Capítulo 32

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As cortinas tremeluziram com o toque suave do vento que ultrapassava a janela entreaberta, arrepiando os corpos nus mal envolvidos pelo lençol fino de seda. Ainda meio adormecida, Kara sugou ar pelas narinas, saboreando um novo sentido de existência; tudo havia mudado desde o novo bater de coração dentro de outro corpo, no entanto, nada como respirar o cheiro de alguém que a pertencia, experimentar de perto, a força genuína da raça feérica.

Rhysand possuía na pele o cheiro de escuridão, violetas e as marcas do calor excessivo por toda a noite. Piscando os olhos acinzentados, ela ergueu o queixo, apoiando no peito do noivo, os cabelos ruivos se misturavam em fios bagunçados, caindo sobre o travesseiro e as tatuagens escuras que adornavam a pele de um tom bronzeado, olhando mais para cima, a mão livre acompanhou o movimento, tocando o queixo do macho meio illyria, e assim, com um pequeno repuxar dos lábios, ela notou que ele estava acordado.

— Você é um bobo — disse, uma baixa risada ao levantar a mão para desferir um tapa no peitoral exposto.

Rápido como um verdadeiro feérico, ele segurou o pulso fino, erguendo o tronco para abraçá-la, um ronronado tremendo seu peito, isso enquanto enfiava o rosto na curvatura do pescoço.

— Pode me culpar? Nada é mais gracioso do que a assistir acordar e me tocar.

O quarto foi tomado por um calor aconchegante, as janelas se fecharam com um baque suave e as cortinas passaram a descansar nas paredes; ainda na Casa do Vento, o Grão-Senhor usou de sua desenvoltura, tomando o corpo pequeno da mulher feérica nos braços, erguendo-se majestosamente, ignorando a nudez. Kara sentiu a sensação vermelha nas bochechas, o seio direito se espremendo contra o macho, enquanto o outro estava a vista - dos maliciosos olhos violeta.

A banheira de mármore escudo e pernas o bastante para assemelhar-se a uma majestosa aranha, se encheu com água fluída, permitindo que Rhysand a colocasse ali, sentando exatamente em sua frente. Ela suspirou com o toque da água, fechando os olhos brevemente. A pele formigou, como se o próprio âmago sentisse que algo a olhava, abrindo novamente, ela inclinou a cabeça, olhando para baixo onde visualizou as marcas distribuídas.

— Você... — murmurou, abrindo a boca em choque, vendo a mordida arroxeada próximo ao seio. — Quando fez isso?

Encolhendo os ombros, o Grão-Senhor abriu os braços ao redor da banheira, as grandiosas asas se assentando de maneira confortável.

— Acho que no mesmo instante que você fez isso aqui — respondeu, piscando um dos olhos, exibindo com orgulho a marca no pescoço.

Dentro da alma, algo se remexeu; Kara sempre achou que saberia caso o destino a ligasse com alguém, isso, entretanto, era diferente. Não era um laço escolhido pela Mãe, disso ela sabia, mas um enlace do destino.

— Nesse mundo, parcerias são tão raras quanto o amor, Kara — a voz, uma mistura de rouquidão e sabedoria, envolveu a mulher. — Não ache, nem por um segundo, que o que temos não é maravilhoso.

Ondas se formaram quando ela se ergueu, encaixando o corpo contra o dele, espremida com aquela sensação difícil de se assemelhar a qualquer outra coisa. _Ainda não sou a única que ele irá encontrar_, pensou consigo mesma, a voz pesada na mente.

— É a única que quero comigo. — Os dedos se fixaram entre os fios, criando uma carícia suave. — Provarei isso a você, quando me ligar a ti diante da Mãe e das regras sagradas do matrimônio.

Como se lembrasse agora, Kara ergueu o rosto, os olhos levemente arregalados.

— O casamento... Como se organiza um casamento? Deuses... Preciso contarar meu irmão, pedir a permissão do Helion...

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⏰ Última atualização: Feb 22 ⏰

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