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– Você... Não pode estar falando sério...

Incapaz de suportar a intensidade no olhar do irmão, Hashirama virou o rosto para o lado brevemente. Devia ter avisado Tobirama sobre o acordo desde o início, mas decidiu optar pela péssima escolha de trazer o assunto à tona em última hora.

– Tobi, me desculpe... – Sua voz saiu em um quase inaudível sussurro.

Aos poucos, Tobirama absorvia todo o real impacto da situação. A irritação nos olhos dele era nítida.

– Você realmente aceitou, Hashirama?

Naquele momento, o líder dos Senju não soube como se sentir. Queria que Tobirama estivesse revoltado, gritando, até mesmo lhe batendo; preferia tudo àquela expressão de total mágoa e ressentimento que surgiu no rosto dele.

Desde muito novo, Hashirama sempre soube que o motivo de sua existência era estritamente para lutar.

Quando descobriu sua conexão com a natureza, ficou verdadeiramente maravilhado. O Mokuton era uma habilidade incrível; uma habilidade pura, capaz de criar vidas!

No entanto, suas esperanças foram totalmente quebradas quando revelou ao clã sobre o Mokuton. Os comentários e elogios que recebeu foram diversos, mas eles sempre se tratavam da mesma coisa: "Que poder destrutível" eles diziam, "Uma poderosa arma para derrotar todos os inimigos".

Hashirama odiou cada um dos elogios que recebeu; seu Mokuton era uma habilidade pura, queria criar vidas com ela, não destruí-las.

Daquele dia em diante, o jovem Senju fez uma silenciosa promessa a si mesmo. Algum dia, por mais distante que fosse, usaria sua habilidade especial para conquistar a paz. Iria construir casas, pontes, brinquedos; construiria um local onde as pessoas não precisariam mais lutar.

– Sim. Mas Tobi, por favor, me escute... – Hashirama tentou tocar o ombro do irmão como um gesto de conforto, mas ele se afastou. – Madara me prometeu que não te fará mal algum.

O albino se levantou da cadeira e encarou o mais velho com uma expressão raivosa.

– Não é isso o que importa! – Exclamou. – Você... Me trocou...

Hashirama descobriu desde muito novo o que queria para sua vida; ele queria a paz, e faria de tudo para a conquistar. Ao conhecer Madara naquele rio, se sentiu esperançoso e aliviado, pois havia conhecido alguém que lhe entendia.

Mas quando Kawarama morreu por conta das guerras, o sonho de Hashirama se distorceu em uma quase obsessão. Encerraria os conflitos, e traria a segurança que sua família tanto merecia; custe o que custar.

E por mais que lhe partisse o coração aceitar a proposta de Madara, Hashirama não teve outra escolha. Talvez Tobirama nunca compreendesse seus motivos, mas estava fazendo aquilo por seu próprio bem.

– Claro que não, Tobirama! Eu nunca te trocaria! – O mais velho também se levantou e rumou até o mais novo, segurando os ombros dele em seguida. – Talvez, o que eles dizem é verdade, você pode os salvar.

O albino deixou uma risada sarcástica lhe escapar.

– E o que te faz pensar que eu me importo com isso? – Retrucou friamente. – Não muda o fato de que você me entregou a nossos antigos inimigos! Você tem ideia do que fez?

Tobirama retirou as mãos do irmão de seus ombros e se afastou.

– Eles não são mais nossos inimigos. – Retrucou de um modo calmo. – E Tobi, eu não tive outra escolha. Eu fiz o que tinha de ser feito.

VermelhoWhere stories live. Discover now