Capítulo 2

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As palavras grosseiras saíram de sua boca sem qualquer controle de si mesma, o cálice que outrora segurava com elegância e confiança, tremia levemente em sua mão que já estava abaixada, seus olhos estavam arregalados olhando para tudo em volta.

Até que ela virou a cabeça para o lado, sendo capaz de ver seu reflexo em um vidro que a refletia. Essa mulher, aquela que ali estava, era certamente Kara, mas com um toque diferente, os cabelos que antes tinham um ruivo avermelhado, agora se suavizaram para o ruivo dourado, as mechas brilhantes e bem cuidadas, entrelaçadas elegantemente na coroa dourada sobre sua cabeça, mas sua pele, estava tão pálida, o que de certa forma complementava os lábios de rubi e o ouro da coroa, as orelhas para o espanto de Kara, tinham sua aparência levemente pontuda.

O cálice caiu de sua mão trêmula, aquela poderia ser ela, sua aparência, seu reflexo, mas Kara não via nada de si ali, a expressão amarga e raivosa, aquela atmosfera artificial e fria.

A respiração irregular a assustou de certa maneira, a dor crescente e o calor intenso, abaixou a cabeça, observando seu peito subir e descer rapidamente, coberto por vestimentas que ela sabia que nunca teria usado, por cima de seus seios, encontrou algo pior, um colar feito de um osso, quando sua mão se movimentou para retirar o objeto assustador, viu sobre seu dedo um anel com um olho.

Ela realmente pensou: Essa merda ainda está se movendo!

— Droga. — Ela disse com repulsa. — Droga! Droga! Droga!

Ela se atrapalhou ao tentar o objeto de seu corpo, e quando finalmente tirou, o colar estava partido sobre o chão, e o olho, ela certamente não se importou como ele ficaria quando o jogou.

— Amarantha? — Perguntaram de novo.

A voz parecia ter sussurrado em seu ouvido, Kara se afastou alarmada, olhando para o lado encontrando algo ainda mais assustador.

A criatura era alta e impotente, por suas costas carregava longas asas de couro, as mãos eram grandes portando unhas longas e afiadas, seus dentes prateados se sobressaiam sobre a boca, mostrando o quão afiado eram.

Como antes, sendo impulsiva e totalmente ciente de suas ações, levantou o cotovelo, e empurrou o braço para trás, o tecido de seu elegante vestido se esticou e o som se rasgando se fez presente, ela não se importou, não quando tinha algo como aquilo em sua frente, a criatura horrenda que ela logo reconhecerá, o próximo som ouvido, foi o gemido estrangulado da criatura, que cairá para trás, cobrindo seu rosto monstruoso com suas mãos ainda piores, ele se deitou sobre o chão meio atordoado enquanto tentava se manter acordado.

Kara agora, se curvou para frente, movendo seu rosto em uma careta, mas percebeu então que... Não sentirá dor, ela não sentirá absolutamente nada, a não ser sua força extrema, humanos tinham a tendência de ter atos como se curvar ou gemer antes mesmo de sentir a dor irradiar, pois eram mortais, fracos e humanos, que ainda tinham a capacidade de sentir dor ao dar um soco.

Mas Kara não era uma humana, não era mortal, e ela certamente acabou de dar um soco em Attor.

— Pare de me chamar assim. — Disse pausadamente.

— Tudo bem, minha rainha. — Attor murmurou raivoso, mas baixo o suficiente para que ela não ouvisse seu ódio. 

— Por que está me chamando assim?! — Gritou. — Eu não sou uma rainha, não sou Amarantha! Não me chame assim.

Ela olhou para todos eles, vendo que usavam máscaras e roupas elegantes, a observando como se ela fosse um show muito interessante, ou uma palhaça em um circo. O único pensamento coerente que veio em sua mente foi:

Corte De Sonhos e Mudanças | ʳʰʸˢᵃⁿᵈWhere stories live. Discover now