Strangers Cay, Bahamas
Dois meses atrás
O maldito sol me acordou novamente. Só Mai mesmo pra gostar de acordar assim. O resto da humanidade gosta de acordar em paz sem ficar cego pela luz solar!
A água atingiu o meu tornozelo e isso me fez definitivamente abrir os olhos. Olhei ao redor e só via mato e o mar. Com certeza estou numa ilha, mas onde? Aliás como fui parar ali?
Tentei puxar pela memória os últimos acontecimentos que me explicassem como cheguei ali. Eu me lembro de estar num barco carregado de pólvora, um helicóptero explodiu e nós saltamos na água antes de tudo ir pelos ares... um momento... nós?
- Ai meu Deus! NICK!
Levantei num pulo. De repente já estava agradecido que fosse um dia com sol, eu precisava encontrar a Pequena Encrenqueira!
- NICK!
Olhei ao redor, mas não havia nada, não havia ninguém! Não, isso não podia estar acontecendo! Ela tinha que estar em algum lugar! Nós saltamos do navio juntos!
Um pequeno grupo disposto em círculo me chamou a atenção entre umas árvores. Me aproximei e fiquei dividido entre o pavor e o alívio quando vi a Pequena deitada na areia.
- NICOLE! - Tomei seu corpo entre os meus braços. Ela estava molhada e um pouco gelada. - Pelo amor de Deus acorda Nick!
- Você a conhece? - Um senhor de chapéu perguntou em inglês, mas isso não era o suficiente pra saber onde estávamos.
- Ela é minha esposa. Vamos Pequena acorda! Não é hora de brincar.
- Não se preocupe, ela não está desmaiada, só está dormindo.
- Como?
- A encontramos hoje pela manhã. Minha esposa tentou levá-la pra casa, mas ela disse que não podia sair até encontrar o cabeça de vento. Por acaso seria o senhor?
Se eu não estivesse tão preocupado com ela, certamente aproveitaria a ocasião para matá-la. Onde já se viu me chamar assim ainda mais na frente de estranhos? Ah Pequena mesmo metida em encrencas não perdia a chance de me provocar!
- Hum...
- Nick?
- Por que tanto barulho? - Ela resmungou ainda de olhos fechados.
- Me desculpe senhorita, mas não estamos na suíte presidencial!
Minha resposta serviu pra que ela abrisse os olhos. Nick me encarou espantada e então se afastou.
- Will?
- Surpresa! Quem estava esperando? O Chapolin Colorado?
- Que bom que acordou menina. Era ele quem você estava esperando? - O senhor voltou a perguntar. - Seu marido?
- Ele é o....
- Ai amor que bom que acordou! - Abracei Nick com força impedindo que ela continuasse e senti um aperto no peito. - Apenas diga que sim. Não sabemos quem são ou se conhecem... você sabe quem!
- Hã... sim sim é o meu marido. Que bom que está aqui, querido! - Nick apertou rapidamente as minhas bochechas e fez uma careta.
- Digo o mesmo amorzinho. - Apertei suas bochechas e fiquei impressionado em como a Pequena era forte, eu estava com as bochechas doloridas também.
- Fico contente que tenham se encontrado, podem explicar o que houve? Fiquei preocupado porque esse mar é perigoso. Há um mês atrás um navio explodiu e...
- O QUE? - Eu e Nick gritamos ao mesmo tempo.
- Sim, por acaso estavam nele?
- Não! Claro que não! - Me apressei a responder antes que Nick abrisse aquela boca grande. - Ouvi falar sobre isso, mas não fazia ideia que já tinha passado tanto tempo. Me desculpe, o senhor é...
- Oh é mesmo que cabeça minha. Sou Sam, pescador aqui na ilha. Eu apertaria a sua mão, mas o cheiro de peixe não é muito agradável.
Só então eu reparei nos trajes do homem. Se não tivesse tão desesperado por encontrar Nick teria percebido a rede de pesca que ele tinha sobre os ombros.
- Não por isso Sam, eu adoro pescar. - Sorri e ele me correspondeu. Me senti seguro em meio àquela gente e o fato dele pescar me trazia uma sensação de familiaridade. E costumava pescar com Mai e.... céus Mai! Ela deve pensar que morremos!
- Bem tomem um descanso. Quando tiverem fome é só caminharem até a minha cabana, é aquela ali pintada de branco. Lucy está esperando vocês pra almoçarem. Mas tarde conversamos e aí me contam com calma como posso ajudá-los sim?
- Obrigado Sam.
- Vamos pessoal, acabou o espetáculo. Deixem os garotos respirarem.
Assim que as pessoas se afastaram pude respirar aliviado. Uma série de perguntas passavam na minha cabeça sem eu fazer a mínima ideia de como respondê-las.
- Aí Nick! Por que fez isso? - Falei massageando o braço depois de levar um beliscão. - Ficou louca? E por que tá me imitando? Tá achando engraçado?
- Não seja idiota! Acho que algum bicho me picou! E não, não estou louca, mas você certamente está! Por que não me deixou responder que estávamos naquele barco? Se já faz mais de um mês e não nos encontraram... então quer dizer...
- Aí é que tá. Não sabemos o que aconteceu em um mês! - Interrompi o seu discurso. - Eu não lembro de nada a não ser aquela noite e você?
- Estou na mesma que você. A última coisa que me lembro foi do momento em que saltamos e a partir daí é um mistério. Eu lembro que o helicóptero de Hassan explodiu, isso significa que ele está morto.
- Ainda assim não podemos dizer que os outros estejam. Pode ser perigoso, mesmo que já tenha se passado um mês.
- Como pode termos esquecido um mês inteiro Will? Você que é meio burro eu até entendo, mas eu...
- Um momento, um momento! Quem é meio burro?
- Ué e precisa perguntar?
- Oras vem aqui sua encrenqueira!
Comecei a correr atrás de Nick. Pra variar estávamos sempre correndo, já tinha virado um hábito. Se me dedicasse mais um pouco, poderia me inscrever em alguma maratona.
- Cuidado a pe.....
Antes que eu terminasse, Nick chutou e caiu. Senti uma pontada no pé e comecei a pular. Azarado como eu sou é certo que pisei em algum caco de vidro.
- Will por que tá brincando com a minha cara? Eu me machuquei é sério!
- Quem disse que estou brincando? Pisei em alguma coisa pontuda. Por que por acaso só você pode se machucar? - Cai sentado ao lado dela.
- Não seja ridículo!
- Não seja ridícula! - Dissemos ao mesmo tempo.
- Para de me imitar! - Repetimos o feito e ela me olhou feio. Só faltava essa! A Pequena Encrenqueira zangada comigo pela confusão em que nos metemos!
- O que sugere então Senhor Perfeição?
- Nick!
- Ok, ok. Bandeira branca... por enquanto. E então o que a gente faz?
- Bem, vamos dar um jeito de ficar por aqui durante um mês. Acho que uma pequena ilha de pescadores é o lugar ideal pra nos escondermos enquanto buscamos por notícias. Depois disso, se nada aconteceu, se ninguém da parte de Hassan nos procurar, voltamos pra casa. O que acha?
- Bem... até que você tem razão. Mas que desculpa vamos dar pra ficar aqui um mês?
Eu apenas sorri pensando que ela era a resposta pra própria pergunta. Seria divertido e ela bem que merecia essa pequena vingança.
- Quanto a isso não se preocupe. Eu já sei exatamente o que temos que fazer.
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Quem inventou o amor?
RomanceAfinal quem inventou o amor? Seja lá quem for o responsável, pode ter sido a pior invenção, mas é impossível viver sem. Amores do passado, amores do presente ou do futuro, amores inesquecíveis, amores engraçados e até aqueles amores que te fazem odi...