Capítulo 14: Étincelle

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Centelha(s.f.): Partícula de matéria incandescente, desprendida de algum material em combustão ou do choque ou atrito de certos materiais, como ferro e pederneira, que aparece como um ponto luminoso em deslocamento; brilho momentâneo, ou aquilo que brilha momentaneamente; manifestação repentina e intensa de uma emoção, de um pensamento, de uma intuição, com ou sem consequências notáveis; aquilo que provoca ou desencadeia, de modo brusco, algum processo ou transformação de grande intensidade ou violência.

"Não seria o acaso, aquela centelha a despertar-te para sua própria realidade ofuscada pelo comodismo de ações alheias?" - Ivan Teorilang


Narrator's Point Of View

Gostar de alguém é um fenômeno que mesmo sendo inesperado, sabemos que em algum momento da nossa vida vai acontecer, bem como um joelho ralado. Às vezes dói pra caramba, outras nem tanto e na maioria das vezes acontece por falta de atenção.

Joalin era o ser humano mais desatento do universo, já gostou de alguém tantas vezes quanto ralou os joelhos mas nunca foi de se incomodar com isso. Porém, é lógico, sempre tem aquela vez em que rapamos no asfalto e ralamos o joelho até ficar em carne viva. Para Joalin, gostar de Shivani era assim.

O beijo mexeu com a garota mais do que deveria, e ela pensava sobre isso quase o tempo todo. Sobre como os lábios de Shivani eram macios, no quão gostosa era sua boca. Era estúpido mas inevitável e ela queria saber o que a missy tinha achado, o que ela tinha sentido, se o coração dela também tinha acelerado.

Joalin queria saber um monte de coisas e queria ainda mais beijá-la novamente. Porém, infelizmente, era um tanto quanto nítido que Shivani não tinha os mesmos pensamentos.

Dizem que para o bom entendedor, o silêncio vale mais que mil palavras, mas naquele caso, Joalin sabia que significava uma só: rejeição. Só não sabia o porquê, mas passara a maior parte do tempo tentando entender sem chegar em conclusão alguma que fizesse sentido.

Na verdade, aquela situação não fazia sentido em sua mente. Quando finalmente pensou que tinha conseguido, o caminhão Shivani Paliwal derrubou todos os tijolinhos de esperança que ela empilhou um por um.

Cinco dias desde o beijo. Cinco dias na merda. Cinco dias sem trocar uma única palavra com Shivani.

As duas continuavam se cruzando na mesma frequência de antes, coincidiam de estar no mesmo lugar pelo menos uma vez por dia mas Shivani fazia questão de desviar o olhar e fingir que não via a garota ou que nem a conhecia.

No Doucement a missy nem ia mais, mas agora Joalin tinha certeza que era por causa dela. Diversas foram as vezes que a garota tentou ir em sua direção mas sua expressão vazia sempre a repelia.

Estava nítido que Shivani não queria falar com ela, então ela não forçaria uma situação para gerar ainda mais desagrado, mesmo se sentindo confusa em relação a tudo. O que acabava piorando tudo mais um pouquinho, era o fato de não ter ninguém com quem desabafar.

Todas as pessoas que conhecia e tinha pelo menos um pouco de intimidade além de Krystian, eram seus colegas de trabalho mas a garota não podia contar para nenhum deles.

Se contasse para Krystian, estaria morta já que ele deixou bem claro que ela não deve se envolver com Shivani nesse sentido.

Para Heyoon não podia contar, a baixinha tinha a língua mais solta do que sapo perto de mosca. Any e Sabina estavam fora de cogitação, eram as duas melhores amigas de Shivani e sua patroa havia flagrado as duas, com certeza Sabina já sabe e isso a fazia corar todos os dias ao entrar na cozinha e desviar o olhar quando percebia que a Chef ou a patroa estavam olhando em sua direção.

𝘚𝘱𝘳𝘪𝘯𝘨 𝘈𝘸𝘢𝘬𝘦𝘯𝘪𝘯𝘨 - 𝘚𝘩𝘪𝘷𝘭𝘪𝘯 Where stories live. Discover now