Capítulo 5

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Como prometido por James só nos víamos em ocasiões que não tinha como ser evitadas. Por mais que estivéssemos distantes, ainda temia o casamento e tudo que ele representava. Mesmo vendo James distante ainda conseguia me sentir atraída por ele e ao mesmo tempo sentia muita raiva por tudo que ele fez ao Thomas além de todas as coisas que aquele homem representava.

A culpa me consumia, pois sabia no fundo que o fim trágico do Thomas foi por minha causa e lá no fundo sentia que estava o traindo por me sentir atraída pelo homem que o matou. Eu era um monstro e buscava alguma forma de me punir por isso, no entanto todo sofrimento que eu podia sentir achava que era pouco. Estava travando uma batalha interna.

– Amber? – Minha mãe entra no quarto para me lembrar de sair logo, pois já estava atrasada para um dos eventos inevitáveis que terei que encontrar James Carter.

– Mãe, já estou indo.

Avisei pegando a bolsa e passando por ela para ir embora. Desde o fatídico dia que quase me entreguei a James, mesmo quando há eventos que precisamos ser vistos juntos, ele não vem me buscar em casa, sempre nos encontramos no lugar e tentamos ficar perto por um tempo, até que ele se afasta me deixando sozinha até ir embora.

Sai de casa e entrei no carro com cara de poucos amigos, teria que manter um sorriso passivo nessa festa que estava sendo organizada por James. Notei um caminho diferente que devia ser seguido para chegar ao local do evento e questionei ao motorista para saber onde estávamos indo.

– Sr. Carter pediu para irmos buscá-lo, senhorita.

Meu tormento estava marcado para começar mais cedo e não tinha como conseguir evitar isso. Segurei um suspiro e aguardei até chegar em seu apartamento e lá estava ele e só podia ser adjetivado como divino, em um terno feito exclusivamente para ele. Ao entrar no carro senti seu perfume e ao mesmo tempo um calafrio tomou conta de todo meu corpo, James Carter me energiza e não entendia como isso era possível.

– Boa noite, Amber! – A rouquidão da sua voz me desestabilizava. – Você está linda. – Ele pigarrou ao terminar.

– Boa noite, James. Obrigada. – Tentei ser fria e inatingível.

E assim voltamos ao silêncio incomodo que nos persegue. Quando chegamos ao lugar do evento fomos cercados de fotógrafos e depois de pessoas querendo um pedacinho de atenção de Carter. Ficamos fazendo cena juntos por um tempo, até que ele sumiu e eu segui durante o jantar falando com muitas pessoas idiotas, até que uma senhora se aproximou me salvando de um grupo de ricos mesquinhos.

– Querida, estava a sua procura. – Ela sorriu em minha direção como se nos conhecêssemos a muito tempo. – Com a licença de vocês preciso falar com ela por alguns minutos.

– Muito obrigada.

Agradeci a mulher que eu não conhecia após se distanciar do grupo entediante, me salvou de umas das conversas mais chatas que já tive na vida. Ela parecia ter a idade da minha mãe, estava com o vestido longo azul marinho que destacava seus cabelos pretos e olhos azuis.

– Preciso saber o nome da minha salvadora.

– Pode me chamar de Mag. Vi que estava em batalha difícil. – Seu sorriso foi contagiante.

– Sim, Mag. A propósito, me chamo Amber. – Ofereci minha mão em comprimento e ela aceitou educadamente.

– Todos nós sabemos que é você, querida. – Ela voltou a sorrir como se falasse algo super óbvio.

– Não sei se isso é bom.

– Não é.

Caminhamos para uma parte mais isolada do evento, nos afastando dos grupos de pessoas que tentavam nos cercar para falar sobre assuntos que não tenho nenhum interesse. Até que vejo um casal em um beijo ardente, porém não consigo ver quem é a mulher, mas pelo terno e o porte do homem que o veste, sei sem sombra de dúvidas que é James Carter. Mag segue meu olhar e aperta minha mão.

– Vamos para outro lugar? – Sua voz baixinha me traz de volta.

– Sim, por favor.

A imagem grudou em minha mente e via tudo como em uma cena de filme que se repetia várias vezes, estava furiosa com ele e comigo por me sentir traída.

– Você está bem, Amber?

– Sim, estou.

– Fiz uma pergunta idiota e você me respondeu no automático, eu sei como é difícil isso, o rumo que as nossas vidas são levadas a viver a sombra desses homens, entretanto temos uma vantagem, o tempo mudou Amber. – Mag aperta minha mão novamente tentando me consolar.

– Como assim?

– Antigamente éramos obrigadas a viver à mercê desses homens esperando uma migalha de atenção, éramos cercadas de medo. – Seu olhar era pura tristeza. – Mas podemos assim como eles nos aventurar também.

– Eu, trair? Isso seria impossível. Você não entenderia. – Estava sufocada.

– Por causa da máfia?

A olhei em choque, pois achava que era alguém de fora desse mundo. Mag sorriu com uma enorme tranquilidade.

– Sou casada com um dos sócios do seu noivo, infelizmente não podemos fugir ainda do casamento, mas sim, podemos viver assim como eles, nos aventurando por aí e não é tão difícil manter sigilo. – Ela piscou um dos olhos para mim.

– Eu...

– No nosso mundo ou fora dele é muito difícil ter um homem fiel a sua companheira, seguimos a mesma batalha com a desvantagem de o casamento ser na maioria das vezes por conveniência, porém a arma da mulher é seguir plenamente acima disso. Seu noivo é muito bonito, aproveite isso, só que não se esqueça que existe muitos homens por aí também. – Ela nota minha cara de choque e aproveita para completar. – Aproveite como ele está fazendo, um jogo bom é para ser jogado com dois ou mais jogadores.

– Meu Deus. – Acabo gargalhando. – Vou guardar seu conselho para ser usado.

– Querida, sempre que precisar pode contar comigo.

– Muito obrigada, Mag. Acho que agora tenho que ir, acho que a noite encerrou para mim.

– Meu telefone. Por favor, me ligue, quero levá-la a um lugar e sei que vai gostar. – Ela me entrega seu cartão.

– Sim, pode deixar. Muito obrigada.

Me despedi da minha mais nova amiga e fui embora do local para estranheza do meu motorista, apenas avisei para me deixar em casa e depois voltar para buscar o Carter.

Presa a Você -  O amor em meio ao caosWhere stories live. Discover now