Quem inventou o amor?

Capítulo 28 - Uma noite que nunca acaba

Acendi as luzes aliviado por finalmente estar em casa. Me joguei no sofá e simplesmente dei risada. Que noite foi aquela! De todos os aniversários loucos que já passei, esse foi de longe o mais diferente. Começou com o lance da torta, então o chá, depois metade do dia trancado em um depósito e terminamos fugindo de capangas por causa de um tiro de borracha e de meia dúzia de convidados furiosos por roubar saquinhos de arroz!

- Que ridículo tudo isso! - Continuei a rir repassando os momentos dessa noite na minha cabeça.

- Rídiculo... Arrrrr... Ridículo!

Zakí estava apoiado no encosto do sofá e bicava o tecido como sempre. O meliante não tinha vergonha, cometia o crime na minha cara!

- O que faz acordado ainda? - Estranhei, afinal já havia passado da uma da manhã. - Quer parar de estragar o sofá? Troquei a estampa não faz dois meses!

- Troca de novo.... arrr... ridículo.... de novo!

- Eu vou trocar é o seu bico se não ficar calado. - Ele fez pouco caso e continuou o seu trabalho de destruição tranquilamente. - Onde está Julieta?

Eu não sei onde estava com a cabeça quando resolvi adotar um par de papagaios. Zakí veio primeiro, um dia simplesmente pousou na janela do meu quarto e não saiu mais. Eu comecei a cuidar dele, alimentar e aos poucos ele foi se acomodando, já se sentia o rei da casa quando Julieta um dia apareceu da mesma forma e mostrou quem manda. Os dois vivem brigando, mas passam o dia todo juntos, o que torna impossível pensar em separá-los. Agora aqui estou eu, com dois papagaios que pensam que eu moro de favor com eles e não ao contrário.

- Julieta ronca... Julieta ronca!

- Hey, nunca diga a uma mulher que ela ronca. Não sabe que elas arranjam encrenca por qualquer coisa?

Por falar nisso, lá estava a Pequena Encrenqueira de volta a minha mente. Ainda não esqueci o tapa que ela me deu pelo beijo, podia sentir a bochecha quente. Mesmo assim eu não me arrependo, no momento foi o melhor plano que me ocorreu e deu certo. A prova é que agora estamos os dois a salvo, cada um na sua casa. Por outro lado, eu não conseguia parar de pensar naquele beijo. O que foi aquilo? E por que me senti tão... perturbado?!

- Sabe amigo, encrenca deveria ser o nome do meio daquela garota. Não sabe a confusão que ela arranjou atirando... - Um momento! Confusão... problema... uma aposta... - Ela perdeu a aposta! Ela perdeu a aposta! La la la la la! Ela perdeu a aposta! - Comecei a pular em cima do sofá, o que assustou Zakí que bateu suas asas até a mesa da sala dando de cara com o coelho rosa. Aliás, por que aquilo ainda estava comigo? - Pra você parar de bicar meu sofá. Pode experimentar, aposto que esse é melhor.

Ah se não fosse tão tarde! Eu juro que ligaria pra Pequena Encrenqueira só pra esfregar na cara dela que perdeu pra mim. A causadora de problemas tinha nos metido em uma boa dessa vez! Mas não tem problema, amanhã eu faria isso no escritório, era até melhor porque poderia ver sua expressão ao se dar conta que perdeu!

Meu telefone tocou e me perguntei quem era o bêbado que estava me ligando de madrugada. Por outro lado, possa ser que a Pequena Encrenqueira tenha esquecido de dizer algum desaforo depois do beijo. Bem, em todos os casos, eu me divertiria igual seja quem for.

- Quem perturba?

- Estou no Hospital Central com a Maite. Ela foi atropelada na saída do parque e me disse que você guarda uma cópia da carteira do plano de saúde com você. Venha depressa.

Christian desligou e claro que só poderia ser ele! Aquele homem só sabia soltar ordem e... um momento... ele disse que Mai foi atropelada? Era só o que faltava!

- Zakí estou saindo, não me espera acordado! - Gritei já batendo a porta da frente e correndo pro carro. Eu devia estar louco por dar explicações a um papagaio!

Maite não me daria descanso nessa vida! É lógico que eu tinha uma cópia do seu plano de saúde na minha carteira. Correndo com aquela moto feito louca era o mínimo que eu tinha que ter ao alcance! Nunca precisei usar, mas sabia que em algum momento precisaria usar, só não esperava que fosse por outro motivo.

- Pelo visto Pequena Encrenqueira, você não é a única a me causar problemas essa noite. Aí Willian! - Bati na testa e girei o volante mudando de direção. Era melhor levá-la junto comigo.

- Alô? - Uma voz cheia de sono me atendeu.

- Desce, estou quase em frente ao seu prédio.

- E por que eu faria uma insanidade dessas? Não vou com você a lugar ne...

- Mai foi atropelada, vamos pro hospital. Agora feche essa boquinha e desça!

Cortei a chamada. Nick sempre tinha uma resposta pra tudo, não nos levaria a lugar algum no momento. Agora só me resta esperar que Mai esteja bem.

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Maite é a rainha dos acidentes não? 

E o que acham do Zakí?