Coisas que sei sobre você

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Olá querida leitora, como vai? Demorei, mas trouxe outro trecho desse diário.

Faça uma ótima leitura.

***



Bebês são totalmente dependentes, são indefesos e frágeis como um dente-de-leão ao vento. Por sua extraordinária vivência de nove meses compartilhando de um ambiente quente e protegido no útero, esses pequenos seres têm a necessidade do toque terno e da presença, do cuidado, do aconchego e do alimento disponível. Eles não falam, mas sua linguagem é aprendida imediatamente após o nascimento. O primeiro choro tem muito a lhes ensinar, é parte de um instinto de sobrevivência que vem de fábrica, e os bebês são inteligentes o suficiente para perceber que o alerta do choro lhes dá algo em troca.

Como habilidade adquirida em dois meses de paternidade, eu me tornei consciente de cada ruído de minha filha, cada espirro, cada tosse, os soluços, o som estalado de uma boquinha faminta procurando impaciente pela mãe, o resmungo de atenção, o choro de troca de fraldas, o choro porque notou estar vestindo roupas, o barulho do pum que anuncia um presentinho fedido e a necessidade urgente de um banho... Tudo, cada pequeno som produzido por Brianna, me punha a observá-la na tentativa de compreendê-la. Para Claire, essa habilidade era natural, ela escutava e sabia qual o problema.

— É a roupa! Tire o macacão e deixe essa ratinha só de fralda, de novo! ‒ Brianna chorava, após acordar e perceber estar vestida.

— Ratinha? Não é ratinha não, né filha? Vem cá meu amorzinho.

Eu não tinha mais nenhum medo de manusear Bree e seu corpinho molengo. Tirei o macacão enquanto ela guinchava vermelha de tão irritada, e a aninhei em meu peito, sussurrando palavras de conforto. O choro cessou três segundos depois, e ela abriu os imensos olhos, primeiro me censurando, suas sobrancelhas ruivas unidas deixando seu rostinho sério, quase carrancudo, depois relaxou e voltou a resmungar como se quisesse conversar comigo.

— Papai comprou tanta roupa e você só quer ficar com o bumbum de fora. ‒ Sons baixos vieram do meu colo, da boquinha em formato de "O", como se ela fizesse força para me responder.

— É um pouco assustador quando ela faz isso. ‒ Claire me olhava com espanto e admiração. — Qualquer hora dessa, ela vai responder você, a força que ela faz, o jeito que ela te olha e segue a sua voz. Nunca vi nada assim. Só podia ser cria de Jamie Fraser!

— Ela é extraordinária, igual à mãe dela, sabe?

— Mas o crédito é seu, querido, você fala com ela todos os dias desde o começo da gravidez. Não vai me surpreender quando a primeira palavra dela for papai. ‒ Claire sorriu e tocou as costas de Brianna. — Morna, igual o pai. Acho que ela odeia roupas porque tem um forno interno, igual você!

— Talvez seja isso mesmo, ela tem o sangue quente escocês.

— Não vou colocar pijama nela essa noite, vamos ver se dorme mais que duas horas novamente.

— Não vamos mais insistir na roupa, Sassenach, tentamos, mas ela odeia.

— Tão pequena pra já odiar alguma coisa.

— Ela é precoce. Vai falar cedo, vai andar cedo...

— Pode por favor fazer a matrícula dela na faculdade amanhã? Eu realmente preciso dormir a noite toda.

— Algo me diz que quando ela for para a faculdade, nós não vamos dormir muito.

— Você, papai, não vai dormir quando ela trouxer para casa o primeiro namorado, ou namorada...

O diário de BreeWhere stories live. Discover now