𝘚𝘱𝘳𝘪𝘯𝘨 𝘈𝘸𝘢𝘬𝘦𝘯𝘪𝘯𝘨 - 𝘚𝘩𝘪𝘷𝘭𝘪𝘯

Capítulo 15: Occasion

Ensejo(s.m.): Oportunidade, situação propícia; situação que gera possibilidade.

"Os dados reais da vida não tem valor para o artista, são unicamente um ensejo para manifestar seu gênio." - À Sombra das Raparigas em Flor

Narrator's Point Of View

Se a maresia não estava boa para Joalin, para Krystian estava menos ainda. Ignorar alguém que tenha nos cativado é algo dolorosamente cansativo, ainda mais quando tem mais mil coisas acontecendo ao nosso redor nos dando aquela sensação gradual de perda de controle. Krystian estava quase no ponto de arrancar os cabelos.

Desde o foodstruck, Bailey vinha o perseguindo no sentido literal da palavra, seja lá onde Krystian fosse, o souschef aparecia para olhá-lo de longe com os olhos castanhos tristes que faziam o coração do professor apertar, mesmo assim ele não dava o braço a torcer.

Era orgulhoso demais para simplesmente deixá-lo entrar em sua vida novamente sem nem uma explicação plausível para suas prévias atitudes que tanto o machucaram. Ignorava mesmo, ignorava sua presença sem vergonha alguma, mesmo que isso estranhamente lhe doesse o peito.

Se Bailey realmente o quisesse, devia se arrepender do que fez e ser homem para colocar tudo em pratos limpos ao invés de querer bancar a sombra. Mas quem dera que o souschef do Doucement e os sentimentos do rapaz para com ele fossem as únicas coisas que o açoitassem.

- Já é a terceira vez que você me pergunta isso nesta semana, como se a minha resposta fosse mudar de um dia para o outro. - Joalin respondeu nitidamente irritada com sua insistência. O rapaz bufou .- Eu não falo com ela, Krystian. Eu sequer mantenho um mínimo contato com Shivani além de palavras cordiais quando nos esbarramos no restaurante e olhe lá! Por que você tanto pergunta sobre isso se já sabe a resposta que eu vou te dar?

- Porque eu vou insistir até você me falar a verdade!

Com toda essa insistência, ele fazia com que Joalin enfurnasse ainda mais Shivani em seus pensamentos, mesmo que suas intenções fossem totalmente opostas à essa ideia.

- Mas essa é a verdade! Qual é a sua dificuldade em compreender isso? Eu não sou tão estúpida quanto pareço, naquele dia no restaurante ela deixou bem claro que não queria nada comigo, por que diabos eu continuaria a falar com ela?

- Você não fala com ela desde o fora no restaurante? Você quer mesmo que eu acredite nisso?

- Por que você não acreditaria? - A garota rebateu com o rosto erguido e os braços cruzados.

O rapaz abriu a boca para falar seguidas vezes mas pensou três vezes antes de deixar as palavras saírem, fechando as mãos com força e mordendo a língua para se controlar.

Joalin, por sua vez, sem nem fazer ideia de um mísero porcento sequer do que se passava na cabeça dele, arqueou as sobrancelhas como se fosse a dona da razão e lhe deu as costas, já fazendo seu caminho para a porta do apartamento.

- Aonde você pensa que vai? - Ele colocou as mãos na cintura e a garota se virou em sua direção, já com a mão na maçaneta.

- Trabalhar. - Ela respondeu como se fosse óbvio. - E não me procure hoje no almoço.

- Por quê?

- Vou sair com Diarra. - Disse isso e bateu a porta com descaso, sem nem olhar para trás.

Assim que a porta bateu com força, o ganido de raiva escapou de sua garganta. Ela havia mentido pela terceira vez naquela semana e ele não estava conseguindo lidar com isso, estava cada vez mais difícil disfarçar e fingir que não sabia de nada.