5

709 83 31
                                    

Madara suspirou mais uma vez, aquilo estava se tornando um hábito. Olhando diretamente para frente, pôde ver Izuna encostado em uma das grandes prateleiras de seu escritório; ele mantinha os braços cruzados, e lhe olhava de soslaio.

Ainda não sabia ao certo o que pensar sobre a cena que avistou na biblioteca dias atrás. Não gostava de ponderar sobre o que Izuna pretendia fazer com o Senju, mas precisava saber.

E somente agora lhe restou tempo para confrontar o mais novo.

– Eu não o incomodei mais, se é isso que quer saber... – Izuna lhe respondeu, sem ao menos esperar sua pergunta.

Uma das principais preocupações de Madara quando teve de trazer o Senju para sua residência, era Izuna. Seu irmão sempre foi deveras cético, não apenas em suas crenças - ou melhor dizendo, na falta delas -, mas também, em sua concepção da vida em geral.

Apesar de se adaptar bem às mudanças que ocorreram ao longo de sua vida, Madara percebeu que Izuna possuía uma certa dificuldade para acreditar em outras pessoas, e que elas poderiam mudar algum dia.

Não soube exatamente o que aconteceu para que o mais novo adotasse tal comportamento; possivelmente, ver tantos de sua família caírem vítimas da maldição tenha o deixado desesperançoso com a vida. Por esta razão, Madara tolerava o comportamento do irmão até certo ponto.

Mas de forma alguma o deixaria usar o Sharingan em uma pessoa indefesa.

– Isso me deixa aliviado, ao menos. – Colocou os braços sobre a mesa. – Mas o que eu quero saber é, por que você fez aquilo?

Izuna pensou brevemente em fingir não saber do que o mais velho estava falando, mas adiar o inevitável não faria sentido algum.

– Eu... Só queria deixar minhas intenções claras. – O mais novo saiu de perto da prateleira e passou as mãos no cabelo. – Nosso clã está fragilizado no momento, e eu não vou deixar aquele Senju tirar proveito disso!

Madara suavizou a expressão em seu rosto ao ouvir a resposta do irmão. Não era uma desculpa, longe disso, mas ele conseguia entender.

– Você acha mesmo que ele faria isso? – Perguntou.

O mais novo se aproximou da mesa em que Madara estava sentado. Sua mente foi logo tomada por lembranças ruins.

– E por que ele não faria? Você sabe o que aconteceu durante as missões do sequestro...

Madara sentiu um leve desconforto em seu estômago. Enquanto ainda vivo, Tajima mandou vários Uchihas em uma missão para sequestrar o descendente.

Poucos deles voltaram vivos.

– Izuna, ele estava tentando se defender...

– Eles não estavam atacando! – Izuna esbravejou, batendo as mãos na mesa. – Eles eram proibidos de matar o Senju, e ele tirou total proveito disso.

Madara estaria mentindo se dissesse que não sentia um pequeno rancor de Tobirama por conta disso. Muitos membros de seu clã morreram durante as falhas missões de sequestro.

– Eu entendo sua indignação, Izuna. Mas tente ver o lado de Tobirama também. – O mais novo emburrou a cara. – Você sabe o que acontece com prisioneiros durante as guerras, não sabe?

Uma expressão desconfortável cruzou o rosto de Izuna.

– Sim, mas...

– O Tobirama não sabia de nossas intenções, então o que ele fez foi justificável. Mesmo que eu não goste... – Explicou calmamente. – Nós faríamos o mesmo.

VermelhoWhere stories live. Discover now