Capítulo 01

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Quando eu era criança, meu pai vivia dizendo que iria dar uma vida de luxo pra mim e pra minha mãe, que nós duas éramos a mulheres da vida dele! Mas ele nunca conseguiu cumprir com o que havia prometido, a última vez que eu o vi ele estava assustado, com lágrimas nos olhos...

"— Não se preocupa minha princesa, papai volta está bem? Eu vou buscar a sua mãe, mas quero que me prometa que você não vai sair do lado da sua tia, promete isso pra mim querida? Eu volto!"

Essas foram as últimas palavras de ele para mim, ele me prometeu que iria voltar com a minha, mas os dois nunca voltaram.

Mais tarde quando eu estava mais velha, minha tia acabou me contando toda a verdade, o motivo pelo qual os dois não voltaram. Meu pai era chefe de uma gangue, e foi que causou a morte dele e da minha mãe, minha tia também me contou que antes de conhecer meu pai, minha mãe era prostituta e quando os dois se conheceram, eles se apaixonaram e meu pai a arrancou daquela vida e ela o agradecia todo dia por isso, ela me disse que quando eu nasci, os dois ficavam horas na frente do meu berço montando planos. Minha última lembrança que tenho deles foi de quando eu tinha apenas oito anos de idade, uma criança inocente que ficava na frente de casa quase todo dia esperando o pai e a mãe retornarem, mas agora tenho vinte anos e quando entro em casa, nem sequer olho para trás.

Meu dia a dia se resumia em ajudar minha tia em sua loja que ficava praticamente na frente de casa. Já era meio dia e eu estava cumprindo meu horário ali até minha tia chegar.

— Amy, querida olha só o que eu tenho aqui.

Ela coloca um panfleto em cima do balcão e o empurra para perto de mim, era um panfleto de uma universidade.

— Eu já disse que não tia. — Empurro o panfleto de volta.

— Mas Amy, você já completou seus estudos, suas notas eram tão altas, uma moça inteligente como você podia ganhar uma boa oportunidade em uma universidade.

— Não vamos ter essa conversa de novo, não é não!

— Eres como tu padre, eres tan terco como él! Cuando pones algo en tu cabeza, no puedes quitártelo

— Tia por favor, fala minha língua.

— Eu disse que você é igual ao seu pai, você é tão teimosa quanto ele! Quando põe algo na cabeça, não dá pra tirar! E pare de graça, você sabe falar minha língua também!

— Que bom né que puxei isso dele... Porque se não eu largaria isso tudo e deixaria a senhora sozinha pois sabe que não quero a faculdade...

— Eu sei que se preocupa comigo, você pensa de mais em mim, está na hora de pensar em você...

Nesse mesmo instante, ela começa a tossir sem controle algum.

— Tia!

Saio rapidamente de trás do balcão e vou até ela, faço que ela apoie seu braço em meu ombro e consigo levá-la para de trás do balcão e se sentar na cadeira onde eu estava, deixo ela ali e vou até o bebedouro pegar um copo d'água para ela e ofereço a ela.

— A senhora tomou seus remédios hoje?

— Sabes que no me gustan, todos saben horrible!

— Não tem que gostar dos remédios e também, os remédios com os piores gostos, são os que mais fazem bem para a sua saúde! — Me levanto e vou até a porta da loja. — Eu vou em casa buscar os seus remédios e a senhora vai tomar na minha frente que eu quero ver!

Saio da loja com pressa e atravesso a rua, subo as escadas da pequena varanda e abro a porta, atravesso a sala e vou até a cozinha onde estariam os remédios dela, procuro mais um pouco e quando finalmente os acho, volto para a loja fazendo o mesmo percurso.

— Aqui estão eles, agora a senhora vai tomar eles na minha frente, vou ter que ficar vigiando que nem falcão agora? — Abro a pequena caixa e tiro um comprimido de dentro. — Toma, engole junto com a água.

Sem questionar, ela coloca na boca e toma junto com a água como eu havia pedido.

— Muito bem, agora o xarope! — Pego a tampinha do remédio e coloco o líquido dentro. — Abre a boca!

Assim que ela engole, percebo que faz uma careta, realmente o gosto é horrível como ela diz.

— Pronto, agora está claro porque não quero deixar a senhora sozinha? — Pergunto enquanto deixo os remédios em baixo do balcão. — A senhora se recusa a tomar os remédios que lhe fazem bem, se não tomar, a sua saúde vai piorar, se não for eu pra ficar vigiando, quem vai ficar?

Eu me ajoelho no chão e seguro suas mãos em um gesto carinhoso.

— Eu só tenho a senhora, não quero perde-la também, por favor cuide da sua saúde tomando os remédios que o médico mandar!

— ¡Dios mío, lo intentaré!

— Obrigada Tia, eu amo muito a senhora!

— Também te amo minha querida!

Ela se abaixa um pouco e então beija minha cabeça.

Mais tarde de noite:

Hoje o jantar terminou mais cedo, eu tinha acabado de lavar a louça até que sinto falta de minha tia, saio a sua procura pela casa e a encontro em seu quarto, ela dormia profundamente e eu poderia ficar mais tranquila, saber que ela estaria dormindo em sua cama do que andando pela casa enquanto tossia e se negava a tomar seus remédios.

Com ela dormindo, eu poderia sair de casa como eu fazia toda a noite. Começo a apagar todas as luzes da casa antes de sair, tento sair fazendo o máximo de silêncio possível para não acordar minha tia. Assim que termino de trancar a porta, desço as escadas da varanda e vou em direção ao outro lado da rua, eu fazia isso toda noite depois que ela dormia, meu destino de sempre era o centro da cidade.

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