Capítulo 3

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O falatório estava feito, os Grão-Senhores riam depois de serem libertados de semanas presos na escuridão e das garras de Amarantha.

A criatura horrenda a qual Kara sabia perfeitamente se tratar de Attor, sumirá ao perceber o ocorrido, não foi difícil entender que Amanratha já não mais ali estava, o que houve com ela? Kara não saberia dizer, mas se tivesse um palpite, diria que ainda existe ela ali, em alguma parte, do lado escuro de seu ser.

Mas quem se importava? Quem ligava se Attor junto das outras criaturas tivessem desaparecido? Quem ligava se Kara estivesse acuada no meio da multidão que a julgava com olhares de odio e desprezo?

Eles estavam livres, e agora ela era só uma chave para ter seus poderes novamente. Nada mais que isso.

Kara não precisou olhar muito em direção a Rhysand, para entender que ele sairia dali agora mesmo, e contra sua vontade, estava a levando consigo.

O tempo pareceu parar quando ela segurou as saias de seu vestido elegante, descendo os degraus lentamente, com toda sua delicadeza que outrara Amarantha nunca teria, todos observaram quando Rhysand estendeu o braço para ela, e então ela o alcançou, o braço tatuado sendo mostrado a todos os olhares.

A escuridão se assemelhou a um potente rugido, o vento parecia a empurrar de um lado para o outro, provocando o mau estar intenso em seu estômago, o chão parecia ter se transformado em areia, se desfazendo debaixo de seus saltos elegantes, o mundo parecia estar se desfazendo ao seu redor.

Ela agarrou o braço de Rhysand, fechando seus olhos acastanhados fortemente, segurando a respiração e lutando contra a pressão de seu peito. Por segundos, quando abrirá uma fresta nos olhos assustados, quase puderá ver algo nos olhos violetas, quase puderá ver as estrelas brilhando para si.

Mas então tudo sumiu, a escuridão e tudo o que ela carregava.

Ela ainda não tinha abrido os olhos, mas sentirá o cheiro que bateu forte contra seu rosto. Apesar de ser diferente, era incrível os sentidos que agora ela possuía, os sons e os cheiros tão perceptíveis a sua volta.

A deliciosa fragrância de uma flor chegou até si, um toque de jasmin suave e tinha outra coisa... Certo, violetas, Kara tinha certeza de que também tinham violetas.

Seus olhos estão se abriram, seguindo seus sentidos ela olhou para o lado, e quase pode ser devorada por tantas estrelas que dançavam no céu, semelhante a um oceano noturno, também, notou os pilares reluzentes, emoldurando ampla vista de montanhas cobertas com neve branca como nuvens.

Ela nunca poderia e nunca faria o ato de tentar assemelhar algo a aquelas estrelas, nunca, nunca viu nada que se comparasse aquilo. Nunca virá algo antes que quase a tirava o fôlego.

Ela piscou, sendo tirada de todos pensamentos quando lembrou-se de que não estava sozinha, quando abaixou a cabeça e olhará para cima novamente, encontrou o semblante sério de Rhysand.

Era tão difícil acreditar em algo assim, mas cá estava ela, em frente a ele, dentro de sua corte e da sua propriedade.

Mas ele certamente não era como nos livros, nada de galanteador ou gentileza sarcástica como ela um dia leu.

Então ela lembrou-se, de que, Rhysand nunca iria ter motivos para distribuir gentileza para ela, nunca teria motivos para ser galanteador.

Não com ela, não com Kara howard, uma mulher que possuía o corpo de Amarantha, um dos maiores ódios que ela sabia, que ele tanto quanto todos de Prithyan carregavam.

Ele se virou de lado, acenando com o queixo a um corredor extenso, nada saia de seus lábios quando começou a andar, nem mesmo quando ela começou a o seguir.

O corredor a sua volta ficava exposto, nenhuma janela que estivesse a vista, a não ser as varandas que davam visão as estrelas e as montanhas.

Ele tocou a maçaneta de uma porta, o trinco soando suavemente, e logo o som da madeira se movendo.

Aquilo, era certamente um convite para ela entrar, Kara o fez, forçando-se sobre a porta para que nada de seu corpo tocasse em Rhysand, para que ele não ficasse mais desconfortável do que já parecia estar.

Ela não se importou com a decoração, tampouco com o luxo que estava sendo disposto a sua frente, ela só olhava para ele.

— Fique aqui. — Ele disse. — Ao amanhecer conversaremos sobre o que será feito.

— Tudo bem. — Ela sussurrou assentindo.

— Não procure por mim. — Se virou, trazendo a porta consigo para a fechar. — Por hora, não estarei aqui.

— Tudo bem. — Ela sussurrou de novo.

A porta então se fechou, o ar preso que ela nem mesmo percebeu prender dentro dos pulmões foram soltos.

Tudo o que Kara realmente queria dizer era:

Eu sinto muito.

Corte De Sonhos e Mudanças | ʳʰʸˢᵃⁿᵈWhere stories live. Discover now