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Liz

— Preciso de uma blusa sua. — a voz da minha irmã entrando no quarto com passos largos soou como uma das vozes do meu sonho e tive que abrir os olhos para ter certeza de que ela realmente estava me acordando.

— Bom dia Célia, eu dormi bem sim e você? — ironizei enquanto me sentava na cama coçando os olhos. — Não entendo pra que comprar tanta roupa se você sempre acaba pegando as minhas.

— Você é menor que eu, automaticamente suas roupas se tornam menores em mim. — a garota de sutiã falou mexendo em minhas roupas sem sequer olhar para meu rosto.

— E você acha que fica bonito? — desliguei a lâmpada do abajur e comecei a jogar os travesseiros no chão para arrumar a cama.

— Tony gosta. — finalmente ela me olhou desde que entrou e deu de ombros no fim da frase.

— Mas vocês nem se falam mais. — falei e quando notei o silêncio de minha irmã, me levantei da cama e fui até o closet parando na porta de braços cruzados. — Vocês voltaram?

— Quando você amar alguém vai entender. — foi meio difícil entender o que ela dizia pela força que ela estava fazendo para vestir minha regata.

— Eu tenho uma pequena ideia do que é amor e tenho certeza de que não é isso. — respondi e ela apenas me mostrou seu dedo do meio antes de sair do quarto.

Tony é o namorado Célia e eles vivem a 2 anos num vai e vem doentio, todos os terminos eram pelas traições de Tony e eu já perdi as contas de quantas vezes eles quase se mataram brigando e voltaram como se nada tivesse acontecido, pra alguns parece bonito mas pra mim parece trágico.

Não entra na minha cabeça como uma garota
como a Célia caia de amores por um cara com um mullet mal feito. Minha irma é a pessoa com a melhor personalidade que eu conheço, a sua sinceridade é sua maior virtude sem contar o quão bonita ela é mas só ela não enxerga isso, as vezes penso que suas inseguranças fazem com que ela fique presa a ele, o fato de ela pensar que não consegue encontrar alguém melhor apenas por ser ela mesma faz com que ela se apegue a migalhas de um amor fracassado.

Soltei um suspiro e decidi começar a me arrumar logo, entrei no banheiro para fazer minhas higienes que não passaram de um banho rápido, lavei meu rosto, escovei os dentes e sai do banheiro já vestida com meu uniforme. Me sentei a frente da penteadeira e passei um pente para soltar os cachos que eu fiz na noite passada no meu cabelo, feito isso, coloquei meus acessórios, arrumei meus materiais e sai do quarto, desci as escadas e fui em direção a cozinha já encontrando meu pai sentado na mesa comendo, me sentei do outro lado da mesa e comecei a me servir.

— Bom dia, foi essa educação que te dei?

— Você sequer me educou. — ri sarcástica sem o olhar.

— Não precisa ser tão bruta. — Célia chegou na mesa falando e foi em direção a ele dando um beijo em sua bochecha.

Eu não entendia como ela conseguia amar tanto o homem que deixou nossa mãe nos criar sozinha sabendo que ela não tinha condição de criar nem a si própria, era como se o dinheiro de Adam fosse o suficiente pra ela esquecer a mamãe.

A minha mãe sumiu quando eu tinha dez anos, moravamos em Minnesota, minha vó apareceu lá em casa pela manhã, eu e minha irmã tinhamos acabado de acordar e nossas malas já estavam prontas sem nem saber pra onde iríamos, Celia tinha 15 anos na época e já tinha entendido o que estava acontecendo, pra mim o que foi dito foi que iamos passar férias no Alabama com meu pai, o homem que eu cresci sem nunca ouvir a voz.

FALLEN ANGELSOnde histórias criam vida. Descubra agora