1| ᴀ ᴄᴀʀᴀ ᴅᴏ ғʀᴇɪᴏ ᴅᴀ ʙʟᴀᴢᴇʀ

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Sai do corpo de bombeiro exausta, após um plantão de 24h. Rodei meu pescoço para me livrar da dor nos ombros, andei para fora do quartel e caminhei até o ponto de ônibus mais próximo. Enquanto esperava o ônibus para Ipanema, pensei na minha sorte em ter conseguido um apartamento perto do meu trabalho. Maria é minha melhor amiga e graças a ela consegui e após ela insistir muito que eu deveria me mudar. O lugar era espaçoso e confortável. O apê é de seu tio e ele me alugou no precinho, por eu ser amiga de sua sobrinha, pela localidade era quase uma mixaria o que eu estava pagando e eu era muito grata por isso.

Enquanto eu estava aguardando o ônibus, meu celular não parava de vibrar na bolsa, de não dava nem 5 segundos de um toque pra outro seguido e isso estava acontecendo desde quando eu coloquei meu pé para fora do quartel. Embora a vibração do meu celular tivesse me chamado atenção, meu olhar foi tomado por um volvo preto parando no sinal vermelho, em frente ao ponto de ônibus com o som alto até o talo. Olhei curiosa para quem o dirigia e me peguei dando uma boa olhada para o motorista, o mesmo balançava a cabeça conforme a batida do som e digitava algo no celular, sua feição era seria e dava para notar seus lábios carnudos em um bico um tanto fofo. Ele usava um boné preto com a aba para trás escondendo seu cabelo, óculos de sol preto — foi quando notei que o dia já estava ensolarado, observando melhor o resto do seu rosto notei um bigode fininho pouco de barba no queixo e sua mandíbula era bem marcada.

Embora o rapaz tivesse me chamado atenção, meu primeiro pensamento foi como ele era gato e o segundo era como ele aguentava o som tão alto na cabeça às 07:00 AM, em plena segunda-feira. O sinal ficou verde e o carro saiu no segundo seguinte, quebrando meu momento. Recobrando o lugar onde eu estava e o que eu devia fazer noto que meu ônibus já está se aproximando, fiz sinal para o motorista e ajeitei minha bolsa no ombro.

Adentrei o ônibus, paguei minha passagem e rodei a roleta, o horário era de pico então dei sorte de ter um banco vazio ao lado de um senhor. Pedi licença e sentei, coloquei a bolsa no meu colo escutando o celular tocar novamente. Por fim cedi aquela insistência toda e peguei o aparelho — Caíque — claro que era ele, provavelmente estava indo para escola e devia esta literalmente contando os minutos que eu sairia do plantão, mais de 10 mensagens, não sei se eu me preocupava se fosse uma noticia ruim, com certeza eu já teria recebido uma ligação. Decidi que visualizaria as mensagens quando eu chegasse em casa. Após uma viagem curta de meia hora cheguei ao meu doce lar, quando entrei na portaria cumprimentei Marquinho o porteiro do dia, fui direto pro elevador já apertando o botão para o mesmo abrir — entrei na caixa metálica assim que as portas permitiram e apertei o botão com o numero 5 em cor preta.

Meu irmão era um adolescente, impaciente e eu meio que gostava de testar essa paciência embora as vezes eu me irritasse com o quão insistente ele conseguia ser e por falar em insistência ele decidiu que era hora de começar a me ligar — recusei pela terceira vez a chamada do WhatsApp e resolvi ler suas mensagens.

"Mana... mana... mana..." e foi vários "manas" seguidos até ele finalmente falar sobre um show de um cara aqui no Rio de Janeiro e que era uma oportunidade única.

— Única como todos os outros Caíque. — falei para mim mesma em voz alta enquanto terminava de ler as suplicas para que eu o levasse.

Todos sabiam que eu mimava um pouco meu irmão e fazia suas vontades, mas para ele ter isso ele precisava ir bem na escola e eu digo notas, suas notas não deveriam estar abaixo da média 6 e nem igual a 6. Era o justo de nossos acordos, como agora eu não morava mais junto com ele, fui na conversa com minha mãe e mandei mensagem para ela pedindo foto do boletim, já havia passado as primeiras provas do trimestre.

O elevador abriu a porta e sai, peguei a chave do apartamento e destranquei a porta, adentrei o apê e suspirei sentindo o cheiro de eucalipto que eu colocava no difusor. Joguei minha bolsa em cima do sofá e fui para cozinha pegar minha garrafinha de água para beber.

Minha mãe demorou tanto a me responder que eu acabei ligando.

— Bom dia mãe. — falei de maneira preguiçosa.

— Bom dia filha, seu irmão te mandou mensagem? — ela perguntou.

— Sim, mas não satisfeito ele ligou também. — guardei a garrafa de volta na geladeira — Como estão as notas dele? — perguntei

— Bem em quase todas, ficou na média em física e matemática, mais prometeu que iria melhorar. — me garantiu.

— Dois pontos a menos... — fui caminhando para meu quarto — Tem esse show que ele está querendo ir...

— Aaaaah, esse garoto está me deixando de cabelo em pé, o som alto uns raps, Talia, que só Deus... O dia inteiro, com "A cara do freio do blazer" na tv... — Ela imitou a voz do meu irmão e eu comecei a rir — Você está rindo porque não fica aqui escutando.

— É engraçado... lembra quando era eu escutando Justin Bieber? — ri de como minha mãe ficava irritada com eu cantando Baby — lê gritando e tudo errado porque não sou muito boa no inglês.

— Nem me lembre essa fase também, estou revivendo tudo só que no meu idioma agora. — ela disse — Quando vai aparecer? E o plantão, foi tranquilo?

— Vou ver como vai ficar os próximos dias e te aviso, essa noite foi agitada mais ocorreu tudo bem. — falei.

— Sabe que eu gostaria que você não fosse dessa profissão né, para não acabar como seu pai... — respirei fundo escutando suas palavras, eu não gostava quando ela falava de sua insatisfação comigo trabalhando no bombeiro, então fiz o que eu fazia de melhor mudei de assunto.

— Mãe vou ter que desligar, vou descansar, mais tarde falo contigo. — me despedi.


Reescrito

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Reescrito. 

Espero que gostem desse novo formato. 

𝓟𝓸𝓭𝓮 𝓕𝓲𝓬𝓪𝓻  ||  L7nnonWhere stories live. Discover now