Capítulo 17

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Kara sentou-se sobre um tronco caído na frente da casa, por um longo minuto abraçou o próprio corpo e se perguntou mentalmente o quanto daquilo aguentaria. Flocos brancos caiam sob seus olhos, se arrastando demoradamente para suas bochechas que ardiam e sua boca completamente destruída. Da noite para o dia, Kara se transformou em algo patético que se congela sozinha, mas, isso não era de fato o pior, a Corte Estival também corria por suas veias, então agora, miseravelmente, cada mínimo segundo que a água da estival se pronunciava, o gelo lascivo da invernal aparecia.

— Não faz nem uma hora que começamos — a voz Rhysand soou profunda atrás dela.

— Acredite — murmurou um grunhido apertando o próprio corpo — eu sei bem quanto tempo estou fazendo isso.

A mão do Grão-Senhor serpenteou os cabelos ruivos e endurecidos de Kara, a mulher se encolheu debaixo desse toque e subitamente, ele se afastou.

— Tem algo para me dizer, Kara? — Andou e parou de frente para ela.

Ela parou, congelada.

— Merda, vamos para dentro. — Kara mal teve tempo de reagir antes de ser agarrada e jogada na frente da lareira.

Vergonhosamente, ela se arrastou para perto do fogo, tão perto que logo gotas de suor e água desciam por sua testa. Porém, ela logo sentiu o gelo voltar quando Rhysand sentou-se atrás dela. Ele tirou a túnica, revelando gloriosamente o peitoral tatuado.

— O que está fazendo? — Ela arregalou os olhos quando ele tirou com rapidez a blusa que cobria o corpo dela.

— Fique quieta — sussurrou ele em seu ouvido. — Calor corporal, sem expectativa.

Ele deitou o queixo no topo da cabeça dela, passando ambos os braços pela barriga magra, abraçando as costelas enquanto a cobria com todo seu corpo, Rhysand abriu as pernas e a encaixou entre elas, deixando Kara encolhida sob seu aperto, encaixada com perfeição única. Rhysand fechou os olhos e nem mesmo pareceu se importar que seu antebraço estava sobre a peça íntima de renda que cobria os seios daquele corpo que Kara ainda estava.

Rhysand inspirou o cheiro, reconhecendo que era Kara. Ela não estava com cheiro de chocolate, mas ainda tinha aquele cheiro suave de baunilha, e dessa vez, também tinha o cheiro de neve e mar.

— Não estou escondendo nada — mentiu baixo.

— Está sim — ele devolveu.

Os olhos alarmados deixaram o fogo e olharam para cima, Kara ainda não podia ver Rhysand, mas se esforçou para ver pelo menos uma pequena parte. Ele percebeu? Não, impossível.

— Ontem a noite...

— Esqueça isso, Rhys — pediu em tom de súplica.

— Ontem a noite — ele repetiu ao aperta-la, fazendo Kara se calar, — ouvi seus pesadelos.

Ah... — Kara piscou.

Pesadelos, sim... No dia anterior, depois que Rhysand deixou o quarto e ela se encontrou sozinha naquele tremor e frio, Kara dormiu e entrou em um mundo intermináveis de pesadelos, no início da manhã, Rhysand a encontrou ajoelhada em frente a latrina, despejando o vazio do estômago.

— O que era? — Ele sussurrou suavemente em seu ouvido.

Ela abaixou os olhos, lembrando de cada mínimo detalhe. Os gritos encheram sua mente a fazendo ter leves calafrios e a lembrança daquela mulher fez com que Kara fechasse os olhos com força para expulsar esse sentimento.

— Se permitir, posso ver todo o conteúdo do seu sonho sem que você tenha que falar.

— Permitir? — Kara riu baixo. — Você pode explodir meu crânio em pedaços.

Corte De Sonhos e Mudanças | ʳʰʸˢᵃⁿᵈWhere stories live. Discover now