discover now