Quem inventou o amor?

Capítulo 16 - Imperfeitamente Perfeito

Sobreviver ao primeiro dia com Christian como chefe é realmente uma conquista. Depois de um expediente puxado entre telefonemas, documentos, ele me pedindo arquivos o dia inteiro e ainda tendo que ficar de olhos abertos em Nick, era bom poder finalmente ir embora.

Pra minha sorte, Will partiu antes do fim do expediente, caso contrário já estaria no meu pé, cobrando a conversa que não tivemos sobre o que eu fazia com Christian domingo a noite. Ainda não estava preparada para, pela primeira vez, contar uma série de mentiras para o meu melhor amigo.

- Muito obrigada Francine, pode ficar tranquila que farei o meu melhor para representá-la enquanto não estiver, o senhor Levy vai ficar muito agradecido! De verdade eu...

- É Celine! – A cobrinha interrompeu irritada por ter o braço quase deslocado por uma Nick efusiva que tratava de se despedir. Busquei olhar para o outro lado enquanto arrumava minhas coisas, por nada queria que me vissem rindo, mas a verdade é que a cena era um tanto cômica. Se continuasse assim, Nick realmente conseguiria que Celine se demitisse assim que voltasse e então eu faria questão de erguer uma estátua em homenagem a Nicole. – De que hospício você tirou essa louca? – Celine reclamou enquanto passava pela minha mesa, praticamente voando em direção ao elevador.

- Tchau Célia! – Nick ainda abanava enquanto a porta do elevador se fechava.

Foi impossível continuar se contendo. No instante em que Celine desapareceu, Nick e eu caímos na risada. O escritório estava praticamente vazio com apenas um ou dois funcionários, então não era problema extravasar um pouco em um ambiente geralmente tão sério.

- A cascavel estava tão agitada pra sair correndo de perto de você que nem lembrou de perguntar por Will. Garota eu te adoro!

- Teve um momento em que eu achei que ela fosse capaz de pular pela janela. Acho que a pressionei demais com tanto entusiasmo, mas valeu a pena.

- De uma coisa você está certa, ele vai realmente ficar agradecido... mas é por se ver longe de Celine por um mês! – Falei enquanto limpava as lágrimas. Ri tanto que cheguei a chorar literalmente.

- Aliás, cadê ele? – Perguntou buscando pela sala e senti algo estranho ali novamente. Por acaso a senhorita "não quero relacionamentos" se interessou pelo meu cabeça de vento?!

- Foi embora mais cedo. O senhor Wilson ligou pedindo que o acompanhasse em um exame.

- Certo e o meu pri.... o senhor Chavez onde está? – Nick se corrigiu a tempo. Tudo bem que houvesse pouca gente no escritório, mas ainda assim as paredes têm ouvidos, então era melhor evitar.

- Bem aqui. - Respondeu e tenho a sensação de que se me virar vou dar de cara com ele.

- Não sabe o que é espaço físico vital. - Murmurei pra mim mesma. Estava certa, ele estava BEM próximo, até DEMAIS pro meu gosto.

- O que disse?

- Que já está tarde e ainda preciso ajudar Nick com a mudança. - Respondi rápido, não queria dar chance dele pensar uma segunda vez.

- Sei... querem carona?

- Não preci...

- Ah que maravilha, claro que queremos! - Nick me interrompeu e a fuzilei sem dó. - Que é? Esse salto está me matando, prefiro minhas sapatilhas. - A danada tratou de se defender.

Acho que no fundo Christian estava se divertindo com a situação. Deve ser engraçado me ver em apuros tendo que fingir em casa ser uma esposa amorosa em fase de reconciliação e ao mesmo tempo agir como se praticamente não o conhecesse no trabalho. Era difícil, mas o negócio era colocar na cabeça que ao menos em casa essa seria uma situação temporária. Quanto ao escritório, era melhor não pensar por agora, uma coisa de cada vez.