ONZE

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ZOE


No dia seguinte acordo um pouco mais cedo, Santiago deixou bem claro que não quer que nós atrasemos para o médico.


Acho meio bizarro, nós três irmos juntas, não somos tão próximas a esse ponto.



- Pronta? - Lana pergunta como sempre com educação.



- Sim.



Há um homem esperando do lado de fora do apartamento.



- Como vão? - ele questiona.



- Muito bem. - Lana responde e, Valentina passa reto.



- Você é a Zoe?



- Sim.



- Sou Apollo.



- Muito prazer.



- Vamos descer. - diz apontando para o elevador.



Nós quatro na caixa de metal chega ser sufocante.


Mesmo ainda de longe, noto Santiago encostado em seu carro. Meu coração fica acelerado.



- Senhor. - Lana e Valentina abaixam a cabeça na mesma hora.



Mesmo não querendo, faço o mesmo.



- Zoe vai comigo, leve às duas no seu carro. - ele informa ao Apollo.



- Certo, chefe.



Entro no automóvel contente.



- Não se acostume.



- Não irei.



- Como foi sua noite?



- Maravilhosa. - porque ele esteve comigo, não, à noite toda infelizmente.



- Tomou café?



- Sim, senhor.



- Bom.



- Posso fazer uma pergunta? - minha curiosidade está quase me matando.



- Faça.



- Se ninguém sabe sobre nós três, então, porque está nos levando ao médico juntas?



- A doutora não sabe do meu envolvimento com as meninas. A médica pensa que Lana e Valentina são melhores amigas, que moram juntas. Por isso, elas vão juntas as consultas.



- E quanto a mim? Terei que ser a melhor amiga delas também?



- Não.



- Como vai ser então?



- Você é só uma menina que está indo ao médico para fazer exames de rotinas e pegar uma receita de contraceptivo.



- Vai ser estranho eu ir sempre nos mesmos dias que elas.



- Somente hoje você vai ao mesmo dia e no mesmo horário, as próximas vezes serão diferentes.



- Okay.



Chegamos até a clínica meia hora depois. Meu corpo trava ao ver o desenho pintado na entrada da clínica, de uma mulher segurando uma rosa-vermelha. A imagem é muito parecida com a da clínica psiquiátrica onde eu fiquei.



- Pode descer. - mesmo ouvindo seu comando, meu corpo não reage. Meus olhos estão fixos no maldito desenho.



- Zoe?



- Sim. - forço uma resposta.



- O que aconteceu?



- Não é nada de mais.



- Fale.



- Sério, não é nada. - desvio os olhos.



- Não minta, sei que aconteceu algo. Você ficou pálida de repente.



- Santiago, já falei que não foi nada! - acabo me exaltando.



- Muito bem. - ele responde ríspido. - Pode descer.



- Vai esperar aqui?



- Eu vou.



- Até daqui a pouco. - me inclino e beijo seu rosto.



Saio do carro, me junto com as meninas. Na clínica, a moça da recepção pede para aguardar que logo seremos atendidas.


A primeira a entrar é a Valentina. A doutora conversa cheia de sorrisos com ela e a Lana, como se fossem melhores amigas.


Que grande piada!


Lana é a segunda, fica menos tempo na sala. E logo sou chamada. A doutora faz as perguntas de rotinas, fala sobre os riscos das doenças. Como se eu fosse tonta e mal soubesse. Digo que quero tomar anticoncepcional, e ela começa a contar as vantagens e desvantagens. Recomenda que eu não pare de usar camisinha, mesmo tomando o remédio.


Sou obrigada a fazer xixi no palito só para confirmar que não estou grávida. Assim que dá negativo, ela prescreve a receita.


Opto pela injeção já que sou péssima em lembrar de tomar comprimidos diariamente.


Assim que a consulta acaba, saio da clínica e encontro as garotas do lado de fora encostadas no carro.


Santiago vem em nossa direção, nos pergunta como foi. Me junto ao coro e disso que foi tudo bem.



- Prontas para voltarem?



- Sim. - respondo ficando ao seu lado.



- Zoe você volta com o Apollo.



- Pensei que fosse com você.



- Não. Lana vem comigo. - o que ele diz foi como um, tapa na minha cara.



- Mas...



- Você volta para casa com o Apollo. - ele diz mais alto. - Considere seu primeiro castigo por não me contar a verdade.



Fico inconformada, ele está me castigando por não contar sobre o desenho.


Entro no carro ainda sem acreditar. O pior, foi ver o sorriso debochado da Valentina.



- Alguém ganhou o primeiro castigo. - ela ri.



- Querida, eu só não estou voltando com ele. Mas quando chegarmos, sei que serei a escolhida para o quarto.



- Você tem muito que aprender ainda.



- O quer dizer?



- Ele não vai voltar para o apartamento.



- Lana está junto dele.



- Sim. E ela também não voltar hoje.



- Quê?



- Você praticamente correu para o carro e não o viu colocando a coleira nela.



- Para onde eles vão?



- Não sei. Para o rancho talvez.



- Mas ele disse que não mistura a vida pessoal com prazer, então, não estão indo para lá.



- Uma vez por mês, o senhor nos leva até a fazenda. Passamos o final de semana e depois voltamos, não fica ninguém por perto. Somente a gente. Lana é a única que vai mais vezes.



- Porquê?



- Não sei. Pergunte há ela quando voltar.



- Amanhã eu pergunto.



- Se der sorte ela volta amanhã, Lana fica dias com o senhor. Melhor se acostumar.



Eu não iria. Não queria me acostumar com essa realidade.


Lana vive com aquela carinha de quem não gosta de estar com Santiago, mas passa dias junto dele. Que grande safada ela é.




MINHA OBSESSÃOWhere stories live. Discover now